Espécie de coral invasor é encontrada novamente na Ilha do Arvoredo
Colônias da espécie invasora Tubastraea coccínea, conhecida como coral-sol, foram encontradas novamente há alguns dias na Ilha do Arvoredo, litoral de Santa Catarina. A descoberta foi feita pela pesquisadora Adriana Carvalhal Fonseca, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio – http://www.icmbio.gov.br/portal/), com o aluno de Biologia da UFSC Jonathan Lawley e a aluna de Oceanografia Bruna Gregoletto, que fazem parte do Projeto Biodiversidade Marinha UFSC/Fapesc. A espécie exótica já tinha sido detectada na Reserva Marinha Biológica do Arvoredo em janeiro deste ano pelos biólogos Edson Faria-Junior, Cecília Pascelli e Paulo Bertuol. Será necessário um monitoramento constante e a longo prazo, tanto na Ilha do Arvoredo, quanto em ilhas próximas, que também podem ser afetadas por esta bioinvasão.
A espécie é nativa do Indo-Pacífico e a hipótese mais aceita é a de que chegou ao Brasil na década de 80 fixada em plataformas de petróleo. Na década de 90, atingiu os
costões rochosos da Baía da Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, também transportada em plataformas. A invasão de ecossistemas pelo coral-sol não era comum no Brasil até dez anos atrás. Em 2008, foi descoberto em São Paulo e agora é registrado em toda a extensão entre Santa Catarina e Bahia. “É uma expansão muito rápida”, alerta o professor Alberto Lindner, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC.
Em Santa Catarina, foi encontrada em uma plataforma petrolífera de Itajaí, mas o vetor de transporte para a Ilha do Arvoredo é desconhecido – o casco de embarcações é uma das hipóteses. Na Ilha, as colônias foram detectadas apenas na face sudoeste, em regiões rasas com menos de dez metros de profundidade. Além da plataforma de Itajaí, a Reserva do Arvoredo é o único local do Estado com registros de coral-sol até o momento. O professor acredita que a Ilha seja um dos poucos locais no Brasil onde a remoção dessas colônias ainda é viável, pois o número encontrado inicialmente (menos de 500) permite controle. Entretanto, a descoberta de mais colônias na semana retrasada indica que pode não ser tão simples. “Há uma expansão de atividades marítimas no país e é provável que o coral-sol continue chegando a Santa Catarina. Portanto, é necessário um monitoramento constante, não só para remover o que já foi encontrado, mas principalmente para detectar novos focos no futuro”, afirma Alberto.
Após a detecção, em janeiro, o grupo de biólogos fez contato com o ICMBio e com o Projeto Coral-Sol, criado em 2005 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pelo Instituto de Biodiversidade Marinha com a proposta de controlar o coral exótico invasor, atuando em pesquisas, monitoramentos e remoção no litoral brasileiro. “O Projeto Coral-Sol foi fundamental na iniciativa de remoção, pois não apenas treinou nossos alunos, como participou ativamente da ação em fevereiro. Estamos realizando agora o monitoramento, liderados pelo ICMBio, com apoio da UFSC”, afirma Alberto Lindner que, apesar da situação, está confiante. “Sou realista e sei que será muito difícil impedir que o coral-sol volte a chegar ao Estado. Mas estou muito otimista com o monitoramento a longo prazo, visto que a rápida detecção de novos focos e remoção das colônias é a melhor, se não única, estratégia viável para evitar a expansão desta bioinvasão em Santa Catarina”.
Informações : professor Alberto Lindner alindner@ccb.ufsc.br e (48) 3721-4744
Isadora Ruschel/ Estagiária de Jornalismo da Agecom/ UFSC
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