Estudo desenvolvido na UFSC analisa informações sobre açúcares na rotulagem de alimentos industrializados

14/06/2021 11:04

Legislação no Brasil não prevê a declaração quantitativa dos açúcares na informação nutricional dos rótulos. Crédito: Mehrad Vosoughi/Unsplash

Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN), no âmbito do Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (Nupre) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), teve como objetivo avaliar as informações sobre os açúcares na rotulagem de alimentos industrializados comercializados no Brasil e investigar formatos de rotulagem que sejam compreensíveis e auxiliem consumidores brasileiros nas suas escolhas alimentares.

Realizada com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a pesquisa é resultado da tese de doutorado defendida pela nutricionista Tailane Scapin, em maio deste ano, sob orientação da professora Rossana Pacheco da Costa Proença e coorientação da professora Ana Carolina Fernandes. O estudo ainda foi orientado pelos professores Bruce Neal e Simone Pettigrew, do The George Institute for Global Health, associado à University of New South Wales em Sidney, Austrália, onde a Tailane realizou estágio de doutorado sanduíche entre agosto de 2019 e março de 2021.

“O interesse pelo tema surgiu durante a realização do meu mestrado, quando percebemos que, embora houvesse um vasto uso de açúcares nos alimentos industrializados, a legislação brasileira de rotulagem de alimentos não cumpria o seu papel em informar os consumidores sobre esses açúcares. Junto a isso, o Nupre foi convidado a compor os grupos de trabalho de discussão da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para melhorias na rotulagem de alimentos, incluindo a declaração dos açúcares”, informou Tailane, que após a defesa da tese foi selecionada para um pós-doutorado na Austrália.

Etapas da pesquisa

Devido aos efeitos adversos à saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda limitar o consumo de açúcares para menos de 10% das calorias diárias – o que representa 50g para uma dieta padrão de 2.000 kcal. Os açúcares são frequentemente adicionados em alimentos industrializados, tornando esses alimentos uma das principais fontes de consumo de população mundial. No Brasil, a legislação de rotulagem de alimentos em vigor não prevê a declaração quantitativa dos açúcares na informação nutricional dos rótulos, sendo a lista de ingredientes a única forma de identificação da adição de açúcares nos alimentos industrializados. Entretanto, os fabricantes de alimentos utilizam diferentes tipos de açúcares em seus produtos, o que dificulta a identificação desses componentes. Neste estudo, quatro etapas foram realizadas investigando questões relacionadas aos açúcares e à rotulagem de alimentos.

Na primeira etapa, por meio do desenvolvimento de um método, foi possível quantificar o conteúdo de açúcares adicionados em 4.805 alimentos disponíveis para a venda no maior supermercado de Florianópolis. Os resultados demonstraram o vasto uso de açúcares nesses produtos. A segunda etapa envolveu uma revisão de literatura para identificar quais formatos de rotulagem de açúcares eram mais facilmente entendidos pelos consumidores e, também, estimularam a escolha de alimentos com menos açúcares. Foi possível constatar que os consumidores têm mais facilidade em entender as informações de açúcares e de escolher alimentos com menor teor de açúcares quando formatos de rotulagem mais interpretativos eram utilizados. Por exemplo, formatos com símbolo de alertas e indicação de “alto em açúcar” foram mais eficazes.
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