Projeto da UFSC sobre pesca colaborativa com botos apresenta resultados em Laguna

18/08/2025 14:11

A equipe do projeto Saberes e práticas tradicionais associados à pesca artesanal com auxílio de botos em Laguna (SC) e demais ocorrências no Sul do Brasil promove na próxima sexta-feira, 22 de agosto, no escritório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Laguna, o segundo evento para apresentação dos resultados da instrução técnica do trabalho. O primeiro evento ocorreu em 14 de julho, em Imbé (RS).

Coordenado pelo professor Caetano Sordi, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o projeto trabalha na proposta que busca junto ao Iphan o reconhecimento da pesca colaborativa entre humanos e cetáceos como patrimônio cultural imaterial brasileiro.

Iniciado no segundo semestre de 2023, o trabalho foi realizado em estuários de Laguna e do Rio Tramandaí, entre os municípios gaúchos de Imbé e Tramandaí. Com a participação de pesquisadores do Coletivo de Estudos sobre Ambientes, Percepções e Práticas (Canoa), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC, e do Projeto Botos da Barra, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a iniciativa conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu).

Em julho, o primeiro evento envolveu a explicação para pescadores artesanais e para a comunidade sobre a política nacional de patrimônio imaterial. Também foi realizada a exibição dos registros audiovisuais da pesca com botos que foram produzidos durante o processo técnico. “O evento de sexta-feira, dia 22, será o último nos territórios. Depois, planejamos fazer um evento acadêmico na UFSC”, afirma o professor Caetano Sordi.

Os próximos passos serão a entrega do dossiê e demais produtos (documentários e acervo fotográfico) ao Iphan, que vai elaborar um parecer conclusivo e encaminhar ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto. A expectativa é de que o dossiê do projeto seja apreciado na primeira reunião de 2026.

Proposta foi encaminhada ao Iphan

A proposta de reconhecimento da pesca colaborativa com botos como bem imaterial foi encaminhada ao Iphan em dois momentos: em 2017, pela Pastoral da Pesca de Laguna, vinculada à Diocese de Tubarão, e em 2019, pela Associação Comunitária de Imbé – Braço Morto, sediada em Imbé (RS). O projeto realizado pela UFSC agora vai elaborar o dossiê do Registro que será encaminhado para votação do Conselho Nacional do Patrimônio Cultural. Esse dossiê é composto por pesquisas, documentos e material fotográfico e audiovisual etnográfico. A pesca artesanal com botos já é reconhecida como patrimônio imaterial do Estado de Santa Catarina desde 2018.

Muito conhecida nos litorais sul catarinense e norte gaúcho, a pesca artesanal com botos é considerada um tipo único de interação e comunicação entre humanos e cetáceos. Registros apontam que a atividade é praticada há mais de um século por pescadores artesanais e populações de golfinhos do gênero Tursiops em Laguna e no Rio Tramandaí.

Os botos – ou golfinhos – do gênero Tursiops são cosmopolitas, com significativa presença ao redor do planeta. No entanto, as populações que cooperam com humanos no Sul do Brasil possuem algumas singularidades, como sua circulação mais restrita às águas próximas e internas da costa, como os complexos lagunares sul catarinense e do Rio Tramandaí, e seu pequeno número. Em 2022, estimava-se em Laguna a presença de 60 botos, mas somente a metade realizaria a interação com os pescadores. Já na região de Tramandaí seriam dez.

 

Com informações da Fapeu.

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