Simpósio de Integração das Pós-graduações do CCB debate dez anos do Lameb
Foi em um ambiente de celebração que iniciou a sexta edição do Simpósio de Integração das Pós-graduações (VI SIP) do Centro de Ciências Biológicas (CCB). No entardecer de 28 de novembro, um grande público reuniu-se no auditório Garapuvu, no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O espírito comemorativo que tomou conta da abertura do evento era decorrente do tema da abertura do VI SIP: o primeiro decênio do Laboratório Multiusuário de Estudos em Biologia (Lameb),
O Lameb é hoje referência local e nacional em laboratórios multiusuário. Com possibilidade de desenvolver pesquisas por 24 horas ininterruptas durante todos os dias da semana, o laboratório apresenta equipe técnica qualificada para auxiliar em pesquisas e análises de dados, e atende cerca de 600 usuários, que realizam pesquisas científicas em nível de graduação e pós-graduação em equipamentos complexos e pouco comuns em estruturas públicas com amplo acesso.
As atividades científicas desenvolvidas junto ao Lameb são abertas aos pesquisadores de toda a comunidade universitária, de modo ao laboratório atender atualmente estudos de cerca de 30 programas de pós-graduação. Nesses 10 primeiros anos de atividade, o Lameb foi o local de pesquisa de, pelo menos, 250 artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais.
Abertura do evento relembra história do Lameb
Para a ocasião, foi instalada mesa de abertura do evento com o pró-reitor de Pesquisa e representante do Reitor da UFSC, Sebastião Soares, o pró-reitor de Pós-Graduação, Juarez do Nascimento, o diretor de Centro de Ciências Biológicas, Alexandre Verzani Nogueira, a presidente do Lameb, Evelise Nazari, a representante do VI SIP, Muryel Gonçalves, e o chefe do Departamento de Farmacologia, Jamil Assreuy Filho, primeiro coordenador do Lameb.
Todos manifestaram a relevância da integração das pós-graduações e como este trabalho compartilhado – mesmo diante de um cenário competitivo, como o acadêmico – tem potencializado a ciência na UFSC e servido de modelo a outras instituições. Sebastião Soares realizou a fala de abertura dos integrantes da mesa diretiva em tom de gratidão e reconhecimento: “gostaria, para iniciar minha fala, de parabenizar e agradecer ao Lameb pelos serviços prestados à comunidade universitária. Uma grande estrutura enquanto vetor à pesquisa. O Lameb é bastante transversal, atingindo 7 Centros de Ensino e com 32 programas de pós graduação atendidos na universidade, de maneira aberta. É uma estrutura incontornável nos dias de hoje, conduzindo e possibilitando pesquisas de ponta em diversas áreas. Hoje a UFSC tem reconhecida excelência, muto devido à iniciativa de sua comunidade, e, então, o Lameb é também partícipe da maior qualidade no sucesso atual da instituição”.
Em sintonia com a fala precedente, Juarez do Nascimento, lembrou do pedagogo português Manuel Patrício, ao destacar que “o tempo passado e o tempo presente fazem parte do tempo futuro. E o Lameb tem contribuído ao desenvolvimento da UFSC, mas também serve de marco referencial aos seus demais laboratórios, com o exemplo do compartilhamento de grandes equipamentos e fomento da formação compartilhada de pós-graduandos, mesmo em ambientes competitivos, como o acadêmico e o da pesquisa de ponta”.
E é a concepção de compartilhamento que guiou também as falas de Alexandre Verzani e Muryel Gonçalves. Alexandre ressaltou que “em um momento de restrição de verbas, o Lameb é um sucesso e um exemplo para a UFSC e outras instituições que já se inspiram em seu êxito na otimização de recursos e potencialização de pesquisas”; enquanto Muryel retomou o princípio do compartilhamento que conduziu ao SIP. Em leitura de carta de Gustavo Ramos, idealizador do SIP, em 2012, e hoje docente na Alemanha, deu-se destaque à curiosidade em relação as pesquisas dos colegas e o caráter acentuadamente “indisciplinar de compartilhar, mais forte que o caráter transdisciplinar das pesquisas”. A busca por outras formas de cooperação, para além do produtivismo crescente do universo universitário, tem produzido um evento que integra graduandos e pós-graduando interessados em produção científica.
