EdUFSC lança tradução trilíngue de clássico da filosofia universal
“A autonomia da razão, ou a razão como critério último, é a inovação mais característica da contribuição grega ao desenvolvimento do pensamento, característica definidora da filosofia, que era inexistente nas manifestações teóricas dos outros povos”, sublinha o filósofo Fernando Coelho, tradutor e organizador de As categorias, clássico de Aristóteles, lançado em edição trilíngue (grego, português e latim), pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC).
No prefácio, o professor de Filosofia Antiga da Universidade Federal Fluminense (UFF), Luís Felipe Bellintani Ribeiro, ressalta a relevância social e científica da obra de Aristóteles. “É preciso haver uma ciência da predicação; é necessário que as categorias sejam muitas – mas em número finito”, ressalta.
Ao lembrar que “a filosofia é uma criação do espírito grego”, o tradutor Fernando Coelho esclarece que o livro “é um tratado de ontologia inacabado”. Nele Aristóteles procura “descrever as categorias ou procedimentos, que são um dos vários modos legítimos de dizer o ser”. De forma didática, explica que “a questão do ser se traduz na questão da entidade”, ou seja, “as categorias são modos de dizer o ser, relacionados à entidade”, e descrevê-las “é parte da ciência que deve investigar o ser enquanto ser”.
O livro, traduzido diretamente do original, é apresentado em 15 capítulos. “Os textos com os quais As categorias dialogam são aqueles que tiveram origem nas discussões acadêmicas”, abarcando, portanto, a Academia de Platão. Fernando Coelho acrescenta que se dedicou a “encontrar fundamentos para a prática da tradução de textos de filosofia antiga que objetiva trazer para a língua-cultura de chegada o maior número possível de características do texto original”.
O público-alvo é o estudante de Filosofia, mas a obra pode ser acessível a leitores de várias áreas do conhecimento; afinal, como ensina o tradutor, “a Ontologia é a mais geral das ciências, diferenciando-se das ciências particulares”.
Para se ter uma ideia da importância de As categorias, basta citar que Aristóteles atendia, na Idade Média, pelo codinome de O Filósofo.
“Aristóteles encarna a duplicidade fundamental que atravessa a tradição ocidental desde o início, precisamente no momento ambíguo da decadência do auge dessa tradição na Grécia Antiga”, assinala o prefaciador.
Aristóteles nasceu em 384 (ou 383) a.C., em Estagira – antiga cidade da Macedônia, situada na atual Grécia –, mudou-se para Atenas com 17 anos, e, por quase duas décadas, ficou ligado à Academia de Platão.
O período em que chefiou o Liceu (sua nova escola) foi o mais profícuo e importante da sua carreira de filósofo e pensador. “Descrever As categorias é parte da ciência que deve investigar o ser enquanto ser”, defende o tradutor, que oferece também um glossário comentado aos leitores.
Fernando Coelho entende que “o tradutor não pode apagar-se”, pois “é a partir da sua experiência presente que ele lê e interpreta o texto original, e as marcas indeléveis dessa leitura única transparecerão no aspecto linguístico e ideológico de sua tradução”.
Conhecedor de História, Fernando Coelho recorda que os gregos, apesar de sua fragmentação territorial e política, “formavam uma unidade linguística, que, na sua forma de vida, produziu a sua particular representação do mundo a partir da sua própria experiência”.
Quando alguém “fala difícil”, normalmente se brinca que “está falando grego”; no entanto, a publicação de As categorias prova que os gregos, historicamente, se comunicam como poucos. “Com a filosofia os gregos criaram os conceitos da filosofia”, reforça o tradutor.
Afinal, como ilustra o professor Luís Felipe no prefácio, “o realismo de Aristóteles e dos gregos de modo geral não tem nada de ingênuo”.
Além de Aristóteles, a EdUFSC lançou recentemente Digesto de Justiniano-Livro Segundo: Jurisdição, clássico do Direito Romano, traduzido pelo professor José Isaac Pilati.
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Moacir Loth / Jornalista da Agecom / Diretoria-Geral de Comunicação / UFSC
Claudio Borrelli / Revisor de Textos da Agecom / Diretoria-Geral de Comunicação / UFSC