Professor da UFSC assina carta na ‘Science’ sobre preservação de florestas marinhas construídas por animais
O professor Paulo Antunes Horta, do Departamento de Botância da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é um dos autores de uma carta na edição da revista Science publicada nesta sexta-feira, 27 de maio. O texto chama a atenção para a situação dos oceanos e para um negligenciado ecossistema: as florestas construídas por animais nas profundezas dos mares.
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Apesar dos avanços na conscientização – resultado de movimentos locais e globais, como a ONU Conferência sobre Mudança Climática em Glasgow (COP26), a Década da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável (2021–2030) e da Restauração do Ecossistema -, as atividades humanas continuam a transformar profundamente os ecossistemas marinhos. Segundo o trabalho, há décadas de atraso e falta de recursos para a a ampliação e aprofundamento da pesquisa sobre o oceano sua conservação e diversidade biológica.
“Ecossistemas que vivem no fundo dos mares sofrem os efeitos da pesca de arrasto, da poluição urbana e agrícola, da bioinvasões, mudanças climáticas, entre outros eventos típicos do sistema de produção e consumo de nossa sociedade dominantemente capitalista”, explica o professor Paulo Horta. Entre estes ecossistemas, florestas de animais marinhos, que são dominados por organismos como esponjas, corais e gorgônias, formam habitats que são particularmente vulneráveis a todas estas fontes de perturbação.
As florestas de animais marinhos incluem habitats que vão do litoral mais raso ao mar profundo, representando um dos maiores biomas da Terra. As florestas são ecologicamente relevantes como hotspots de biodiversidade e berçário fundamentais. As evidências sugerem que elas têm o potencial de fornecer serviços ecossistêmicos que mitigam os efeitos das mudanças climáticas ao imobilizar carbono. No entanto, as informações sobre balanço de carbono, entre outros gases estufa, dinâmica populacional, conexão genética e o funcionamento do ecossistema e das principais espécies ainda é carente de pesquisas, especialmente no Brasil.
A carta alerta que distúrbios antropogênicos (da ação do ser humano sobre o meio ambiente) colocam em risco esta biodiversidade e ameaçam os benefícios que elas prestam para as sociedades e para própria vida no planeta. “Essas comunidades precisam urgentemente de conservação, monitoramento e restauração, com investimentos que vão muito além dos esforços feitos até agora. Proteção da biodiversidade marinha requer ciência, com envolvimento social e político”, afirma o professor.
O texto é assinado por Sergio Rossi, Lorenzo Bramanti, Paulo Horta, Louise Allcock, Marina Carreiro-Silva, Martina Coppari, Vianney Denis, Louis Hadjioannou, Enrique Isla, Carlos Jimenez, Mark Johnson, Christian Mohn, Covadonga Orejas, Andreja Ramšak, James Reimer, Baruch Rinkevich, Lucia Rizzo, Maria Salomidi, Toufiek Samaai, Nadine Schubert, Marcelo Soares, Ruth H. Thurstan, Paolo Vassallo, Patrizia Ziveri e Juanita Zorrilla-Pujana.