Servidor da UFSC integra grupo que traduziu o primeiro estatuto em Libras do Brasil
O servidor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Grahamhill Moura participou do grupo de trabalho que fez a tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) do Estatuto da Associação dos Surdos da cidade de Amparo (SP). O trabalho tem relevância por tratar-se do primeiro estatuto de uma associação de surdos disponibilizado 100% em Libras no Brasil. O formato garante maior acessibilidade, pois Libras é a língua primária dos surdos brasileiros, de acordo com a Constituição. Moura, que é Tradutor Intérprete de Linguagem de Sinais no Centro de Comunicação e Expressão (CCE), trabalhou no projeto junto com outros seis intérpretes voluntários.
Mesmo trabalhando em Santa Catarina, Grahamhill Moura se integrou à equipe graças a uma amizade que cultiva há anos com o casal Ricardo e Celina Struc, que conheceu quando trabalhava numa faculdade em São Paulo. Ricardo Struc, segundo Moura, é conhecido por ser o idealizador do primeiro CD-ROM de Libras no Brasil. “Atualmente trabalhamos juntos em um programa de extensão com canais no Instagram e YouTube, chamado ‘TILS – Histórias para contar’ que nasceu por conta de uma proposta de contar a história da profissão dos tradutores e intérpretes de Libras no Brasil a partir da década de noventa”, relata o servidor.
Os Struc, que já haviam trabalhado como intérpretes de Libras na Câmara Municipal de Amparo, foram procurados pelo presidente da Associação dos Surdos do município, Paulo Aguiar, com a ideia de converter para Libras o estatuto da entidade. Eles entraram em contato com pessoas de seu círculo de amizades para tocar o projeto, participando como voluntários. “Eu fui um dos que aceitaram realizar esta tradução, mesmo morando em outro estado, aqui em Santa Catarina, pois como todo o processo seria remoto, a distância não iria interferir no projeto”, conta.
Além do casal Struc e Moura, o grupo reuniu os intérpretes Paula Rosa, Wagner Agripino, Priscila Mourão e Regina Fernandes. “Montamos um grupo de trabalho e conversávamos virtualmente, combinando detalhes de como seria a gravação e dos termos e escolhas lexicais. Dividimos o estatuto em partes, onde cada intérprete ficaria responsável por um número de capítulos do estatuto, que depois seria juntado e editado para a versão final”.
O trabalho da equipe resultou em um vídeo de pouco mais de 50 minutos com a tradução comentada do Estatuto. A conclusão do projeto foi apresentada para a Associação no dia 26 de setembro, como forma de comemoração do Dia Nacional dos Surdos. O Presidente Paulo Aguiar, que assinou o Estatuto em Português, participou no final do vídeo, para assinar o Estatuto, desta vez em Libras.
O vídeo do estatuto em Libras pode ser acessado em https://www.youtube.com/watch?v=_Lnmc2g5jes
Luís Carlos Ferrari/Agecom/UFSC