Tradição em produzir conhecimento: UFSC celebra 50 anos de pós-graduação

10/04/2019 16:45

O nome de Caspar Erich Stemmer, jovem professor gaúcho que veio trabalhar em Santa Catarina graças a um convênio firmado entre a UFSC e a UFRGS em 1962, foi lembrado por todos os membros que compunham a mesa durante a solenidade que marcou o início das comemorações dos 50 anos da pós-graduação na Universidade Federal de Santa Catarina, realizada na noite desta segunda-feira, 8 de abril, no Auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos Luiz Carlos Cancellier de Olivo.

Em 1969, a UFSC iniciava o seu primeiro curso de pós-graduação, mestrado em Engenharia Mecânica (POSMEC). Hoje, conta com 87 programas em nível de Mestrado e Doutorado, incluindo os ofertados em Rede. São 8.520 estudantes matriculados, 3.032 bolsistas e 26.224 concluintes que compõem a história da pós-graduação da universidade.

“É uma satisfação muito grande estar aqui nesse momento. Dos cursos de mestrado e doutorado que temos, 20 são nota 6, o que é notável, se tratando de um percentual elevado para uma universidade tão jovem”, relatou o reitor da UFSC, Ubaldo Cesar Balthazar durante a sua fala. Três dos cursos de pós-graduação possuem nota 7, conceito máximo pela Capes, são eles: Engenharia Química, Curso de Química e Engenharia de Materiais.

Para a pró-reitora de Pós-Graduação (PROPG), Cristiane Derani, as comemorações do cinquentenário de pós-graduação da UFSC estão repletas de sonho, criação, sacrifício e determinação. “Em 1969 um visionário, Stemmer, enfrentou todos os nãos e criou o primeiro mestrado em Engenharia Mecânica em um estado onde não havia indústrias. Ele via o futuro. Nós professores-pesquisadores antevemos o futuro e trabalhamos para imprimir nele a nossa criação, fazê-lo bom, ou melhor. Após completar meio século, a pós-graduação da UFSC tem orgulho de seu passado e, em seu processo de construção e renovação, tem foco ao humano, à sociedade, à natureza e à totalidade que forma essa teia de relações”.

Nostálgico, Raul Valentim rememorou a trajetória percorrida antes de 1969 para que o curso de mestrado se tornasse realidade. Atual presidente da Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC), Valentim teve a felicidade de coordenar a equipe que elaborou o projeto inicial para a pós-graduação na universidade. “Assumimos na então Escola de Engenharia Industrial, em 1965, eu e Stemmer. De 1966 a 1968 vários professores que aqui atuavam tiveram a oportunidade de realizar o mestrado fora para, então, voltar com a proposta inovadora de constituir a comissão que implantou a pós-graduação na UFSC”.  

Na época, os envolvidos na criação do mestrado em Engenharia Mecânica em Florianópolis tiveram a oportunidade de fazer algo inovador. “Pudemos trazer o que foi visto durante estudos na Alemanha para o Brasil”.

Para Ubaldo, Stemmer foi um grande visionário do desenvolvimento da pesquisa na Universidade Federal de Santa Catarina.  “Tivemos e temos grandes pessoas que se dedicaram para o desenvolvimento desta universidade por meio do trabalho de consolidação da pós-graduação. Por isso, o mais importante é termos clareza quanto ao nosso trabalho para a UFSC, pela UFSC e na UFSC”, salientou ele.

Esses 50 anos de pós-graduação na UFSC, segundo Derani, foram construídos por professores que tiveram o privilégio de terem sido estudantes, por discentes dedicados ao conhecimentos e que serão docentes amanhã. “Também são 50 anos de trabalho silencioso e contínuo de técnicos-administrativos dedicados e zelosos de seu fazer”.

A solenidade contou com a presença da vice-reitora da UFSC, Alacoque Erdmann, ex-reitores da universidade, pró-reitores, diretores de Centro, autoridades, servidores e comunidade.

As festividades continuam com atividades previstas para serem realizadas durante a Sepex 2019 (dias 18, 19 e 20 de outubro) e o encerramento no dia 3 de dezembro. Para mais informações acesse o site http://posgrad50.ufsc.br/.

Universidade é ambiente de conhecimento

A pró-reitora de Pós-graduação frisou durante a sua fala sobre o espaço necessário e primordial que a universidade pública federal ocupa na construção do saber. “A universidade é o ambiente que estrutura a construção do conhecimento, recebe esses impulsos permitindo trocas produtivas”.

