UFSC na mídia: transporte marítimo envolve discussão sobre modelo de negócio e preço de tarifas
Primeira etapa de um processo que promete ser longo e burocrático, a emissão pela Fatma da LAP (Licença Ambiental Prévia) para o terminal marítimo intermunicipal da Grande Florianópolis retoma a discussão sobre a viabilidade de uma linha regular de passageiros entre os municípios da região. Uma das principais questões que envolvem o assunto é a viabilidade empresarial da atividade. Como garantir que o negócio seja rentável ao empreendedor e, ao mesmo tempo, pratique uma tarifa justa e acessível ao contribuinte? E que seja um dos atrativos para que ele deixe o carro em casa – ou troque o ônibus pelo barco – e faça diariamente a travessia. Integrante do grupo da UFSC que participa do processo de implantação do Plamus (Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis), o professor Bernardo Meyer acredita que, inicialmente, o sistema consiga praticar preços que sejam competitivos com o patamar executivo. Nesta conversa com a coluna, ele fala um pouco sobre algumas questões que envolvem a ligação da região pelo mar. “O grande filé mignon é ligar o Kobrasol ao Centro de Florianópolis”, diz.
Como viabilizar financeiramente o transporte marítiimo intermunicipal? A passagem não pode ser cara, não é?
O custo da operação do transporte marítimo é bem mais alto do que o custo da operação de ônibus. Por outro lado, não tem o custo da infraestrutura. Não precisa fazer a PPP que o governo estava querendo fazer para o transporte urbano. Já tem as “vias pavimentadas” pelo mar. Agora, sobre a modicidade: não acredito que o transporte marítimo intermunicipal consiga uma tarifa competitiva com o ônius de linha normal logo de cara. De início, penso que o empresário que fizer o teste vai conseguir praticar um preço competitivo com o amarelinho.
E qual o público que seria potencial cliente?
De início, no projeto experimental, acho que estamos falando de uma coisa complementar. Uma estratégia para fazer com que as pessoas deixem seus carros em casa e façam essa travessia. O contrato ‘precário´, para testes, vai nos dar dados, ao final da experiência: se o negocio é viáve ou não, se depende de subsídio. Se a conclusão for que o negócio é rentável, o governo do Estado, via Deter, vai ter que decidir se licita ou não. Se for inviável, tem duas alternativas, ou não licita ou entra com subsídio.
Normalmente, o transporte marítimo funciona com subídio?
Depende da localidade. No Rio de Janeiro, por exemplo, está tendo um problema agora com a empresa SSR, que faz a travessia Rio-Niterói. Lá, a distância é menor do que a nossa. Aqui, Kobrasol-Florianópolis são 7 quilômetros, até o último ponto. Lá, da praça Mauá ao centrinho de Niterói, são de 3 as 4km. Aqui, faríamos de 8 a 15 minutos, dependendo do mar. A empresa está alegando prejuízo e pedindo subsídio oficial. No nosso projeto de integração intermunicipal, via ônibus, estamos trabalhando sem a ideia de subsídio. A ideia é a tarifa pagar o custo do sistema. É assim que o Cássio Taniguchi quer que a gente planeje o sistema. Entendo que o governo do Estado vai usar a mesma lógica na discussão sobre o transporte marítimo. A ideia é a tarifa pagar o custo da atividade.
O espaço da Baía Sul, próximo ao CentroSul, já estaria apropriado para receber os passageiros que chegariam de barco?
Não. Precisaria de uma adequação. A ideia é que algumas linhas do transporte público mun icipal passem por dentro da Nego Quirido e o Centro Sul e pegassem as pessoas.
O que faria as pessoas deixarem o carro em casa e optarem pelo barco para irem ao trabalho diariamente?
O atrativo, para quem usaria no dia-a-dia, é evitar os engarrafamentos da ponte. Pensando no tempo que a gente perde de carro, fazer o trajeto em até 15 minutos é um atrativo. Eu acho que pega, acredito muito nesse projeto. Não como uma solução definitiva para a mobilidade urbana, mas como uma das soluções integradas.
Fonte: Ndonline, de 19/6/2017