Estudante da UFSC é premiado em evento internacional por criar plataforma de previsão e combate a incêndios florestais

10/10/2025 11:14

Equipe integrada por Ruan com o prêmio conquistado no evento. Foto: Acervo pessoal.

Ruan Molgero, estudante de Ciência da Computação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), integrou, como mentor, uma das equipes premiadas no Hackathon Latam 2025: Quantum for Climate. O evento ocorreu em Montevidéu, no Uruguai, de 1 a 3 de outubro. O objetivo do Hackathon foi explorar como a tecnologia e a inovação podem contribuir para um futuro mais justo e sustentável, seguindo três Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): 6 – Água limpa e saneamento; 11 – Cidades e comunidades sustentáveis; e 13 – Ação climática.

O projeto que rendeu o prêmio de Impacto Sustentável à equipe mentorada por Ruan foi o Quantum Wildfire Brigade (QBrigade), uma plataforma híbrida (clássica-quântica) desenvolvida para otimizar a previsão e o combate a incêndios florestais. A ferramenta funciona em duas frentes: previsão com Inteligência Artificial (IA) e otimização com computação quântica.

Na frente da IA, foi utilizada uma rede neural (ConvLSTM) que analisa dados de satélite, clima e relevo para estimar como o fogo irá se espalhar. Na parte da computação quântica, o problema de decidir a melhor forma de alocar os recursos de combate aos incêndios foi modelado como um problema de otimização (QUBO), utilizando um algoritmo quântico chamado Grover Adaptive Search (GAS) para explorar as possíveis soluções e encontrar a melhor estratégia de contenção, de forma mais rápida que os métodos clássicos.

Entendendo os incêndios florestais como um dos maiores desafios ambientais da atualidade, intensificados pelas mudanças climáticas, Ruan afirma que o trabalho desenvolvido no evento se conecta diretamente com os ODS da Unesco, em especial com o objetivo 13 – Ação climática. “Ao permitir uma resposta mais rápida e eficiente aos incêndios, a plataforma ajuda a reduzir as emissões de carbono, proteger a biodiversidade e salvar vidas, tornando nossas comunidades mais resilientes aos desastres climáticos”, diz.

Outro estudante da UFSC, César Augusto do Amaral, que cursa doutorado em Física, também participou como mentor de outra equipe no Hackathon. A função de mentor, desempenhada por César e Ruan, tem como propósito servir como um guia para os outros alunos participantes, auxiliando nas dúvidas, códigos, apresentação e garantindo a finalização do projeto proposto pelas equipes dentro dos três dias de evento.

O Hackathon Latam 2025 foi uma iniciativa da Universidad de Montevideo (Uruguai), organizada em colaboração com o Open Quantum Institute (CERN), como parte das ações para o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica, declarado pela Unesco, que visa destacar as contribuições da ciência quântica e as aplicações práticas da tecnologia quântica na sociedade.

Segundo o professor do Departamento de Física Eduardo Duzzioni, um dos coordenadores do Grupo de Computação Quântica da UFSC integrado pelos estudantes, o evento tinha como proposta principal aplicar computação quântica em mudanças climáticas. “O tema [das mudanças climáticas] nos traz não apenas novas ideias sobre computação quântica, mas também de aplicações mais reais do que realizamos em um contexto que é de extrema relevância. Isso permite ao grupo ter insights valiosos sobre como implementar uma das tecnologias mais atuais, com um dos problemas mais importantes da atualidade”, destaca.

Conforme o professor, o Hackathon contava com uma seletiva em duas etapas : análise de currículo, que teve cerca de 380 candidatos, e posteriormente um curso preparatório de computação quântica, que contou com 190 participantes. “Inicialmente, ambos os alunos se inscreveram para participar como hackers, mas devido às boas notas obtidas no curso preparatório e a análise de perfil, a organização propôs a mudança para mentores. A seleção deles como mentores mostra o excelente nível dos nossos estudantes”, ressalta Duzzioni.

Para Ruan, além da premiação, o evento foi um oportunidade de aprofundar seus conhecimentos e estabelecer um networking internacional. “Pude fazer ótimas conexões com outros pesquisadores da área de desenvolvimento de software ligados à computação quântica, como por exemplo o professor Alejandro Fernandez, da Universidade de La Plata, que lidera uma rede latino-americana para pesquisa, inovação, formação e desenvolvimento colaborativo no campo da Engenharia de Software Quântico (ESQ), área em que trabalho.”

O projeto desenvolvido pela equipe de Ruan é de código aberto e está disponível gratuitamente para consulta no GitHub do Hackathon Latam 2025.

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