Colégio de Aplicação debate 50 anos do Golpe Militar de 1964

31/03/2014 17:33

Debate sobre os 50 anos do golpe militar de 64 começou nesta segunda-feira e segue até amanhã, 1º de abril, no auditório do Colégio de Aplicação. Foto: Wagner Behr/Agecom/UFSC

O Laboratório de Ensino de História do Colégio de Aplicação (LEHCA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promove o encontro “O contrário do esquecimento é a verdade: reflexões sobre a ditadura militar no Brasil”, que começou na manhã desta segunda-feira, 31 de março, e segue até amanhã, 1º de abril, no auditório do Colégio de Aplicação.

A mesa-redonda do primeiro dia, intitulada “Golpes e Resistências”, contou com a presença de Camilo Buss Araújo, professor de Estudos Latino-Americanos; Reinaldo Lindolfo Lohn, historiador; e Celso Martins, jornalista histórico. Com enfoque na América Latina, o professor Camilo apresentou trechos do filme argentino “Crônica de uma fuga”, que retrata momentos de interrogatórios e torturas pelos quais passaram os presos políticos de 1977 na Argentina – país onde havia mais de 500 centros de detenção clandestinos para militantes. De acordo com dados do professor, 30 mil pessoas foram assassinadas, e 500 bebês sequestrados e depois registrados ilegalmente, entre os anos de 1976 e 1983.  Camilo Buss explicou que os golpes militares na América Latina tiveram o apoio dos Estados Unidos, e fez um paralelo entre o momento pré-Golpe Militar de 64 e o que se está vivendo atualmente, no qual a palavra democracia e símbolos pátrios são utilizados em demasia para legitimar uma situação.

O jornalista Celso Martins contou como era seu tempo no Colégio de Aplicação, onde começou os estudos em 1967, época em que o regime militar estava muito presente na escola, censurando qualquer tipo de atitude vista como comunista.  Celso lembrou o jornal produzido pela turma, que abordava acontecimentos sobre o golpe em diversas regiões do país; porém, nem sempre a publicação era entregue completa, pois, de acordo com os professores, certas notícias não deveriam ser vinculadas.

Para finalizar, o professor Reinaldo Lohn ressaltou que, oficialmente, o golpe não ocorreu no dia 31 de março de 1964, mas em 1º de abril daquele ano.  Segundo o historiador, pessoas eram pagas para difamar o governo do presidente João Goulart, com o objetivo de desestabilizá-lo e justificar o que viria a acontecer. Uma parte da população temia que o Brasil se transformasse em uma ditadura socialista similar à praticada em Cuba; por isso, houve um movimento de reação por parte de setores conservadores da sociedade brasileira, que apoiavam qualquer ação que impedisse aquele fato.

A mesa-redonda de amanhã, 1º de abril, último dia do evento, terá o tema “O contrário do esquecimento”, com presença de Derlei Catarina de Luca, Marize Lippel e Ana Lice Brancher.  O evento – gratuito – será às 10h30, no auditório do Colégio de Aplicação. Os participantes recebem certificado.

Mais informações com a professora Karen Christine Rechia, membro da Rede de Pesquisa – Imagens, Geografias e Educação, pelo telefone (48) 9121-2343. 

Andressa Prates/Estagiária de Jornalismo da Agecom/UFSC
andressa.pratesfreitas@gmail.com

Claudio Borelli/Revisor de Textos da Agecom/Diretoria-Geral de Comunicação/UFSC

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