Doutorando da UFSC e bolsista no Ciência sem Fronteiras é premiado em evento nos EUA

16/04/2014 17:43

Guilherme Longo foi premiado com o primeiro lugar durante o 43rd Benthic Ecology Meeting, na cidade de Jacksonville, Flórida. Longo é bolsista de Doutorado da UFSC e do Ciência Sem Fronteiras. (Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)

O estudante de doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e bolsista do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), Guilherme Ortigara Longo, conseguiu o primeiro lugar com um trabalho apresentado no 43rd Benthic Ecology Meeting, na cidade de Jacksonville, Flórida, ocorrido em março de 2014. O brasileiro está no Georgia Institute of Technology, onde realiza estudos de ecologia química aquática, especialmente em recifes de coral.

O trabalho desenvolvido por Guilherme busca mostrar que algas que estão competindo quimicamente com corais podem ficar mais “saborosas” para os herbívoros, fato que acaba ajudando os corais a se livrar delas, beneficiando, assim, a saúde do recife como um todo. “Esse resultado é particularmente importante porque ressalta o papel dos herbívoros, como peixes e ouriços, na recuperação de recifes de coral. Eles controlam, potencialmente, as populações de algas e mantém colônias de corais mais saudáveis”, explica. O professor que trabalha com Guilherme nos EUA, Mark Hay, é um dos pioneiros no assunto.

Os resultados obtidos foram apresentados no encontro na Florida, uma das reuniões mais importantes do mundo para o estudo de organismos como macroalgas e invertebrados marinhos. “Minha participação foi fortemente incentivada pelo professor e apoiada pelo Georgia Institute of Technology. Certamente o fato de já estar nos EUA foi um dos fatos que tornou possível minha participação neste congresso. O próximo passo é publicar um artigo científico com esses resultados como parte da minha tese de doutorado”, conta.

Premiação no México
Guilherme Longo teve também outro trabalho premiado durante o doutorado-sanduíche. Foi em outubro de 2013, no 1º Congreso Panamericano de Arrecifes Coralinos, em Mérida, no México. “Apresentei os resultados de outro capítulo da minha tese de doutorado, desenvolvido inteiramente no Brasil, e o trabalho também foi premiado, dessa vez em terceiro lugar. Os resultados compõem a primeira avaliação integrada de ambientes recifais rasos do Atol das Rocas, incluindo dados sobre a cobertura de corais e algas, comunidade de peixes e processos ecológicos importantes como herbivoria”, lembra.

Este trabalho é um dos frutos da Rede Nacional de Pesquisa em Biodiversidade Marinha, contou com a participação de pesquisadores de diferentes instituições no Brasil e está sendo finalizado para publicação. Foi coordenado pelo orientador de Guilherme, Sergio Floeter, professor do Departamento de Ecologia e Zoologia na UFSC, responsável pelo Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha (LBMM). Além da bolsa para o doutorado-sanduíche nos Estados Unidos, Guilherme é bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no Brasil, como estudante de doutorado da UFSC.

Para Guilherme, um resultado importante da pesquisa é a ponte entre cientistas de diferentes países. (Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)

Doutorado-Sanduíche
Segundo o bolsista brasileiro, poder realizar parte de sua pesquisa no exterior foi essencial para os encaminhamentos positivos do trabalho, por ampliar o escopo da análise. “Por meio da Rede Nacional, tive a oportunidade de reunir dados de pelo menos 14 locais ao longo da costa brasileira, desde o Maranhão até Santa Catarina. Durante o período do sanduíche, tive a oportunidade de expandir as coletas de dados em diversos locais do Caribe (ex. México, Belize e Curaçao) e costa leste dos EUA (ex. Florida, Georgia, North Carolina)”, ressalta.

Para Guilherme, um resultado importante da pesquisa é a ponte entre cientistas de diferentes países. “Todo esse esforço construiu importantes canais de colaboração entre pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos e resultará em avanços científicos mais robustos”.

Sobre a importância da modalidade, o bolsista não hesita em definir como experiência fundamental para um aluno de doutorado, independentemente da área do conhecimento, e, potencialmente, o melhor investimento que um doutorando pode receber. “A oportunidade de realizar uma imersão de até um ano em uma instituição de ensino no exterior certamente tem um valor muito maior que o investimento financeiro da bolsa. Além do crescimento pessoal de imersão em outra cultura, língua e lugares, é sem dúvida um momento de crescimento profissional intenso”, afirma.

Guilherme conta que a experiência no exterior transformou sua visão sobre a ciência no Brasil. “O doutorado-sanduíche é uma oportunidade única de observar como a universidade, o programa de pós-graduação e até mesmo a pesquisa é gerida e encarada de maneira diferente. Isso é imprescindível para identificar erros e acertos, traçar planos pra mudar a realidade acadêmica no país e acabar de uma vez por todas com um fantasma que vaga pelos corredores de diversas universidades brasileiras de que somos menos preparados ou capazes quando comparados a estudantes do exterior. Pelo contrário, nossas limitações de infraestrutura e financiamento nos ensinam a dar valor a esses recursos, aproveitá-los ao máximo quando disponíveis, mas também nos mostra o quanto devemos trabalhar por melhores condições de pesquisa no país”, conclui.

 

Diretoria-Geral de Comunicação
com informações da CAPES 

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