Entretanto, Valentim trouxe à tona a necessidade da universidade intensificar a interação entre o que se faz nela com o que se faz na sociedade “Temos uma universidade que em 50 anos fez muito, mas agora precisamos acompanhar o que acontece na sociedade para que os profissionais aqui formados sejam absorvidos e, com isso, tenhamos condições de promover um Brasil bem melhor do que vivemos atualmente”.

Para isso, o reitor Ubaldo enalteceu a necessidade de todos defenderem o nome da UFSC, sendo que uma das maneiras de fazer isso é trabalhando, no dia a dia, com bravura e vontade para que a UFSC continue sendo uma das melhores. “Gostaria de terminar o meu mandato tendo a UFSC em primeiro lugar. Isso é difícil, mas não é impossível, porque temos capital humano de primeira (estudantes, TAEs e docentes) que querem uma UFSC de ponta”.

A meta da PROPG para 2019 será fortalecer a construção de conhecimento por meio do apoio ao trabalho dos docentes e discentes, construindo um ambiente de comunicação na universidade, no país e com as instituições internacionais de destaque. “Como, ainda, incentivar e possibilitar um espaço seguro e iluminado pelos mais alto valores da humanidade: a perseverança, a solidariedade, a humildade, a honestidade, e a gratidão”, disse a pró-reitora Cristiane.

50 anos da pós-graduação na UFSC

A primeira atividade que celebra os 50 anos da pós-graduação na UFSC contou com a presença do Madrigal e Orquestra de Câmara da UFSC, que realizou a abertura, e o Grupo do Neti Vozes da Ilha, que fez o encerramento.

A conferência magna foi proferida pela diretora de Programas e Bolsas no País na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Zena Martins, que também representou o presidente da Coordenação, Anderson Correa.

Zena abordou o papel da Capes na formação de mestres e doutores capazes de enfrentar os desafios necessários para o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e, principalmente, social para o Brasil. Disse que em 2017 a pós-graduação brasileira dobrou em programas, estudantes matriculados e titulados. “A Região Norte é a que teve o maior crescimento em número de programas de pós-graduação e a Região Nordeste a que teve maior número de alunos matriculados e titulados”.

De 2006 a 2017 o número de programas de pós-graduação cresceu em torno de 90%. “Neste universo, a UFSC ocupa o nono lugar no ranking de pesquisas em instituições brasileiras. Por isso, digo que o curso de pós-graduação da UFSC em 1969, que seguiu o parecer Newton Sucupira, foi um marco para o desenvolvimento do sistema nacional de pós-graduação, fazendo com que essa universidade tenha a qualidade que a pós-graduação exige”, disse Martins.

A Capes na UFSC

A Capes foi criada em 1951 com a finalidade de formular políticas e atividades de suporte à formação de professores para a educação básica e superior e para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Nos últimos anos tem evoluído no investimentos em bolsas de mobilidade no país. Na UFSC, em 2013, foram investidos R$ 52,1 milhões, e em 2018 foram R$ 65,3 milhões. Foram concedidas, em 2018, 2.970 bolsas no país para a UFSC, sendo 1.259 para mestrado e 1.443 para doutorado, abrangendo, ainda, 198 para pós-doutorado e 70 em outras modalidades.

Essas ações se refletem na qualidade dos programas de pós-graduação notas 6 e 7 no estado de Santa Catarina. “A UFSC tem 27,40% (20) dos programas com conceito 6 e 7, de um total de 73 programas. Conta com 37 programas no Programa Institucional de Internacionalização (Capes-Print), o que representa um repasse em 2017 de R$ 6.449.028,36 e um total de R$ 53.955.455,24 para quatro anos de Print”, detalha Zena.

Os próximos passos de avaliação que a Capes desenvolverá serão:

  • Atual sistema de avaliação atingiu ponto de esgotamento e o modelo deve ser repensado;
  • Demandas: consolidação, internacionalização, interação com setores não-acadêmicos (transferência direta, de conhecimento para a sociedade), redução de assimetrias regionais e entre áreas do conhecimento;
  • Avaliação multidimensional: diversidades dos programas (inserção, objetivos, vocações), sistema heterogêneo;
  • Impacto e relevância econômica e social: produção e egressos;
  • Aprimoramento do QUALIS, avaliar fusão de áreas do conhecimento: racionalizar e tornar processos claros e transparentes.

Nicole Trevisol / Jornalista da Agecom / UFSC

Fotos: Henrique Almeida / Agecom / UFSC

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