Espécie de coral invasor é encontrada novamente na Ilha do Arvoredo

22/10/2012 15:47

Coral-Sol – foto Bruna Gregoletto/ UFSC

Colônias da espécie invasora Tubastraea coccínea, conhecida como coral-sol, foram encontradas novamente há alguns dias na Ilha do Arvoredo, litoral de Santa Catarina. A descoberta foi feita pela pesquisadora Adriana Carvalhal Fonseca, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio – http://www.icmbio.gov.br/portal/), com o aluno de Biologia da UFSC Jonathan Lawley e a aluna de Oceanografia Bruna Gregoletto, que fazem parte do Projeto Biodiversidade Marinha UFSC/Fapesc. A espécie exótica já tinha sido detectada na Reserva Marinha Biológica do Arvoredo em janeiro deste ano pelos biólogos Edson Faria-Junior, Cecília Pascelli e Paulo Bertuol. Será necessário um monitoramento constante e a longo prazo, tanto na Ilha do Arvoredo, quanto em ilhas próximas, que também podem ser afetadas por esta bioinvasão.

A espécie é nativa do Indo-Pacífico e a hipótese mais aceita é a de que chegou ao Brasil na década de 80 fixada em plataformas de petróleo. Na década de 90, atingiu os

Colônias removidas – foto Jonathan Lawley/UFSC

costões rochosos da Baía da Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, também transportada em plataformas. A invasão de ecossistemas pelo coral-sol não era comum no Brasil até dez anos atrás. Em 2008, foi descoberto em São Paulo e agora é registrado em toda a extensão entre Santa Catarina e Bahia. “É uma expansão muito rápida”, alerta o professor Alberto Lindner, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC.

Em Santa Catarina, foi encontrada em uma plataforma petrolífera de Itajaí, mas o vetor de transporte para a Ilha do Arvoredo é desconhecido – o casco de embarcações é uma das hipóteses. Na Ilha, as colônias foram detectadas apenas na face sudoeste, em regiões rasas com menos de dez metros de profundidade. Além da plataforma de Itajaí, a Reserva do Arvoredo é o único local do Estado com registros de coral-sol até o momento. O professor acredita que a Ilha seja um dos poucos locais no Brasil onde a remoção dessas colônias ainda é viável, pois o número encontrado inicialmente (menos de 500) permite controle. Entretanto, a descoberta de mais colônias na semana retrasada indica que pode não ser tão simples. “Há uma expansão de atividades marítimas no país e é provável que o coral-sol continue chegando a Santa Catarina. Portanto, é necessário um monitoramento constante, não só para remover o que já foi encontrado, mas principalmente para detectar novos focos no futuro”, afirma Alberto.

Após a detecção, em janeiro, o grupo de biólogos fez contato com o ICMBio e com o Projeto Coral-Sol, criado em 2005 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pelo Instituto de Biodiversidade Marinha com a proposta de controlar o coral exótico invasor, atuando em pesquisas, monitoramentos e remoção no litoral brasileiro. “O Projeto Coral-Sol foi fundamental na iniciativa de remoção, pois não apenas treinou nossos alunos, como participou ativamente da ação em fevereiro. Estamos realizando agora o monitoramento, liderados pelo ICMBio, com apoio da UFSC”, afirma Alberto Lindner que, apesar da  situação, está confiante. “Sou realista e sei que será muito difícil impedir que o coral-sol volte a chegar ao Estado. Mas estou muito otimista com o monitoramento a longo prazo, visto que a rápida detecção de novos focos e remoção das colônias é a melhor, se não única, estratégia viável para evitar a expansão desta bioinvasão em Santa Catarina”.

Informações : professor Alberto Lindner alindner@ccb.ufsc.br   e (48) 3721-4744

 Isadora Ruschel/ Estagiária de Jornalismo da Agecom/ UFSC
isadoracasatanhel@gmail.com

Tags: Alberto Lindnercoral-solIlha do Arvoredo