Coordenadores de cursos fazem avaliação positiva do ensino não presencial na UFSC
Coordenadores e coordenadoras de 82 cursos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) avaliaram de forma predominantemente positiva a experiência do ensino não presencial realizada no semestre 2020.1. Houve grande participação de docentes em cursos de preparação para a nova modalidade de ensino e mais de 80% dos professores e das professoras encontraram pouca ou nenhuma dificuldade para ministrar aulas e atividades no novo formato. Além disso, a maioria dos cursos conseguiu manter o número de disciplinas oferecidas em relação ao semestre anterior (2019.2).
Em relação ao engajamento estudantil na nova modalidade de ensino, 72,8% das coordenadorias de cursos apontaram que houve pequena redução do número de matrículas em relação ao início do semestre letivo e 7,4% dos cursos apontaram grande redução neste número.
“É importante reconhecer que vivemos um momento de adaptação, imposta pela pandemia, e precisamos avaliar as ações desenvolvidas e buscar o aprimoramento para a oferta das atividades de ensino no próximo semestre 2020.2”, destaca o pró-reitor de Graduação, Alexandre Marino. Ele valoriza o trabalho desenvolvido pelos coordenadores de curso. “Entendo que todos buscaram fazer o melhor, o que, de forma geral, representou uma avaliação positiva. Contudo, as sugestões e recomendações apontam importantes ações de aprimoramento para o próximo semestre”.
Entre as contribuições apresentadas, o pró-reitor destaca as que reafirmam a importância das ações de apoio a docentes e técnicos na capacitação para o melhor uso das tecnologias e das iniciativas de apoio a estudantes, como o empréstimo de computadores e disponibilidade de pacote de dados.
Outra importante contribuição do processo avaliativo foi a indicação do período de 16 semanas como ideal de duração do semestre letivo de 2020.2, que foi mencionado por 39,5% das Coordenações de Curso. Essa preferência foi acatada na elaboração do Calendário Acadêmico Suplementar Excepcional do segundo semestre de 2020, recentemente aprovado na Câmara de Graduação.
A necessidade de avaliação do ensino remoto e a discussão de cenários futuros está prevista na Resolução Normativa Nº 140/2020/CUn, de 21 de julho de 2020: “As atividades pedagógicas dispostas nesta resolução normativa deverão ser reavaliadas periodicamente pelos respectivos docentes, pelo corpo estudantil e pelos colegiados da educação básica, dos cursos de graduação e de pós-graduação, com apoio do NDE”.
As avaliações foram realizadas pelos cursos a partir do final de setembro e, para sistematizar os seus resultados, a Pró-reitoria de Graduação (Prograd) criou um grupo de trabalho, integrado por representantes docentes e discente da Câmara de Ensino da Graduação. O grupo elaborou um questionário com 21 questões, sendo três de caráter aberto, abrindo espaço para que as coordenações pudessem apresentar sugestões. O instrumento de avaliação incluiu questões sobre o número de disciplinas ofertadas em 2020.1; corpo docente; acessibilidade de docentes e discentes; número de estudantes matriculados e trancamentos de matrícula e sobre as ações institucionais ofertadas.
Disciplinas e matrículas
Em relação ao número de disciplinas ofertadas em 2020.1, comparativamente ao semestre letivo de 2019.2, em 56,8% dos cursos de Graduação não houve alteração e em 37% dos cursos houve redução do número de disciplinas ofertadas. Alguns cursos, porém, ofereceram mais disciplinas em modo remoto do que no último semestre presencial.
Para 65% das Coordenações de Cursos, o corpo docente do curso manteve-se igual em relação ao previsto no mês de março – e nenhum professor ou professora precisou se afastar por conta de problemas de saúde decorrentes da pandemia de Covid-19. No entanto, 30% relataram que tiveram redução do número de docentes substitutos, impactando a oferta de disciplinas.
Quando questionadas sobre a adaptação docente em relação às atividades pedagógicas não presenciais, 80,2% das Coordenações de Curso respondentes concordaram que de modo geral professores e professoras participaram de cursos e atividades e prepararam-se para atuar na modalidade não presencial e apenas 3,7% dos professores e das professoras foram resistentes à implantação das atividades pedagógicas na nova modalidade.
