Mães imigrantes e refugiadas têm espaço para aprender português na UFSC

23/08/2018 12:03

Um projeto realizado na UFSC irá ajudar mães imigrantes e refugiadas a aprender e desenvolver habilidades com a língua portuguesa: enquanto participam das aulas, as crianças recebem atenção de cuidadoras. Duas aulas já foram realizadas e a expectativa é aumentar o número de alunas nas próximas aulas.

Espaço conta com ambiente para recreação das crianças. (Foto: Divulgação)

Os encontros são realizados nas manhãs de sábado, nas salas 246 e 247 do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da UFSC, e vão das 9 às 12h. As aulas são gratuitas e as mães recebem lanche e todo o material necessário para estudar. O contato para participação pode ser feito com a idealizadora do projeto, Narjara Reis (doutoranda em Linguística pela UFSC) por telefone e WhatsApp – (48) 99984-5084  – ou e-mail – jarareis@gmail.com

Narjara notou a necessidade de espaços diferenciados para mães imigrantes e refugiadas para o aprendizado em português e procurou o Centro de Referência e Atenção ao Imigrante de Santa Catarina (Crai-SC). “Eles estavam sobrecarregados e me colocaram em contato com a OPR (a ONG Organização pelos Refugiados), que já dava aulas para imigrantes no IFSC”. Entretanto, não havia espaço dedicado para os filhos destas pessoas e sim uma demanda por salas preparadas para isto.

A ideia inicial era voltada para mães haitianas, mas o projeto foi aberto para todas mães imigrantes e refugiadas. O projeto também é aberto a pais ou responsáveis pelo cuidado de crianças. Com ajuda da OPR, foi possível a contratação de uma professora auxiliar para o curso e uma ajuda inicial para os materiais usados pelas alunas. Com o socorro da Seção de Apoio a Eventos do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, foi possível a reserva de salas para o projeto aos sábados, para facilitar a presença de mães que trabalhem.

Algumas mães têm dificuldades de transporte para a UFSC no sábado e a OPR irá atrás de recursos que possibilitem a elas pagar as passagens de ida e volta. Em dinheiro, a passagem ida e volta para um adulto custa R$ 8,40. “Às vezes, em projetos com pessoas marginalizadas, é necessário oferecer condições anteriores para que as pessoas comecem a aderir. Muitas estão interessadas, mas moram no Continente e é difícil para elas ir até a UFSC”. Outro empecilho é conseguir o dinheiro necessário para o pagamento do lanche oferecido.

Aulas

Na primeira aula, apenas uma mãe apareceu. Na segunda, foram seis pessoas e três crianças. São duas professoras: a própria Narjara e Taynan Teixeira (graduanda em Letras Francês pela UFSC), que se encarrega das alunas francófonas.  Entre as alunas, há diversidade das necessidades de aprendizado. Enquanto algumas têm noções de português, outras já possuem conhecimentos e trazem dúvidas para serem esclarecidas em aulas.

De três haitianas que foram ao segundo encontro, uma mora no Brasil há dois anos e consegue se comunicar e as outras, há poucos meses.  “Como em qualquer aula de idiomas, no primeiro contato elas foram tensas e tímidas. À medida que houve mais intimidade, elas falaram melhor”, diz Narjara. As outras alunas são duas venezuelanas e uma búlgara – a última teve o seu primeiro contato formal com o português através das aulas e aprendeu a ler com o alfabeto cirílico. Com as venezuelanas, há similaridade com a língua, mas ainda há muitas dúvidas pelas diferenças entre os idomas.

Crianças

Livros, cadernos de colorir, brinquedos e tapetes ajudaram as cuidadoras Tayse Marques (doutoranda em Linguística pela UFSC, mestre em Linguística pela UFSC) e Larissa Pinto (graduanda em Letras Libras pela UFSC) com as crianças. Como eram apenas seis alunas e a sala é grande, as três crianças ficaram no mesmo ambiente. “As crianças adoraram e ficaram entretidas. Mesmo assim, elas ainda procuraram as mães”. A menor, de 11 meses, ficou bastante tempo no colo da mãe. Nesta semana, a ideia é deixá-las um pouco mais acostumadas a ficarem afastadas das mães.

Ajuda

Além do Crai-SC, da OPR e do CCE, também ajudam com as aulas o projeto de extensão da UFSC “Plam – Português como Língua de Acolhimento”, o Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC e a CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, que oferece bolsa de estudos à Narjara.

Interessados em auxiliar o projeto e em mais informações podem procurar Narjara Reis pelo telefone (48) 99984-5084 ou pelo e-mail jarareis@gmail.com.

 

Caetano Machado/Jornalista da Agecom/UFSC

agecom@contato.ufsc.br

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