Encontro na UFSC debate vacina contra HPV
Na quarta-feira, 26 de março, um debate sobre a vacina contra o HPV – recentemente incluída na lista de vacinas distribuídas pela rede pública – foi realizado no auditório do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Organizado pela Liga de Medicina da Família e Comunidade (LiMFC) da UFSC, o encontro teve as contribuições dos médicos Jardel Correa de Oliveira (MFC), Ronaldo Zota (MFC), Edison Fedrizzi (Chefe do Centro de Pesquisa Clínica Projeto HPV) e Sônia Maria de Faria (Infectologia e Pediatria). A vacina contra o HPV – que teve o Hospital Universitário (HU) da UFSC como um de seus centros de desenvolvimento e pesquisa – está disponível para meninas de 10 a 13 anos, em escolas e postos de saúde.
O principal ponto discutido durante as apresentações foram as polêmicas reações à vacina, como mal-estar, dores de cabeça e náuseas. Estudos de vários países apontam também relações com doenças mais graves como Síndrome de Guillain-Barré, uveíte, falência ovariana precoce, esclerose múltipla e tromboembolismo venoso – no Japão, a vacina não é mais recomendada pelo governo. Entretanto, também foram apresentados testes a favor da vacina: segundo o médico Edison Fedrizzi, o Projeto HPV da UFSC dedicou 12 anos de pesquisas à vacina quadrivalente (previne contra quatro tipos de HPV), o que o permite afirmar que não há relação causal, e sim coincidências em alguns casos das doenças; ele também questionou alguns artigos divulgados pela grande mídia, e disse haver desinformação sobre a vacina.
No Brasil, das mais de 680 mil doses distribuídas pelas redes pública e privada, não foram observadas adversidades graves relacionadas à vacina, em 12 cidades monitoradas. As exceções foram algumas reações alérgicas, que ocorrem também com outros medicamentos. De acordo com o Projeto HPV da UFSC, o European Research Organisation on Genital Infection and Neoplasia (EUROGIN) – congresso internacional que realizou inúmeros debates sobre a vacina em novembro de 2013 – chegou à conclusão de que as vacinas são eficazes e seguras.
O debate sobre o HPV recebeu um público além do esperado pela organização; estudantes, profissionais da saúde, e também interessados pelo assunto lotaram o auditório do CCS. Para a coordenadora acadêmica da LiMFC, Carina Yumi Takahashi, o debate foi um sucesso. “Muitas pessoas vieram comentar que foi muito bom abordar visões diferentes sobre esse assunto que tem gerado muita polêmica na mídia e redes sociais”, disse.
A LiMFC realiza dois encontros mensais, geralmente sem tantos participantes, pois envolvem assuntos mais clínicos. As exceções são assuntos em destaque e palestras internacionais – por duas vezes houve a presença do médico espanhol Juan Gérvas. Médicos, enfermeiros e nutricionistas participam dos encontros, que são sempre abertos à comunidade.
Para mais informações sobre a LiMFC, acessar http://limfc-ufsc.blogspot.com.br/
Matheus Alves / Estagiário de Jornalismo na Agecom / UFSC
matheusalvesdealmeida@gmail.com
Claudio Borelli / Revisor de Textos da Agecom / Diretoria-Geral de Comunicação / UFSC
claudio.borrelli@ufsc.br