Essa preparação para o uso de tecnologias digitais se refletiu positivamente no momento das aulas: 85% do corpo docente encontrou pouca (77,5%) ou nenhuma dificuldade (7,5%) para ministrar aulas e oferecer atividades pedagógicas não presenciais.
O questionário também buscou avaliar a percepção dos professores em relação à participação dos estudantes nas atividades pedagógicas síncronas ou assíncronas ao longo do semestre. A participação foi considerada satisfatória em 42% das menções e muito boa em 14%. Apenas 5% das menções consideraram a participação dos estudantes fraca.
Apoio e capacitação
As coordenações de cursos avaliaram as iniciativas de apoio aos docentes oferecidas pela UFSC para o desempenho das atividades. As ações que mais contribuíram para o bom andamento das atividades remotas, segundo as respostas, foram o Programa de Formação Continuada (Profor), com 64% das menções, e os cursos oferecidos pelos núcleos de produção de conteúdos digitais apoiados pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex), com 51,9%. Também houve menções significativas aos cursos e tutoriais da Secretaria de Educação a Distância (Sead), de 44,3%, e ao apoio técnico da Superintendência de Governança Eletrônica e Tecnologia da Informação e Comunicação (Setic), mencionada em 40,5% das respostas.
As ações de apoio aos estudantes foram consideradas muito importantes pelas coordenadorias de cursos, que sugeriram a sua manutenção e ampliação no próximo semestre. As iniciativas que mais contribuíram para o bom andamento das atividades pedagógicas na modalidade não presencial foram as relacionadas às condições materiais para acesso às aulas: 69,8% mencionaram a disponibilização de computadores e equipamentos e 60,8% citaram a oferta de pacotes de conexão implementadas pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae). Representaram contribuições relevantes, também, as atividades do Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes (Piape), os programas de Monitoria e o apoio da Coordenadoria de Acessibilidade Estudantil (CAE).
O Piape está oferecendo remotamente ações de apoio e orientação pedagógica nos cinco campi. Desde o final de agosto, o programa já recebeu mais 5.691 inscrições nas áreas de apoio pedagógico em Pré-Cálculo, Cálculo, Geometria Analítica, Informática, Estatística, Leitura e Produção Textual, Bioquímica, Física e Biologia, além de atendimentos individuais ou em grupos de orientação pedagógica.
Sobrecarga de trabalho
Na parte do questionário reservada à livre manifestação das coordenadorias de cursos, foram apresentadas as situações específicas de cada curso, além das percepções do comportamento de discentes e docentes. Houve diversas menções a que o sistema de ensino remoto representa um desafio e em muitos casos traz maior desgaste a todos. Estudantes reportaram que sentem falta das interações sociais do ensino presencial, excesso de atividades assíncronas, dificuldades de conciliar os estudos com outras atividades cotidianas e necessidade de dedicar mais tempo e maior esforço para assimilação de conteúdos.
Por parte dos professores e das professoras, houve citações de sobrecarga de trabalho, o preparo e edição de vídeos, muitas vezes sem dispor de um ambiente ideal. Alguns relataram a baixa interação com estudantes em aulas síncronas (poucos ligam as câmeras ou fazem perguntas) e dificuldades para avaliar se os mesmos estão conseguindo acompanhar os conteúdos. Também foi citado o potencial de uso das novas tecnologias no processo de ensino, principalmente das aulas gravadas em vídeo, que podem ser acessadas mais de uma vez pelos alunos, contribuindo para a inclusão daqueles que necessitam trabalhar.
Uma outra sugestão importante é a de que fossem implementadas ações visando o acolhimento emocional e o fornecimento de apoio psicológico a servidores docentes e técnico-administrativos, bem como a discentes.
O relatório sistemático do instrumento de avaliação contém ainda um conjunto de sugestões e proposições a serem implementadas pela Prograd, Prae, Setic, Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (Saad), Biblioteca Universitária, Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp), Secretaria de Planejamento e Orçamento (Seplan) e Comissão Própria de Avaliação (CPA).
Luís Carlos Ferrari / Agecom/UFSC