Monografia sobre digestores anaeróbios para tratamento do lixo urbano é premiada

04/05/2012 14:09

Um dos maiores desafios atuais é o gerenciamento de resíduos sólidos, tanto recicláveis quanto orgânicos. Cerca de 50% dos resíduos sólidos produzidos atualmente não podem ser reciclados, como dejetos de criação de animais, lodos de tratamento de efluentes, resíduos de processos industriais e resíduos orgânicos domésticos.

No Brasil, o destino aceito como o mais adequado para os lixos orgânicos é o aterro sanitário, que além de causar problemas ambientais enfrenta embates dos custos operacionais e da disponibilidade de áreas. Uma alternativa promissora para esses resíduos é o emprego de digestores anaeróbios.

Na Dinamarca, Alemanha e Suécia, este método é aplicado em larga escala, pois na Europa existe uma crescente restrição ambiental de disposição de resíduos em aterros e estímulo para a produção de energias renováveis. No Brasil, o sistema tem sido empregado no meio rural, como o manejo de dejetos suínos no oeste catarinense.

O ex-aluno da UFSC Lúcio Costa Proença, graduado em Engenharia Sanitária e Ambiental em 2010, apresentou na última terça feira, dia 24, durante o 3º Seminário Energia + Limpa, sua monografia sobre a viabilidade destes digestores em Florianópolis, para aproveitamento energético do biogás. O estudo foi um dos premiados pelo concurso Eco_Lógicas de Monografias em Energias Renováveis e Eficiência Energética, do Instituto Ideal, que contemplou trabalhos de escolas de nível superior do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).

Além de ser uma alternativa à dependência de aterros sanitário e  uma possibilidade de minimizar problemas ambientais, reduzindo a emissão de gases causadores das  mudanças climáticas, acidificação e poluição atmosférica, a utilização de digestores anaeróbios gera energia renovável, o biogás, com queima do gás metano. “Os atuais métodos de recuperação de energia do biogás permitem aproveitar até 90% da energia contida neste combustível, sendo possível converter 40% em energia elétrica e 50% em energia térmica”, explica Lúcio.

Levando em conta as proporções de um gerador para Florianópolis, a quantidade de gás metano seria equivalente a um potencial de 2,3MW por ano, sendo 1,15MW transformado em energia elétrica ─ o suficiente para abastecer cerca de quatro mil residências e gerando uma receita anual de R$ 2,7 milhões. Lúcio também ressalta a vantagem do uso dos digestores na formação de um composto estabilizado, que pode ser utilizado como adubo para a agricultura, estimando uma receita de R$ 90 mil por ano.

Para definir os custos e o dimensionamento do digestor anaeróbio para Florianópolis, Lúcio da Costa Proença adotou um período de 10 anos, levando em conta a quantidade anual de resíduos gerados por ano: geração per capita diária e projeção populacional para a cidade de Florianópolis no período considerado. Segundo Lúcio, o equipamento deve ter 7748m³, sendo um digestor cilíndrico de 12 metros de altura e 29 metros de diâmetro.

O valor estimado é de R$ 15 milhões, entre obras civis, equipamentos eletromecânicos e um fator de segurança de 30%, que contempla a importação de peças e adaptações à realidade brasileira. Os custos de operação ficam na ordem de R$ 13 milhões anuais – sendo que atualmente são gastos em operações R$ 107,00 por tonelada de lixo nos aterros sanitários, enquanto no digestor seriam de R$ 121,00. Segundo o professor Armando Borges de Castilhos, orientador de Lúcio, a monografia é única no Brasil e o trabalho uma iniciativa importante da gestão dos resíduos sólidos em Florianópolis.

Mais informações: Lúcio Costa Proença / luciocostap@gmail.com

Por Ana Luísa Funchal / Bolsista de Jornalismo na Agecom

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