A atual presidente do Lameb, Evelise Nazari, deu relevo ao caráter de cooperação que, desde a fundação do laboratório, tem caracterizado sua atuação: “o Lameb iniciou do compartilhamento de um único microscópio, hoje atende mais de 30 pós-graduações. O trabalho e a destinação de recursos não são voltados à pesquisa exclusiva dos programas, mas ao todo, ao crescimento do parque de equipamentos do laboratório disponível a todas as pós-graduações. O Lameb possui uma câmara com representantes de todos os programas. Agradecemos aos Taes e às secretarias de pós-graduação e à secretaria integrada do CCB, pois o Lameb não é um ordenador de despesas, portanto, não possui recursos próprios. Por isso, deve-se agradecer também às pró-reitorias de pesquisa e à Administração Central e suas Secretarias, que possibilitam as atividades diuturnamente realizadas neste laboratório multiusuário”, sintetizou a atual presidente. Após sua fala, Evelise exibiu aos presentes um vídeo institucional sobre o Lameb, como segue abaixo:
Palestra com primeiro presidente Lameb
Após a fala da atual presidente, a mesa de abertura foi desfeita para iniciar a palestra de abertura do VI SIP. Proferida por Jamil Assreuy Filho, o tema foi a história do Lameb. Jamil, que foi o primeiro presidente do laboratório, exibiu um linha do tempo desde os anos que precederam o princípio de suas atividades, em 2008.
Na palestra foram apresentados documentos, fotos e plantas dos projetos iniciais que apontam que o debate sobre estruturas multiusuário e a necessidade de encontros de pós-graduandos já datam de alguns anos antes de 2008. Jamyl ressaltou que o divisor de águas que permitiu passar dos debates à concretude do laboratório multiusuário e ao posterior simpósio de integração foram os editais públicos CT-Infra (Finep) e Pró-Equipamentos (Capes). Além de disponibilizarem grandes volumes de recursos, os editais privilegiavam estruturas multiusuário.
Para avançar nos debates, foi decisivo também o papel da Câmara de Pós-graduação do CCB, que permitiu aglutinar pesquisadores para desenvolver propostas que permitiriam almejar e propor aquisição de grandes equipamentos a serem compartilhados. Com a chegada, em 2008, dos primeiros equipamentos, foi constituído o primeiro comitê gestor, já com 2 técnicos-administrativos em Educação (Taes) e com Jamil na presidência.
Com recursos e corpo técnico, os espaços físicos foram sendo negociados junto ao CCB e o Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia da UFSC (DPAE), que, respectivamente, cederam áreas e projetaram seus usos para um laboratório com expectativa de crescimento. E a expansão esperada não somente ocorreu, como superou as expectativas a partir da disseminação de uma cultura de compartilhamento que promoveu entre os pesquisadores a prática de doar equipamentos menores, adquiridos com recursos para pesquisas, possibilitando que a manutenção, uso e treinamento passasse à responsabilidade do Lameb.
Com isso, há 10 anos os pesquisadores já não mais precisam duplicar equipamentos em pequenos laboratórios. Ao invés disso, todos têm acesso a um grande e moderno laboratório, permitindo o crescimento quantitativo e qualitativo de pesquisas científicas, o que potencializa a captação de recursos e que se reverte a um espaço coletivo com valor estimado, em equipamentos, em mais de 3,5 milhões de reais, além de um corpo técnico-científico composto por 9 TAEs e uma gestão compartilhada em um Comitê Gestor e um Comitê de Usuários.
Quanto a esses últimos, os usuários, o caráter multiusuário possibilita a todos o acesso a estrutura do Lameb para desenvolver estudos científicos. A orientação do corpo técnico é acessível mediante marcação de horários, enquanto, aos pesquisadores treinados, é possível o acesso – mediante cadastro e cartão de acesso – às instalações 24h por dia, todos os dias do ano. Aos interessados em obter esse acesso, é necessário treinamento e capacitação. Posteriormente, os resultados das pesquisas também podem ter auxílio do corpo técnico-científico, em crescente qualificação, imprimindo ao Lameb um crescimento qualitativo que tem se revertido na excelência das pesquisas realizadas por mais de 30 pós-graduações da UFSC.
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Programação completa Lameb 10 anos & VI SIP
Gabriel Martins/Agecom/UFSC