Livro da EdUFSC narra história e evolução das telecomunicações em SC

16/05/2013 12:59

O desenvolvimento da telefonia em Santa Catarina – Das linhas às redes, de André Luiz Santos, certamente não seria o livro de cabeceira de Alexandre Ghram Bell, mas é uma obra que enfoca, de forma crítica e criativa, a história e a evolução do setor, detalhando e traçando um panorama político, econômico e social em todas as regiões do Estado.

Resultado de uma dissertação de mestrado, o livro foi lançado pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) e investiga, a fundo, o desenvolvimento das redes de telecomunicação até os dias atuais. O autor analisa, por exemplo, “como fatores de ordem econômica, tecnológica, política e territorial se combinaram para permitir a passagem das linhas às redes locais, regionais e ao sistema integrado de telecomunicação em SC”. A pesquisa é dividida em três capítulos, correspondentes a três períodos históricos. A primeira experiência com telefone aconteceu em Desterro (hoje Florianópolis) em 1878.

Na primeira parte da pesquisa, André Luiz dos Santos apresenta, além de planos e promessas, a implantação das primeiras linhas isoladas, as redes locais e as tentativas de viabilização de uma rede intermunicipal.

No capítulo seguinte mostra, a partir da concessão dada à Companhia Telefônica Catarinense (CTC) em 1927, o desafio de empreender um sistema telefônico intermunicipal, “culminando com a formação de um sistema integrado na década de 1960”.

Com o cuidado de explicitar as fontes pesquisadas, no terceiro capítulo aponta a superação do caráter regional e assistemático das telecomunicações no estado, que avançou para um sistema integrado. Aqui o pesquisador fala das motivações econômicas e políticas, do contexto nacional, da estatização das telecomunicações e das questões territoriais e estratégicas da implantação do modelo integrado.

O autor lembra que inicialmente a telefonia foi aproveitada pelo poder público e pelas elites econômicas. “As redes serviam como instrumento às relações de pequena parcela da sociedade e numa maior diferenciação de consumo entre classes sociais”, ou seja, o domínio das redes telefônicas funcionou como uma forma de dominação do espaço e fonte de poder.

As condições da localização geográfica e o circuito comercial, constata o pesquisador, influenciavam mais a expansão da rede do que o tamanho da população. Ele também recorda que as dificuldades de importação em decorrência da Segunda Guerra Mundial prejudicavam a instalação de novas redes locais. A dependência tecnológica, na época, era quase total. O fortalecimento do setor só ocorreu após a guerra. O autor sublinha que os governos militares passaram a atribuir às telecomunicações uma “importância estratégica para a segurança nacional e de vital interesse ao desenvolvimento econômico”. André Luiz Santos desmistifica a teoria de que havia uma relação direta entre o total da população urbana e o número de linhas locais. “Os atores econômicos e as populações das diversas cidades mantinham uso diferenciado dos serviços telefônicos”, sustenta.

Os “problemas” do setor exigiram a formulação de uma política e um sistema nacional integrado. O pesquisador conclui que “os governos militares, após o golpe de 1964, apoiaram as medidas de desenvolvimento de infraestruturas que servissem à economia e à política de formação de um sistema integrado a serviço da segurança nacional”. Em resumo, em SC “o fortalecimento do papel do Estado no setor, como agente das redes e dos serviços, acentuou a influência política na configuração das redes e na integração estadual”.

O autor ainda denuncia o uso político, econômico e militar das telecomunicações e a exclusão social das populações, regiões e municípios mais pobres. História que se repete em outras áreas, o Oeste Catarinense foi a região que mais sofreu com o isolamento.

Mais informações:

Sérgio Medeiros e Fernando Wolff
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Moacir Loth/Jornalista da Agecom/UFSC
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