Estudo desenvolvido na UFSC revela relação de colesterol alto com depressão e perda de memória

31/10/2019 07:52

Estudo in vivo e in vitro. Arquivo pessoal de tese.

O colesterol alto hereditário (hipercolesterolemia familiar) está relacionado diretamente com a redução do número de novos neurônios, chamado cientificamente de neurogênese adulta. Esse fator se torna um potencial ao desenvolvimento de depressão e à perda de memória em seres vivos. Esses foram os principais achados da pesquisa de doutorado de Daiane Fátima Engel, Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e publicado recentemente na revista científica Molecular Metabolism.

O artigo Impaired adult hippocampal neurogenesis in amouse model of familial hypercholesterolemia: Arole for the LDL receptor and cholesterolmetabolism in adult neural precursor cells foi liderado pela professora Andreza Fabro de Bem, orientadora de Daiane e vinculada ao Departamento de Bioquímica da UFSC, e contou com a participação de mais duas pesquisadoras da UFSC (Jade de Oliveira e Patricia de Souza Brocardo) e quatro pesquisadores vinculados ao Centro Alemão de Doenças Neurodegenerativas (German Center for Neurodegenerative Diseases – DZNE).

Hipercolesterolemia e doenças vasculares são campos de pesquisa de Andreza que, por volta de 2005, começou a investigar também os efeitos do colesterol no sistema nervoso, tais como memória e aprendizado. “No laboratório começamos a pesquisar a relação da demência com os transtornos depressivos. Buscamos alguma alteração celular no cérebro dos camundongos nocaute que pudessem explicar dois comportamentos: perda de memória e comportamento tipo depressivo”, recorda Daiane.

Há uma região no cérebro chamada de hipocampo que controla essas duas características no sistema nervoso. A particularidade dessa estrutura é armazenar as lembranças, processo que só é possível em decorrência das sinapses (encontro entre dois neurônios), além de conter células-tronco mesmo na fase adulta. “Temos células precursoras neurais adultas que, durante toda a vida, são capazes de se diferenciarem em novos neurônios e melhorar esse processo de aprendizado, memória e regulação do humor”, explica Engel.

A redução na formação de novos neurônios acontece naturalmente à medida que envelhecemos, entretanto a pesquisa revelou que essa redução por causas metabólicas pode acelerar o processo e desencadear casos de demência e depressão muito mais cedo. “Um distúrbio metabólico não somente pode favorecer o aparecimento de doenças cardiovasculares, mas também pode afetar o sistema nervoso central, e isso se torna um problema de saúde pública importante”, enaltece Daiane.
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