Professor da UFSC leva experiência de taxonomia a alunos de escola municipal de Florianópolis

03/04/2018 13:58

Professor Luiz Carlos de Pinho conversa sobre ciência com os alunos da escola municipal Adotiva Liberato Valentim. (Foto: Ascom/PMF)

Uma iniciativa do professor Luiz Carlos de Pinho, do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em conjunto com a Escola Básica Municipal de Florianópolis, Adotiva Liberato Valentim, foi parar na Zootaxa. É que a unidade educacional foi homenageada com o nome de um inseto descoberto na Amazônia pelo professor. No periódico, Pinho relata todo o caminho percorrido: da descoberta até o batismo do animal: “Aedokritus adotivae”.

Tudo começou quando o professor foi convidado pela escola para assessorar uma turma de terceiro ano do ensino fundamental sobre “Novas espécies de animais”. Anualmente, todas as classes do estabelecimento trabalham um tema dentro do projeto global “Aprender a conhecer, pesquisa de corpo inteiro”. A ideia é que um especialista ajude a criançada, que já possui igualmente dois profissionais orientadores da escola – no caso desta turma, a professora Joseane Maria Aguiar Amorim e a bibliotecária Adriana Kuhn – a responder as dúvidas que motivaram a escolha do tema, como “Qual a rotina de um cientista na floresta?”, “As novas espécies evoluem de outras?” e “Como uma nova espécie é identificada pelos cientistas?”.

No processo de assessoramento do trabalho, o professor tinha descoberto e estava descrevendo um novo inseto. Assim, presenteou as crianças com a oportunidade de escolherem um nome científico para ele. Obedecendo a todas as características necessárias, a turma chegou a três nomes: “Aedokritus adotivae”, “Aedokritus amazonicus” e “Aedokritus plumosus”. No dia da Feira de Ciências da escola, a comunidade pôde votar e o selecionado foi o nome em homenagem à unidade de ensino.

O artigo do professor Luiz Carlos de Pinho foi publicado na Zootaxa no dia 23 de março, data de aniversário de Florianópolis. A revista é a mais famosa do mundo sobre taxonomia, a ciência que busca descrever, identificar e classificar os seres vivos. A Zootaxa é semanal e foi criada em 2001. Mais de 26 mil novas espécies já foram descritas no periódico.

Taxonomistas natos
De acordo com o professor, as crianças da Escola Adotiva Liberato Valentim são taxonomistas natos, ou seja, biólogos, e envolvê-las no processo foi uma experiência que ele recomenda. “Ao mesmo tempo em que temos crianças fascinadas pela biodiversidade, temos os estudos sobre a biodiversidade majoritariamente sendo feito pela e para a comunidade científica. É possível aproximarmos esses públicos”, afirma.

No artigo, ele escreve que popularizar a entomologia, estudo dos insetos, entre as crianças pode não ser tão difícil, já que elas são naturalmente fascinadas pela natureza desde muito jovens. O desafio é evitar que sua fascinação pela natureza se torne aversão. É aí que acadêmicos como os taxonomistas podem agir.

“A universidade precisa buscar esse contato com a sociedade, divulgar melhor a ciência. Nessa oportunidade, a escola buscou a universidade, escolheram o tema, que é bem dentro do que eu trabalho, e eu aproveitei o interesse deles e os envolvi na tarefa. Isso pode ser algo que tenha mais apoio institucional da UFSC”, salienta. Pinho ressalta que, mesmo com a Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex) sendo realizada anualmente, é preciso formar relacionamentos mais duradouros. “A semana é uma grande contribuição, mas é naquela semana, pontual, a escola vem, conhece os projetos e não se mantém um contato mais frequente”, explica.

Durante a atividade na Escola Adotiva Liberato Valentim, quatro estudantes da UFSC também participaram como voluntários, auxiliando o professor, respondendo as perguntas das crianças. A experiência, segundo o professor, vai render frutos: “pretendo continuar nessa linha de popularização da ciência, pretendo que iniciativas como essa se estabeleçam como uma das linhas de pesquisa do laboratório onde atuo”, conta.

O inseto
O Aedokritus adotivae é bem menor que os outros de sua espécie. Ele não suga sangue e é parente próximo de insetos que são bem comuns nas cidades, formando grandes enxames ao entardecer.

Segundo o professor Pinho, não foi ele quem coletou o animal. “O inseto foi coletado em 1972 e estava no museu de zoologia de São Paulo desde então. Nenhum especialista no grupo havia tentado identificá-lo.”

 

 

Edição: Mayra Cajueiro Warren / Jornalista da Agecom / UFSC

com informações da Assessoria de Comunicação Social – Educação, da Prefeitura Municipal de Florianópolis

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