Perfil do graduando UFSC: série apresenta resultados de pesquisa nacional realizada com estudantes
O acesso ao ensino superior gratuito no Brasil ainda está em processo de democratização. A exclusão histórica de pobres, pretos/pardos/indígenas, deficientes físicos entre outros é um retrato complexo a ser revertido. Este cenário está em constante mudança deste a aprovação da Lei de Cotas (nº 12.711) que, a partir de 2012, passou a reservar 50% das vagas em cursos de universidade institutos federais para estudantes que realizaram o ensino médio na rede pública.
Para analisar como a Lei de Cotas (nº 12.711/2012), o Estatuto da Juventude (nº 12.852/2013) e as Políticas de Ações Afirmativas têm se comportado nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFEs), a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes) tem realizado pesquisas para identificar o perfil socioeconômico e cultural do graduando. Conforme o pró-reitor de Assuntos Estudantis da UFSC, Pedro Luiz Manique Barreto a pesquisa é extremamente importante porque apresenta um raio-x da realidade social e socioeconômica que serve de base para definir as políticas de permanência estudantil e para entender quais são as principais características e necessidades dos estudantes. “Os dados apresentados demonstram a democratização do acesso e indicam fatores como os benefícios de atividades físicas para os estudantes”, destacou. Um dos dados apresentados pela pesquisa que surpreendeu o pró-reitor é o indicativo relacionado ao número de alunos que entram na universidade por meio de ações afirmativas e são os primeiros integrantes da família a cursarem o ensino superior, “cerca de 66% dos alunos que entram na UFSC através de ações afirmativas apresentam essa característica”, enalteceu.
A V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das IFEs, edição de 2018, identificou um universo de mais de 1,2 milhão de estudantes de 65 IFEs, sendo 63 universidades e dois Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), e contou com 424.128 respondentes, sendo que da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) participaram 34.205 graduandos, o que representou 2,8% do total de respondentes.
O Relatório Executivo que apresenta os dados da realidade brasileira foi divulgado este mês. Para apresentar os achados da pesquisa, a Agência de Comunicação da UFSC (Agecom) preparou uma série composta por quatro reportagens especiais. A primeira vai abordar, de maneira geral, os dados encontrados na pesquisa que definem o perfil do graduando do Brasil e da UFSC, tais como faixa etária, cor/raça, orientação sexual/gênero. A segunda vai versar sobre a relação de trabalho e tempo para os estudos, como moram os estudantes, como se constitui sua renda, origem familiar e deslocamento até a universidade. A terceira reportagem falará sobre o histórico escolar desses estudantes, como se deu o ingresso na universidade e aspectos da vida acadêmica e atividades culturais. A última delas vai tratar de assuntos delicados, mas relevantes, tais como as dificuldades estudantis e emocionais, saúde e qualidade de vida.
Definida pelo Estatuto da Juventude como um direito de todos, a educação superior ainda é um sonho distante para muitos jovens. A democratização deste acesso, principalmente por meio da implantação de políticas que permitem o ingresso e a permanência desses estudantes, tem mudado o perfil dos graduandos no Brasil.
A pesquisa divulgada este ano revelou que o perfil racial do estudante das IFEs brasileiras mudou: do universo pesquisado, 51,2% dos estudantes são pretos/pardos/quilombolas. O número de indígenas aldeados dobrou da pesquisa de 2014 para a de 2018. Na UFSC, 77,7% dos respondentes são brancos; 12,9% se declaram pardos; 5,3% pretos; e 0,5% indígenas.
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