Professor visitante da UFSC faz parte de grupo que encontrou a ‘mítica’ partícula de odderon, procurada há quase 50 anos

05/04/2021 14:23

Roman Pasechnik é professor visitante do Programa de Pós-graduação e Física da UFSC e pesquisador da Universidade de Lund. Foto: Gunnar Ingelman

Foram 48 anos de buscas que envolveram pesquisadores de todo o mundo até que, finalmente, fossem encontradas evidências da partícula de odderon – um elemento um tanto estranho, chamado de esquivo e até de mítico pela comunidade científica internacional e que, apesar do nome, na verdade, não é bem uma partícula (mas a gente já fala sobre isso). A descoberta, descrita em artigo publicado na revista científica The European Physical Journal C, envolveu uma extensa análise de dados experimentais do Grande Colisor de Hádrons do CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), localizado na fronteira entre a Suíça e a França, e do Tevatron, antigo acelerador de partículas do Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), dos Estados Unidos. O trabalho foi conduzido por um grupo de pesquisa sueco-húngaro, do qual faz parte Roman Pasechnik, professor visitante do Programa de Pós-graduação em Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pesquisador de física de partículas da Universidade de Lund, da Suécia.

O caráter internacional do achado remete à sua origem. A existência da partícula de odderon foi proposta em 1973 pelo romeno B. Nicolescu e pelo polonês L. Lukaszuk, que, na época, trabalhavam na França e publicaram o estudo em um periódico italiano. Os cálculos dos dois físicos indicaram que havia uma quase-partícula até então desconhecida, o que desencadeou uma caçada mundial.

O “quase” ali de cima significa que o odderon não se trata de uma partícula propriamente dita, como são os prótons, elétrons e nêutrons, por exemplo. As quase-partículas podem ser melhor descritas como fenômenos que ocorrem nesses sistemas microscópicos. No caso, o odderon é algo que se forma brevemente quando prótons se chocam em colisões de alta energia e, em vez de se estilhaçar, ricocheteiam e se espalham. “Nós o observamos indiretamente apenas como um estado multiglúon virtual sem massa bem definida e existindo apenas em uma escala de tempo minúscula”, explica Pasechnik.
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