Alunos de artes cênicas da UFSC encenam “O último Godot”
O último Godot , do dramaturgo romeno Matéi Visniec, estreia pela primeira vez no Brasil no dia 18 de junho, às 20h, no Sesc Prainha. A apresentação, concebida por alunos da sétima fase do curso de Artes Cênicas da UFSC, faz uma homenagem aos 60 anos de estreia de Esperando Godot, de Beckett (1906 – 1989), que foi encenada pela primeira vez em 1953, no Théâtre de Babylone, em Paris. No mês de julho, as apresentações serão no Teatro da UFSC.
Apresentações:
Junho: 18, 19, 20, 25, 26, 27 – SESC PRAINHA
Julho : 5, 6, 7, 26, 27, 28 – TEATRINHO – UFSC
Agosto: 13, 14, 20, 27 e 28 – UBRO
Setembro: 20, 21 e 22 – UBRO
Nos anos 1950, Beckett ofereceu ao ator e diretor teatral parisiense Roger Blin duas peças suas: Eleutheria (1947) e Esperando Godot. Blin optou por montar a segunda, porque considerou que os custos de produção de Godot não seriam tão altos quanto os de Eleutheria, que precisava de um cenário móvel e de dezessete atores em cena. Godot requeria apenas cinco atores e um cenário praticamente vazio, com uma arvorezinha ao fundo. O tema mais visível da peça de Beckett é a espera: em dois atos, dois personagens, Estragon e Vladimir, esperam a chegada de Godot.
Em 1987, o dramaturgo romeno Matéi Visniec (1956 – ), radicado na França, escreveu O último Godot, em homenagem à obra-prima de seu mestre Samuel Beckett. Para Visniec, a peça de Beckett, “hermética para um bom número de pessoas, ‘absurda’ para a maioria dos observadores do fenômeno literário, era para mim de uma clareza incrível, de um realismo cruel, de uma transparência divina. Lendo Esperando Godot compreendi quase tudo sobre a natureza humana, […].”
O último Godot (1987) narra o encontro inusitado entre o escritor irlandês Samuel Beckett (1906 – 1989) e seu misterioso personagem Godot (de Esperando Godot, 1952). Godot, na releitura contemporânea de Visniec, tem uma visão bastante apocalíptica do teatro:
Beckett – Eu também quero dizer uma coisa. Lamento tudo que aconteceu. Se quiser, você pode entrar no final, como queira.
Godot – E pra quê? O teatro está morto.
Ao ser perguntado sobre o que quis dizer com “o teatro está morto”, e se teria alguma relação com a situação do teatro na Romênia, Visniec explicou que, no seu país, em certo período da história, o teatro viveu (ou antes sobreviveu) “enquanto teatro vigiado, perseguido (pelo poder), frequentemente desfigurado pelos pequenos ‘compromissos’ que os autores aceitavam para ver suas peças representadas.”
Porém, pode-se também pensar que a “morte do teatro” estaria relacionada com a descrença atual de que a arte (ou o teatro, mais especificamente) poderia “salvar” o mundo; ou, ainda, com a ideia de um teatro que se esgotou enquanto função e meio.