‘História Oral’ pela metade do preço na Feira da EdUFSC
Obra plural, construída por autores de diversas instituições e várias regiões, oriundos de três países (Brasil, Canadá e Argentina), o livro História Oral, desigualdades e diferenças encarna o desafio de “pensar historicamente as formas ambíguas e contraditórias de representação do real, assim como as faces múltiplas de tradução sociocultural das diferenças e dos conflitos vividos, especialmente aqueles situados em espaços entre fronteiras culturais e nacionais”. Publicada com o selo das editoras das Universidades Federais de Santa Catarina (EdUFSC) e de Pernambuco (Editora Universitária UFPE), organizada por cinco pesquisadores e escrita por 16 autores, a obra articula discussões temáticas centradas em perspectivas e abordagens multidisciplinares e outras experimentações metodológicas da práxis da história oral. O livro História oral pode ser adquirido com 50% de desconto na 17ª Feira da EdUFSC, no Centro de Convivência da Universidade, onde será oferecido por R$ 20,00 até o dia 12 de setembro.
Produção coletiva e transdisciplinar, a obra é resultado de seis “núcleos temáticos”: Fontes orais e o ofício do historiador; História oral, memória e subjetividade; História oral, cidades e diferença; História oral, desigualdades e movimentos sociais; Migração, memória e identidade; e História oral, ensino e diferença. A organização dos textos exigiu um enorme “esforço de cooperação dialógica de caráter interinstitucional” dos autores e, sobretudo, por parte dos seis coordenadores: Robson Laverdi, Méri Frotscher, Geni Rosa Duarte, Marcos F. Freire Montysuma e Antonio Torres Montenegro.
O eixo temático foi, em parte, delineado pelo V Encontro Regional Sul de História Oral, realizado em 2009 na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Os organizadores avisam, no entanto, que, no seu conjunto, “o conteúdo reflete muito a energia reflexiva de troca de experiências mobilizadas em prol da história oral no âmbito desses intercâmbios”. O livro nasceu da “proposição de discutir, de maneira mais articulada, as dimensões multirrelacionais da compreensão da oralidade e das fontes orais como um todo, no interior e a partir da riqueza de processos de produção da cultura e da vida social.
Entre os organizadores da obra, o professor do Curso de História e integrante do Programa de Pós-Graduação de História da UFSC, Marcos Fábio Freire Montysuma apresenta um artigo ancorado na sua própria história de historiador. Aqui o ex-assessor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (Acre), discute as intermediações entre pesquisa histórica baseada em história oral e subjetividades. Montysuma propõe “uma prática de pesquisa militante”, já que se considera “envolto nas questões do seu cotidiano”. Ele recupera, de forma criativa e contextualizada, três momentos cruciais da sua vida acadêmica. “Não vejo nenhum problema em assumir paixões na prática da história oral”, confessa, e acrescenta: “é por meio de olhares questionadores lançados pela janela da história que buscamos alcançar respostas que nos satisfaçam, dividindo a construção da dignidade com as pessoas”. No seu artigo, enfatiza que o trabalho do historiador “envolve uma ideia de pertencimento com os sujeitos, com o tempo do historiador”. Entende que o resultado da pesquisa deve retornar às fontes pesquisadas. Condena, por exemplo, os pesquisadores “que nunca mais voltam para dar satisfações dos escritos publicados”. O autor tem como parâmetro a professora Yara Aun Khoury, que procura “retirar a história do campo da erudição neutra e da mera especulação do passado, trazendo-a para o campo da política”.
Neste sentido, a obra é coerente, abarcando temas culturais, sociais, econômicos e políticos. Aborda desde os movimentos sociais até as questões de gênero. Perfilam, ao longo das 333 páginas, os trabalhadores sem terra, as quebradoras de coco, as organizações sociais, os movimentos migratórios nacionais e internacionais, as favelas, os quilombolas, a escola e a universidade. Os campos da pesquisa abarcam diferentes estados brasileiros e narram experiências também do Canadá e da Argentina. A pesquisadora Bibiana Andrea Pivetta, da Argentina, pleiteia a incorporação da memória no ensino da História, entendendo a “história oral como meio para aprender a heterogeneidade de experiências e os conflitos nas relações sociais”. Seria, certamente, um passo necessário para a sonhada valorização da História Oral e uma justificativa a mais para a edição do livro.
Mais informações:
(48) 3721-9408;
Diretor Fábio Lopes (flopes@cce.ufsc.br).
Moacir Loth / Jornalista da Agecom / UFSC
lothmoa@gmail.com