EdUFSC inova e preenche lacuna da arquitetura luso-brasileira
Após estudar povoações mineiras da primeira metade do século XVIII, como Vila Rica e Mariana (MG), o pesquisador Rodrigo Bastos adverte que “providenciar o decoro não é maquiar os assentamentos e seus habitantes com uma falsa polidez e adornos ocasionais, mas edificar ambos simultaneamente”. Afinal, “ornamentação não é ornamento, e decoração não é decoro”. Rodrigo Bastos é o autor do mais recente título da prestigiada Coleção Urbanismo e Arquitetura da Cidade, viabilizada pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) com apoio da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade. Em A arte do Urbanismo Conveniente: o decoro na implantação de novas povoações em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII, o pesquisador apresenta “uma visão alternativa para a história do urbanismo colonial luso-brasileiro”. Segundo Carlos Antônio Leite Brandão, pesquisador do CNPq e orientador do autor no mestrado, o livro preenche uma lacuna fundamental na história e na teoria da arquitetura brasileira. “Ninguém é naturalmente decoroso, assim como ninguém é naturalmente humano. O decoro e o humano não são naturais, mas construídos ao longo da vida e através da cultura”, lembra Brandão no prefácio da obra.
Embora contextualizada e desenvolvida em Minas, a pesquisa se aplica a outras regiões do país. É importante acrescentar que as povoações estudadas são protagonistas de um dos processos mais significativos da história urbana compartilhada por colonizadores e colonizados. “O decoro é instrumento fundamental para a constituição das sociedades e das cidades que herdamos e transmitimos aos nossos sucessores”, constata a obra de Rodrigo Bastos. O decoro, explica Brandão, “é uma invenção humana para permitir que o humano e o urbano tenham lugar e possam sobreviver. Perdê-lo é uma forma de empobrecer o humano e as cidades, ou, até mesmo, de desinventá-los”.
O autor, ciente da abrangência da pesquisa, faz comparações com outras cidades e oferece conhecimentos teóricos e históricos para o ensino de Arquitetura e Urbanismo. “O estudo e a consideração de preceitos seculares constituem um caminho de pesquisas fundamental para o melhor conhecimento dos processos de formação de povoações no período colonial”, deixa claro nos quatro capítulos da dissertação defendida em 2003 junto ao Núcleo de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Atualmente Rodrigo Bastos é professor de Estética, História da Arte e Arquitetura Brasileira do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC. O livro é enriquecido por figuras, imagens e fotos, características que marcam os títulos anteriores da nova coleção da EdUFSC, cujos conteúdos “manifestam” uma clara preocupação com o ensino, a pesquisa, a extensão, a cultura, a história, a arte, a política, o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas.
A coleção não só discute o passado e recupera a memória, mas também intervém na vida e realidade das cidades. Por exemplo, em Reconstruindo paisagens- desafios socioespaciais para a Grande Florianópolis, a coleção da EdUFSC avalia e propõe alternativas para o Plano Diretor, tendo como pano de fundo o Estatuto da Cidade, regulamentado em 2001. Abarca, portanto, títulos que vão do local ao universal, democratizando o conhecimento gerado na academia com dinheiro público.
Na mesma linha do livro sobre as povoações mineiras, a EdUFSC publicou recentemente Memórias, ausências e presenças do Art Déco em Lages, que insere Santa Catarina na história da arquitetura nacional e universal.
A Coleção Urbanismo e Arquitetura da Cidade, que soma uma dezena de títulos, é criativa e generosa: presenteia os leitores com fotografias, mapas, figuras e ilustrações. Além do recheio, que são os textos.
Mais informações com a EdUFSC: www.editora.ufsc.br / (48) 3721-9408
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Moacir Loth/Jornalista da Agecom/UFSC