Administração da UFSC discute greve e expansão com lideranças estudantis

19/08/2011 10:40

Numa reunião em que o respeito foi predominante, o reitor Alvaro Toubes Prata se encontrou ontem (18) com a direção do Diretório Central do Estudantes e alunos acampados no Hall da reitoria para discutir a situação da instituição diante da greve dos servidores técnico-administrativos, que começou no dia 6 de junho e vem afetando parcialmente as atividades universitárias. Na primeira parte da reunião o reitor ouviu atentamente a comissão.

O DCE, que pediu um posicionamento oficial claro da Reitoria em relação à greve e solicitou a participação das negociações em Brasília, iniciou a conversa com um relato geral da situação crítica da universidade em função da greve dos servidores. Manifestou preocupação com a expansão da qualidade do ensino superior sem a garantia de qualidade; a criação de novos cursos sem condições ideais de funcionamento; reclamou do atraso de obras essenciais e da falta de professores, condenou e exigiu a reversão do corte de vagas no curso de Economia. (Dos 42 professores, 35 aprovaram a redução e dois se abstiveram).

A questão do corte de vagas na Economia permeou e ocupou o maior tempo da conversa no Gabinete. O DCE considera inconsistente o documento elaborado pelo Departamento que, segundo a entidade, não permitiu um debate aberto, e lamentou a tramitação do processo em regime de urgência. Solicitou do reitor o arquivamento em nome de uma política de gestão da instituição.

O reitor sublinhou que respeita as instâncias deliberativas, mas que solicitará um debate mais aprofundado do assunto. “A decisão não será tomada a toque de caixa, nem na calada da noite”, assinalou, ressaltando que defende a reformulação de práticas pedagógicas da universidade.

Os estudantes sublinharam que manterão a mobilização até a revogação da medida. Afirmaram que não se trata de um caso isolado. Segundo eles, outros 20 cursos carecem de professores. Manifestaram ainda preocupação com a situação dos Campi de Joinville, Curitibanos e Araranguá e solicitaram visitas do reitor. Mostraram-se ainda apreensivos com o novo desafio repassado à UFSC de implantar o campus de Blumenau.

Lembraram que parlamentares e entidades representativas estão se manifestado contra os cortes na Economia.

E embora denunciem a precariedade da expansão, reconhecem como positiva a ampliação de vagas nas universidades. Mostraram-se angustiados com as dificuldades enfrentadas pelos alunos com a greve dos servidores, enfatizando o fechamento do Restaurante Universitário e da Biblioteca Universitária e o atraso da obra da nova moradia estudantil.

Apontaram o Centro de Filosofia e Ciências Humanas como ponto crítico e cobraram uma posição da Reitoria. Os estudantes daquele centro e os cotistas, de acordo com  o DCE, são mais vulneráveis em termos socioeconômicos. Além do compromisso público, entregaram um documento reivindicatório, pedindo respostas por escrito.

Alvaro Prata recordou que o corte de vagas, obviamente, não faz parta da Política da UFSC. “Muito pelo contrário, nossa política é de expansão, e nossa posição é institucional e não pessoal. Consideramos que qualquer segmento possa encaminhar propostas aos órgãos colegiados”, completou, reafirmando que nunca se furtou ao diálogo.

Lamentou que durante a tramitação a representação estudantil não tenha pedido vistas do processo, que não se encontra em regime de urgência na Câmara de
Ensino.  “Não concordo que as coisas sejam feitas às pressas. Mas nada é melhor do que um bom argumento para enfrentar um debate”.

Para Prata, a redução de vagas é uma decisão drástica. No entanto, na qualidade de reitor, reafirma que respeita muito as instâncias e as instituições, logo, acata as decisões tomadas nas assembleias. “Não cabe ao reitor impor o seu pensamento aos departamentos. Cabe, isto sim, garantir que os assuntos sejam exaustivamente discutidos”, acrescentou.

Para ele, o arquivamento pelo reitor é uma solicitação de interferência perigosa. A Administração Central tem que respeitar a vontade dos Conselhos. Pedirá aos membros da Câmra e integrantes do curso que a matéria seja melhor discutida. Não deve haver corte sem uma discussão amadurecida”, acrescentou.

Prata também entende que invasões, violência e agressividade perdem legitimidade. “A Universidade é um espaço público e pertence à sociedade. Uma ação não resolve todos os problemas”. Em contrapartida, o DCE esclareceu que não se trata de ocupação e sim de vigília, e que o acampamento será desmontado logo que o reitor responder aos pleitos apresentados.

O reitor salientou que é contra o adiamento do semestre. Isso enfraquece a UFSC perante à sociedade, além de esvaziar o Campus. “Respeitamos o movimento e estamos negociando com o governo uma saída para o impasse”. Destacou as conversas com os diretores dos Centros, argumentando que não dá para uniformizar as situações. “Temos que levar em conta as especificidades de cada unidade”.

A expectativa, de acordo com Prata, é que a greve se resolva a curto prazo. “A possibilidade de uma solução expira no final do mês, quando termina o prazo para o envio de propostas ao Congresso. A universidade não pode entrar em greve. Quem entra em greve são as categorias. Além disso, os professores e estudantes não estão paralisados. É preciso entender que não temos RU e BU por causa da greve”, finalizou.

O DCE quer participar das negociações da Andifes com o Governo. “Pressões a portas fechadas não dão resultado”, salientaram os estudantes. Já o reitor observou que a UNE tem marcado presença em Brasília.

Foto: Wagner Behr

Reunião do DCE com o reitor da UFSC

DCE e reitoria na busca de soluções conjuntas

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