Livro da EdUFSC mostra o humor usado pelo Império como arma na Guerra do Paraguai

02/07/2018 12:34

Escrita por um jornalista e doutor em História Ibero-americana pela PUC do Rio Grande do Sul, A batalha de papel, livro publicado pela Editora da UFSC, mostra como o arsenal satírico da imprensa ilustrada da Corte de D.Pedro II foi acionado para deformar a imagem do Paraguai e fincar as raízes da carga de preconceito que ainda recai sobre o país guarani, 140 anos depois do final da Guerra.

Resultado da análise de 202 charges publicadas no Rio de Janeiro, entre 1864 e 1870, a obra de Mauro César Silveira também revela que o jornalismo brasileiro contribuiu para reforçar uma conhecida história oficial – aquela que define o episódio como a cruzada civilizadora a libertar um povo oprimido por um tirano cruel e sanguinário, o então presidente Francisco Solano López. Trata-se de um documento histórico de resgate sobre o período da chamada Guerra do Paraguai, em que morreram pelo menos 600 mil soldados entre 1864 e 1870.

O conflito (1864-1870) foi o maior empreendimento bélico da história brasileira e o esforço do governo imperial para conquistar apoio ao envio de tropas contra o país vizinho envolveu escritores, jornalistas e até artistas plásticos, entre eles os maiores cartunistas da época.

Para revelar esse lado pouco conhecido da campanha antiparaguaia, Mauro Cesar Silveira mergulhou nos arquivos imperiais e analisou as revistas ilustradas do Rio de Janeiro, principal meio de informação dos 15 por cento de brasileiros alfabetizados no reinado de D. Pedro II. A pesquisa exaustiva resultou na seleção de 202 caricaturas que fazem referência direta ao inimigo.

Os desenhos expressam a imagem desdenhosa do Paraguai que criou raízes durante a guerra e que até hoje sobrevive na memória coletiva dos brasileiros. O paraguaio Solano López, principal personagem das charges reproduzidas neste livro, é retratado sempre como um tirano sádico e sanguinário. Os soldados inimigos aparecem desumanizados, como ratos medrosos. Já o Brasil é apresentado, pelos maiores chargista da Corte, como o portador da nobre tarefa de levar a civilização ao solo guarani.

A batalha de papel mostra em detalhes como se realizou essa gigantesca manobra de manipulação ideológica, moldando um preconceito que até hoje dificulta uma reconciliação entre os dois povos sobre os alicerces do respeito e da justiça.

Mauro César Silveira, natural de Porto Alegre. Trabalhou nos jornais Diário de Notícias, Zero Hora e Folha da Manhã, todos de Porto Alegre, e nas revistas Veja e IstoÉ, entre outros.

O livro também oferece a receita de uma grande reportagem, com os ingredientes de um trabalho investigativo, observa o jornalista André Pereira.

Segundo André Pereira, a A batalha de papel faz também surgir nas entrelinhas, respeitando-se o tempo, claro, a pergunta feita pela sociedade nos dias de hoje: a imprensa está mesmo retratando com fidelidade os fatos reais?  Ou mesmo com as ferramentas digitais oferecidas pela modernidade se vale do mesmo jornalismo ufanista do século passado diante do oficialismo?

 

Tags: A batalha de papelEdUFSCGuerra do ParaguaiMauro César Silveira

EdUFSC lança livros sobre a Guerra do Paraguai e a Filosofia inglesa

02/07/2015 16:43

strawson2A Editora da UFSC (EdUFSC) acaba de lançar Ensaios sobre a filosofia de Strawson. O livro, organizado pelo professor de Filosofia da UFSC, Jaimir Conte, e por seu aluno de doutorado, Itamar Gelain, reúne uma série de reflexões sobre P. F. Strawson, professor da Universidade de Oxford, morto em 2006. A obra inclui ainda dois artigos de Strawson traduzidos por Conte e Gelain que ainda não haviam sido publicados no Brasil.

Strawson ganhou fama em 1950 graças às suas críticas à obra de Bertrand Russell. É também conhecido pela reconstrução analítica dos argumentos de Kant na Crítica da Razão Pura e pela defesa de uma reabilitação da metafísica como disciplina filosófica.

Na edição lançada pela EdUFSC, as ideias de Strawson são abordadas por pesquisadores brasileiros e comentadores ligados a universidades norte-americanas, uruguaias, darcy2espanholas, italianas e polonesas.

Outro destaque da EdUFSC é o relançamento de A Batalha de Papel – a charge como arma na Guerra do Paraguai, de Mauro César Silveira, que apresenta um estudo sobre as charges publicadas em jornais satíricos do Segundo Império a respeito da Guerra do Paraguai. Silveira, que é professor de Jornalismo na UFSC e durante muito tempo trabalhou em redações de grandes veículos de imprensa brasileiros, mostra como essas charges consolidaram estigmas e preconceitos que até hoje pesam sobre o Paraguai. Entre outros achados, a pesquisa localizou séries de charges que contam pequenas histórias, as quais são precursoras dos quadrinhos e problematizam a ideia de que o gênero teria surgido algumas décadas mais tarde nos Estados Unidos.

 

Novidades e lançamentos da EdUFSC podem ser acessados no site.

Tags: A batalha de papelA Batalha de Papel – a charge como arma na Guerra do ParaguaiEdUFSCEnsaios sobre a filosofia de StrawsonItamar GelainJaimir ConteMauro César Silveira