Clássico da EdUFSC estimula ousadia no exercício da Teoria Literária

13/12/2014 16:30

Capa livro MímesisA Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) presta mais um relevante serviço à cultura e à comunidade acadêmica ao lançar uma nova edição de Mímesis – desafio ao pensamento, obra capital de um dos principais nomes da teoria literária, o professor e escritor Luiz Costa Lima, intelectual reconhecido no Brasil e no exterior. Abrangente e plural, a obra, inovadora e polêmica, abarca diversos campos do conhecimento, como, por exemplo a arte, a filosofia, a história, a comunicação, o cinema, a política e o direito.

A segunda edição revista do “livro-limite” de Luiz Costa Lima, publicado originalmente em 2000, tem a leitura facilitada através de uma nova introdução e a inclusão de um posfácio escrito por Sérgio Alcides. Corroboram com a tese do autor e com o desafio dos leitores, a inclusão de uma entrevista “ping-pong”, um epílogo e um índice de temas e nomes. O texto do escritor segue um ritmo de suspense nas 336 páginas fundamentadas a partir de pesquisas realizadas na cultura clássica e universal. A obra foi escrita entre 1995 e 1999, mantendo-se atual e referencial até hoje. A nova edição, ora lançada, foi avalizada pelo Conselho Editorial da EdUFSC em 2013.

O autor enfrentou barreiras de toda ordem para viabilizar a sua empreitada intelectual. “Sabia ter sido o livro mais ousado que escrevera”, pois “procurei pensar por conta própria”, recorda Luiz Costa Lima no prefácio à segunda edição intitulado “Quando teorizar é um ato de ousadia”. (Ou pecado). O seu pensamento, em resumo, contraria “a subserviência epigônica, vigente tanto entre os que permaneciam contrários à teorização, como entre os poucos mais jovens, que passavam a praticá-la”.

– Para tanto, o livro se propunha o exame das questões da mímesis, do sujeito e da representação, em comum consideradas como categorias desprezíveis pela tendência mais brilhante do pensamento contemporâneo, assinala. “Mímesis, estatuto do sujeito e da representação são, portanto, os pontos fundamentais aqui desenvolvidos”, esclarece Luiz Costa Lima.

A reedição do clássico é um alento contra o preconceito que continua atormentando a teoria literária no Brasil, tanto por “experts” como por leitores. “Continua a má vontade dos professores de letras contra a reflexão teórica ou é ela confundida com a história da crítica ou a análise de textos antológicos”, lamenta, sabendo, como realça, que “o debate” sempre “é mais promissor que a concordância”.

Embora tenha cravado precioso tento na teoria desenvolvida, o autor é humilde e acredita ter dado apenas o primeiro passo na trilha a ser explorada. “Só há uma coisa que posso fazer: formular o delineamento geral daquele pensar”. Foi o que fez Luiz Costa Lima, ciente de que “o crítico é sempre marcado pela história”.

Mímesis: desafio ao pensamento é, na verdade, como afirma o próprio autor, “um livro absolutamente teórico, que busca exclusivamente repensar a mímesis e avançar”. Enfim, para não complicar, mímesis é “produtora de semelhança”.

Luiz Costa Lima confessa-se satisfeito por progredir na compreensão da mímesis, sobretudo como fenômeno explicativo da arte. “A mímesis não pode ser pensada a partir do indivíduo, quer o produtor, quer o receptor. Nela, sempre uma coletividade se faz ouvir. Nessa coletividade de tão distintos efeitos, é possível enumerar as distinções e as equivalências”. Platão combateu a Mímesis e Aristóteles tornou-se o seu principal sistematizador. Qual será a pretensão do livro da EdUFSC nesta história? “Desenvolver uma revisão radical do conceito grego de Mímesis”, capaz de revolucionar “a abordagem da obra de arte”, respondem os sujeitos. “A Mímesis lança o sujeito para fora de si”, complementa o autor na sua tese genuína. Este livro constata Sérgio Alcides, reúne “uma importância ao mesmo consolidadora e inseminadora”. Parece ser uma obra ancorada na história e esculpida no cotidiano. E ambientada no Universal.

Professor Emérito da PUC, do Rio de Janeiro, Luiz Costa Lima lecionou também em importantes Universidades da América Latina, da América do Norte e da Europa. Publicou mais de 20 livros sobre Teoria da Literatura e Literatura Comparada. Reconhecido internacionalmente, recebeu na Alemanha, em 1992, o Prêmio de Pesquisa pelo conjunto de sua obra como pesquisador estrangeiro. O professor é o entrevistado do último número de 2014 da revista cultural Subtrópicos. Além de uma aula de teoria literária, o pensador faz um elogio público à qualidade e à política editorial da EdUFSC. Luiz Costa Lima também publicou pela editora universitária o livro Escritos de Véspera.

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Moacir Loth/Jornalista da Agecom/UFSC

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