Laboratório da UFSC integra programa que monitora branqueamento de corais no Brasil

25/06/2024 09:54

Com a perda da coloração, os corais exibem o esqueleto calcário, tornando-se vulneráveis. Foto: Projeto Coral Vivo/Divulgação

A costa brasileira enfrenta um grave problema ambiental que ameaça a biodiversidade marinha e o equilíbrio ecológico do litoral: o branqueamento de corais. Esse fenômeno ocorre devido à elevação da temperatura da superfície do oceano, resultando na expulsão de microalgas que vivem dentro dos corais e são essenciais para sua sobrevivência. A situação já é crítica em estados como Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia. Em Santa Catarina, embora o cenário seja menos severo, alguns sinais de alteração na coloração dos corais foram observados na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, onde o Laboratório de Ecologia de Ambientes Recifais (LabAR) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realiza monitoramento.

A relação entre os corais e as microalgas, chamadas zooxantelas, ocorre de forma simbiótica. Enquanto estas contribuem para a produção de nutrientes para o ecossistema, aqueles fornecem abrigo e proteção. Sem as zooxantelas, os corais perdem sua coloração e exibem o esqueleto calcário aparente sob os tecidos, ficando vulneráveis. Pesquisas recentes indicam que o fenômeno de branqueamento de corais já atingiu níveis alarmantes em várias partes do Brasil em 2024. Em Rio do Fogo (RN), a situação é extrema, com cerca de 80% a 85% de branqueamento. Em Ipojuca (PE), o cenário é ainda mais crítico, com mais de 90% das colônias de corais branqueadas e temperaturas que chegaram a 40°C. Fernando de Noronha (PE) também registrou um alerta de branqueamento severo, com 95% dos corais atingidos na Baía dos Golfinhos. Na Reserva Extrativista Marinha do Corumbau (BA), até 30% das colônias da espécie Mussismilia harttii apresentaram o problema.

Esses levantamentos foram realizados pelo Projeto Coral Vivo, uma iniciativa que, além de monitorar o branqueamento dos corais, também organiza uma rede de pesquisadores de todo o país visando ao acompanhamento dos recifes e formas de aumentar a proteção ao ecossistema. Ao todo, estão sendo monitorados 20 pontos estratégicos ao longo da costa brasileira, em uma área que se estende desde o Ceará até Santa Catarina, o ponto mais ao sul do país com ocorrência de corais zooxantelados formadores de recifes.

Ilha do Galé, na Reserva do Arvoredo. Foto: Ricardo Castelli Vieira/ICMBio

No estado, a professora Bárbara Segal, do Departamento de Ecologia e Zoologia e coordenadora do LabAR, é a líder do monitoramento na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, localizada entre os municípios de Florianópolis e Bombinhas. Há cerca de cinco anos, o laboratório realiza a atividade em parceria com a equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) responsável pela gestão da Reserva, que abriga as Ilhas do Arvoredo, Galé, Deserta, Calhau de São Pedro e uma grande área marinha que circunda esse arquipélago.

Em abril, após uma forte onda de calor marinho, as equipes do laboratório e da Unidade de Conservação estiveram em campo, na Ilha Galé, e verificam somente pequenos sinais de alteração de cor nas colônias da única espécie de coral zooxantelado na região, a Madracis decactis. Constatou-se que os corais no litoral catarinense ainda não apresentam branqueamento e, aparentemente, as colônias monitoradas se mantêm saudáveis. “Havia apenas pequenas manchas em uma ou duas colônias, que são indicativos de perda parcial das células simbiontes, provavelmente relacionada a estresse térmico recente”, avaliou a professora Bárbara. A próxima etapa é uma análise comparativa de uma série temporal de imagens desses mesmos locais.
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Seminário discute impacto de ondas de calor em recifes de corais

18/09/2023 14:28

O Programa de Pós-Graduação em Oceanografia e o Laboratório de Extremos Climáticos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promovem um seminário sobre o impacto de ondas de calor marinhas em recifes de corais do Atlântico Tropical, com a pesquisadora do Institut de Ciències del Mar de Barcelona, Camila Artana. O evento ocorre nesta terça-feira, 19 de setembro, das 9h às 10h, no auditório do Programa de Pós-Graduação em Química, no Campus de Florianópolis. 

A atividade é gratuita e aberta a todo o público. Não é necessário realizar inscrições.

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Projeto Ciência no Bar realiza live sobre os recifes de corais

26/10/2020 17:04

Na próxima quinta, dia 29 de outubro, às 19h, o professor Guilherme Longo e a doutoranda Amana Garrido trarão suas experiências em pesquisas atuais sobre as comunidades recifais para um bate papo com a equipe do Ciência no Bar, Bárbara Segal (cientista recifal) e Pablo Amorim (cientista do clima). A live será transmitida no canal do YouTube do projeto Ciência no Bar: https://www.youtube.com/channel/UCciFXh1UVV1liHSzBWI-3FQ. Os recifes de corais são importantes para a vida marinha e várias atividades humanas, como a pesca e o turismo.

Guilherme Longo é doutor em Ecologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e professor no Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde desenvolve atividades de pesquisa e divulgação científica na área de ecologia marinha. Com apoio do Instituto Serrapilheria, tem desenvolvido pesquisas sobre impactos das mudanças globais sobre os recifes brasileiros e atividades de divulgação científica com uso de mídias sociais e parcerias com mergulhadores recreativos, desenvolvendo ciência-cidadã através da plataforma #DeOlhoNosCorais.

Amana Garrido é doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, IB-UFRJ, e bolsista pelo Programa Bolsas Funbio – Conservando o Futuro. Investiga os efeitos de impactos das mudanças globais sobre a simbiose entre corais e zooxantelas, realizando também levantamentos e monitoramentos da diversidade de zooxantelas e da reprodução de corais que só existem no Brasil. Desenvolve suas pesquisas no Laboratório de Biodiversidade de Cnidaria, no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem/UFRJ).

O Ciência no Bar é um projeto de divulgação científica promovido por uma professora e três alunos de pós-graduação da UFSC.
Site do evento: https://youtu.be/Y4G_AXwqnVk

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