Reitoria da UFSC participa de conferência que entregará carta-manifesto à COP30

26/09/2025 15:21

Vice-reitora da UFSC fala na Conferência Regional da Grande Florianópolis. Foto: Marcos DElboux

A Conferência Regional da Grande Florianópolis, com o tema “Construindo Contribuições Autodeterminadas para a Ação Climática”, reuniu autoridades, pesquisadores e movimentos sociais na noite de quinta-feira, 25 de setembro, no Auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), campus Trindade. Integrada ao festival Planeta.Doc, a etapa teve como foco consolidar propostas que serão levadas à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para ocorrer em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro deste ano.

A iniciativa é promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), presidida pelo deputado Marcos José de Abreu (Marquito/PSOL), com apoio da Escola do Legislativo e da Câmara dos Deputados, representada pelo deputado federal Pedro Uczai (PT). Esta foi a quarta de cinco conferências regionais realizadas em Santa Catarina — já passaram por Lages, Joinville e Criciúma. A última etapa ocorrerá em Chapecó, no dia 3 de outubro de 2025, e o relatório final com as propostas consolidadas será apresentado na Alesc em 20 de outubro.

Ao final dos debates, os participantes aprovaram uma carta-manifesto a ser encaminhada à coordenação da COP30. O documento consolida declarações individuais de cientistas e ativistas presentes em uma síntese coletiva, buscando refletir a pluralidade de vozes da conferência e servir como chamado da ciência diante da crise socioambiental. “Foi uma noite de manifestações impactantes sobre a conjuntura local, os perigos da especulação imobiliária, o ecocídio e suas conexões com problemas globais. Nosso desafio agora é sintetizar esse saber em um documento final e levar essas contribuições para os debates em Belém”, afirmou o deputado Marquito.

Entre os presentes estavam o teólogo e escritor Leonardo Boff; a vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos; a coordenadora de mobilização da Presidência da COP, Luciana Abade; a jornalista e documentarista Monica Linhares, diretora-geral do Planeta.Doc; a cientista cidadã Rosa Maria Miranda; a fundadora e diretora-executiva do Clima de Política, Beatriz Pagy; o coordenador de Advocacy da Plataforma CIPÓ, Murilo Parrino Amatneeks; o reitor da Udesc, José Fernando Fragalli; a vice-reitora do IFSC, Ana Paula da Silveira; o reitor do IFC, Rudinei Kock; o professor Paulo Horta, além do deputado federal Pedro Uczai.

As conferências regionais buscam mobilizar a sociedade catarinense na construção de propostas alinhadas ao Mutirão Global pelo Clima, da COP30, articulando academia, poder público, setor privado e organizações civis. “Queremos envolver diferentes setores para apresentar propostas concretas de enfrentamento à crise climática”, observou Marquito.

Em sua fala, a vice-reitora Joana Célia dos Passos defendeu que a transição climática no Brasil precisa ser também social e territorialmente inclusiva. “Pensar o território brasileiro na sua totalidade significa incluir nos projetos de desenvolvimento todos aqueles grupos que historicamente ficaram à parte”, afirmou, listando “a população indígena, os ribeirinhos, os extrativistas, os quilombolas, a população negra, os camponeses, as periferias urbanas, as pessoas com deficiência, as pessoas LGBTQIAPN+”. Para ela, não há como discutir a emergência climática sem a participação ativa desses sujeitos.

Auditório da Reitoria da UFSC ficou lotado para a conferência regional

Joana vinculou a agenda climática às urgências urbanas de Florianópolis e de outras cidades brasileiras. “Quando vivemos em um país que ainda não tem saneamento básico, em que vemos o engordamento das praias no nosso litoral, a ausência do poder público e as placas de ‘vende-se’ espalhadas pela nossa ilha, temos noção do que estamos vivendo e do que ainda enfrentaremos.” Ao destacar o papel da ciência, ressaltou que a UFSC conduz pesquisas voltadas à mitigação e à adaptação climática. Entre os exemplos, citou o Veleiro ECO, o Laboratório de Energia Verde, a Coordenadoria de Gestão Ambiental e a Sala Verde. Anunciou, ainda, o lançamento, em breve, de um satélite para monitoramento de queimadas no Brasil, ferramenta que permitirá antecipar respostas a eventos extremos. “A UFSC está na agenda da COP30”, reforçou, destacando a presença de pesquisadoras e pesquisadores da universidade em painéis e estudos na conferência.

Representando também o movimento negro, a vice-reitora sublinhou que “Santa Catarina possui 23% de população negra, 29 territórios quilombolas e 21 territórios indígenas. Por isso é um Estado que resiste”. Para Joana, debater autodeterminação e ação climática é resistir “a um modelo cada vez mais excludente” que avança sobre o território, impulsionado por marinas, grandes projetos e empreendimentos imobiliários. “Se a gente não se manifestar, se a gente não pautar essas questões, seremos engolidos”, alertou, convocando a sociedade a manter a mobilização e a resistência.

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

 

 

Tags: ALESCConferência Regional da Grande FlorianópolisCOP30Festival Planeta.DocJoana Célia dos PassosLeonardo BoffMarcos José de AbreuPedro UczaiUFSC