Licenciatura Indígena organiza ato em Penha em memória a Marcondes Namblá
Docentes e alunos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), estão mobilizados na organização de um ato cerimonial e um protesto ao assassinato de Marcondes Namblá. O ato acontecerá na quarta-feira, dia 10 de janeiro, às 14h, no local onde o indígena foi morto (Av. Eugênio Krause, no município de Penha, Litoral Norte de Santa Catarina). Marcondes também receberá uma homenagem póstuma no Templo Ecumênico da UFSC, nesta terça-feira, 9 de janeiro, às 9h.
A UFSC cedeu um ônibus para transportar alunos e professores de Florianópolis à cidade de Penha. Os organizadores buscam agora apoio para transportar pessoas da Terra Indígena Laklãnõ, no Alto Vale do Itajaí, para a manifestação. Organizam o ato os colegas, amigos e familiares de Marcondes, que formou-se na UFSC em abril de 2015 e desenvolvia atividades de ensino na escola Laklãnõ. O evento tem apoio de outras etnias além do povo Laklãnõ-Xokleng, do qual Marcondes pertencia. Entre elas os povos Guarani, Kaingang e Parintintin.
O objetivo é marcar o local, que segundo as lideranças indígenas, passa a ser sagrado por ter havido ali derramamento de sangue indígena. A intenção é chamar a atenção da sociedade e das autoridades responsáveis pelo caso, para que haja justiça e mais segurança para os povos indígenas de Santa Catarina. Vilma Couvi Patté Cuzugni, prima de Marcondes, ressalta que outros casos recentes de violência contra indígenas seguem acontecendo, bem como outros tipos de discriminação étnica, e que os povos não ficarão em silêncio. “Queremos mostrar que Marcondes não está sozinho, existe um povo atrás dele, unido, e que exige mais respeito”, ressalta Vilma.
Lideranças indígenas do estado reúnem-se na tarde de hoje (08) com o Ministério Público Federal para tratar do caso de Marcondes. Nanblá Gakran, professor do curso de Licenciatura Indígena, salienta a falta de segurança e discriminação que enfrentam e pede ajuda da população para viabilizar que mais membros do povo Xokleng possam estar presente no ato.
O contato para enviar doações poderá ser feito pelos telefones/WhatsApp do próprio professor Nanblá Gakran (47) 9-9772-6523; do cacique Tukun Gakran (47) 98426-4439 ou mesmo pelo ramal do curso de Licenciatura Indígena (48) 3721-4879. Além do deslocamento, os indígenas precisam de apoio para alimentação.
Mayra Cajueiro Warren
Jornalista da Agecom/UFSC