Projeto ‘Mundo Autista’: conhecimento para combater o preconceito e o desrespeito
Um espaço cheio de estudantes, servidores e profissionais de Saúde e Educação aguardavam a abertura do evento realizado na tarde desta quinta-feira, 30 de novembro, no Auditório da Reitoria da UFSC, promovido pelo projeto ‘Mundo Autista – Incrível em Outro Espectro’. Quatro palestrantes falaram sobre pediatria, neurologia infantil, psicologia, psicopedagogia e fonoaudiologia para um público atento e em busca de conhecimento. Essa é a segunda atividade realizada pelo grupo de 31 estudantes da 8ª fase do curso de Administração da UFSC que, por meio da disciplina Administração de Projetos, busca conscientizar e sensibilizar a população sobre as dificuldades em que pessoas autistas e suas famílias enfrentam no dia-a-dia, para o desenvolvimento de um indivíduo livre e a construção de uma sociedade justa.
Além da realização do evento de capacitação, o Projeto lançou uma página no Facebook que divulga conteúdo audiovisual e informações em uma linguagem acessível que visa conscientizar a população sobre o autismo. Segundo Rafael Ribeiro da Silva, acadêmico membro do Projeto, as mídias sociais são um espaço fácil e de rápida interação com a sociedade. “Desde a criação do espaço, no início do semestre, conseguimos atingir mais de mil seguidores”.
Para construir um conhecimento claro sobre o autismo, a principal saída é ampliar o acesso à informação. “Nós, estudantes, não tínhamos nenhum conhecimento sobre o autismo, sobre como lidar com o autista, como nos comportar e o que podemos fazer”, conta a membro do projeto, acadêmica Mariana de Assis, ao relatar a motivação pela escolha do tema.
A acadêmica da 10ª fase do curso de Medicina da UFSC, Gabriela Moura da Silva, estava atenta às palavras ditas durante o evento de capacitação. Sentada próxima ao palco, a estudante de 23 anos relata que a escolha em participar da atividade se deu pela proximidade familiar com o autismo. “A minha irmã de nove anos é autista e, por isso, fiz questão de conhecer mais sobre o assunto, ouvir o que os profissionais têm a dizer. As informações também podem ajudar na construção do meu TCC, que é sobre o assunto”.
A médica pediatra e especialista em neurologia infantil, Maria Rosa Machado Mercado, foi supervisora do conteúdo abordado pelo projeto. Ela atua na rede pública municipal de saúde e retratou a dificuldade dos pais em diagnosticarem a doença. “A fila de espera para que o diagnóstico seja feito com uma equipe de profissionais de saúde está entre seis meses e um ano. Ainda, os pais enfrentam o preconceito e a falta de conhecimento sobre o autismo”, relata Maria Rosa.
No Brasil estima-se a existência de quatro mil autistas, sendo que apenas 10% são diagnosticados. “A maioria passa por dificuldades e as famílias enfrentam, sozinhas, o autismo. É preciso conscientizar as pessoas e capacitar profissionais, por isso o projeto usou a Rede Social e promoveu este evento”, dizem os promotores.
Segundo Maria Rosa são três os níveis de autismo: leve (em que a criança vai conseguir ter mais autonomia, necessidade de pouco apoio), moderado (o mais clássico, em que são necessárias rotinas e apoio substancial), severo (em que não há comunicação e a criança fica em um mundo só dela, necessidade de muito apoio).
“O autismo não é contagioso e os pais podem observar em casa o comportamento da criança, por exemplo: a criança com deficiência intelectual e/ou autismo sempre tem um déficit para a comunicação. Até um ano de idade ela tem que dar tchau, ou seja, tem que levantar a mão, olhar para a pessoa e fazer o movimento de tchau”, explica a médica.
O conhecimento é a melhor forma de acabar com o preconceito e com o desrespeito. Saiba mais sobre o Mundo Autista na página do projeto.
Nicole Trevisol/Jornalista na Agecom/UFSC
Fotos: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC
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