Livro publicado pela EdUFSC discute fazeres de gênero entre o local e o global

02/08/2017 15:46

Na lista dos 450 títulos publicados pela Editora da UFSC e disponíveis para venda na Feira do Livro, que está sendo realizada no Centro de Cultura e Eventos, um dos destaques é a obra Saberes e fazeres de gênero entre o local e o global, organizada pelas professoras e pesquisadoras Luzinete Simões Minella e Susana Bornéo Funck, e que está sendo vendida a R$ 20,00.

Dividido em quatro grandes temas, o livro apresenta 21 artigos, provando que o machismo não tem ideologia, ou seja, ele existe na esquerda, no centro e na direita; além disso, não escolhe classes, podendo ser rico, de classe média ou miserável. O livro pode ser adquirido com 30% de desconto na 12ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex) que ocorre no Campus de Florianópolis da UFSC, até o dia 26 deste mês.

Os ensaios são resultados das conferências e mesas-redondas ocorridas durante o evento “Fazendo Gênero”, realizado em Florianópolis em 2004, e que mobilizou especialistas brasileiros e internacionais. As temáticas remetem aos desafios globais e às estratégias políticas locais: feminismo e justiça internacional; tortura; erotismo e frustração; guerra e gênero.

Na primeira seção, o livro aborda as formas de violência, oficiais ou veladas, que assolam as relações de poder em contextos políticos e sociais. “O bem argumentado texto da filósofa Alison Jaggar nos demonstra como movimentos em prol da justiça e de direitos humanos podem ser solapados por uma posição etnocêntrica e pela ausência de uma visão intercultural”, sublinham as organizadoras. Nesse campo de discussão, destaca-se também o artigo de Cláudia Card sobre a fenomenologia da tortura e sua prática e consequências nas sociedades ocidentais como exercício de poder e dominação.

O segundo grande tema enfoca discursos sobre o corpo, a sexualidade e as relações afetivas e sociais difundidos através da música, da literatura e da mídia. Aqui, por exemplo, o professor Pedro de Souza disseca a construção discursiva do corpo e da subjetividade em Um copo de cólera, de autoria do escritor Raduan Nassar, o mesmo de Lavoura Arcaica. Já Tânia Ramos focaliza as representações da velhice na literatura, contrapondo-se aos textos populares sobre “terceira idade” disseminados pela internet.

No terceiro grupo de trabalhos os pesquisadores centram suas preocupações nas relações de poder e na construção de novas subjetividades. O artigo de Clara Araújo analisa os vínculos entre gênero, poder e política, enfatizando a batalha das mulheres por espaço nas eleições.

Cristina Bereta da Silva e Mara Coelho de Souza Lago apresentam, respectivamente, ensaios sobre o Movimento Sem Terra e o trabalho doméstico e a moradia das mulheres. Mara questiona a noção de invisibilidade por meio da análise de discurso.

O livro fecha com artigos defendendo a existência de uma multiplicidade de tensões e de hierarquias de gênero. A historiadora Joana Maria Pedro revela nuances dos processos de identificação de homens e mulheres com o feminismo brasileiro. Para Eleonora Menicucci de Oliveira, militante do PC citada por Joana Pedro, “a consciência da diferença de gênero deu-se no momento em que se constatou que, tanto para os órgãos de repressão da ditadura militar quanto para a organização de esquerda na qual fazia parte, ela não era um indivíduo, era uma mulher e, principalmente, mãe”.

As organizadoras torcem para que a partir desses variados saberes e prazeres, entre guerras e diálogos, verdades e ficções, corpos e comportamentos”, os artigos e reflexões possam auxiliar na “construção de relações de gênero mais igualitárias, tanto no local como no global”.

Ao apresentar a obra, a pesquisadora Carmem Rosa Caldas-Culthard, da Universidade de Birminghan (Inglaterra), realça o caráter interdisciplinar dos estudos de gênero. “É uma coletânea instigante e abrangente”, sintetiza, acrescentando que, “por sua firmeza teórica e variadas abordagens”, o livro merece ser lido e divulgado”.

O livro, além das organizadoras, conta com a colaboração das seguintes pesquisadoras: Alison M. Jaggar, Clara Araújo, Cláudia Card, Cristiani Bereta da Silva, Eli Bartra, Eni de Mesquita Samara, Flávia de Mattos Motta, Janine Gomes da Silva, Joana Maria Pedro, Luc Capdevila, Mara Coelho de Souza Lago, Maria Izilda S. Matos, Maria Juracy Filgueiras Toneli, Marlene Tamanini, Nara Araújo, Pedro de Souza, Roselane Neckel, Sandra Caponi, Simone Pereira Schmidt, Susan A. de Oliveira e Tânia Regina Oliveira Ramos.

A característica comum dos textos é a interdisciplinaridade, tendo como tônica o confronto entre teorias (saberes) e práticas (fazeres) tanto no âmbito global como no local.

Doutora em Sociologia pela Universidade Autônoma do México, Luzinete Simões Minella atua junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política e na área de Concentração em Estudos de Gênero do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC. Foi coordenadora editorial e co-editora da Revista Estudos Feministas.

A outra organizadora do livro, Susana Bornéo Funck, é doutora em Humanidades pela Universidade do Texas em Arlington. Atualmente é professora no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Católica de Pelotas (RS). Fundou, em 1996, ao lado da professora Zahidé Muzart, a Editora Mulheres.

A Feira do Livro da EdUFSC tem obras com até 70 por cento de desconto.

Serviço:

O quê: Feira do Livro 2017/2

Quando: de 31/07 até 06/09

Onde: Livraria da EdUFSC, Centro de Cultura e Eventos da UFSC

 

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