UFSC coordena avaliação da qualidade de testes diagnósticos para HIV e outras DSTs
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina o monitoramento da qualidade dos exames realizados nos laboratórios de todo o país. O controle interno e a participação em um programa de avaliação externa da qualidade são exigências legais, permitem verificar se as normas e os procedimentos são corretamente executados e se os equipamentos, materiais e reativos funcionam corretamente.
Para atender a essa demanda, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, estabeleceu uma parceria com a UFSC. A Universidade é responsável pela coordenação do programa de avaliação da qualidade para laboratórios públicos responsáveis pelo diagnóstico de HIV e sífilis, além de monitoramento da infecção pelo vírus HIV/ Aids. Laboratórios públicos são todos os Laboratórios Centrais (Lacen) dos estados, de universidades públicas, hospitais públicas e alguns de Santa Casas.
Capacitação
A professora do Departamento de Análises Clínicas da UFSC Maria Luiza Bazzo é a coordenadora do trabalho gerenciado via Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). Segundo ela, o controle de qualidade é precedido por um treinamento oferecido por equipes do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais e do Laboratório de Biologia Molecular e Micobactérias da UFSC. A capacitação permite o conhecimento da metodologia dos testes.
A professora explica que o programa de avaliação externa da qualidade envolve um mecanismo de controle, no qual o laboratório recebe um painel de amostras que são incluídas em sua rotina. O processo assemelha-se a um ‘exame laboratorial’. Os resultados são enviados pelos setores participantes para o Laboratório de Biologia Molecular e Micobactéria da UFSC e o desempenho é analisado de forma confidencial.
Junto a outras universidades brasileiras, como a Unifesp e a UFRJ, e a institutos como a Fiocruz e a Fundação Alfredo da Matta (FUAM), o programa de controle da qualidade coordenado pela UFSC oferece um panorama da realidade dos diagnósticos feitos em todo o país.
Testes rápidos
Em parceria com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais a UFSC também produz e coordena o programa de avaliação externa da qualidade para testes rápidos para Aids. Essa avaliação utiliza um método denominado Dried Tube Specimens (DTS), que possui baixo custo e alta eficiência.
O teste rápido faz parte das políticas de acesso ao diagnóstico do HIV disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. Segundo a portaria 151/Ministério da Saúde-DTS de 2009, esse tipo de teste é indicado para situações especiais, como parturientes que não fizeram pré-natal, acidentes de trabalho com materiais que perfuram ou cortam, usuários de drogas ou parceiros de pessoas que vivem com HIV/Aids.
Esse tipo de teste não é necessariamente feito em laboratórios, por isso, a importância de garantir a qualidade e eficiência do diagnóstico. A professora Maria Luiza Bazzo alerta que hoje, no mercado, não existe controle para avaliação externa da qualidade para esses testes. “O alcance dos testes rápidos é muito grande. Ele chega a muitas áreas que os laboratórios não atendem, daí a importância de se capacitar pessoas e monitorar a qualidade”, reforça.
Desafio
Para a professora, o trabalho de implementação do controle, principalmente dos testes rápidos, em todo o território é desafiador. “Só em uma primeira etapa, já vamos qualificar 400 profissionais para aplicar os testes rápidos. Eles não substituem o diagnóstico laboratorial, mas são boas alternativas como metodologias de acesso ao diagnóstico”, considera a coordenadora.
As capacitações na metodologia DTS estão sendo feitas desde início de novembro e aconteceram em São Paulo, Recife, Salvador, Cuiabá, Brasília, Belém. A de Florianópolis ocorreu nos dias 8 e 9 de dezembro. Nos dias 12 e 13 de dezembro será a vez de Belo Horizonte. Estes oito treinamentos reuniram profissionais de todo o território Nacional. A partir de março de 2012 será feita a primeira rodada de avaliação externa de testes rápidos englobando todo o território nacional.
A avaliação externa da qualidade é uma exigência legal, uma vez que permite ao laboratório verificar a qualidade dos procedimentos utilizados e, consequentemente, a confiabilidade dos resultados. “Muitos laboratórios, infelizmente, não dispõem de recursos para investir em programa de qualidade. E no caso do diagnóstico da infecção pelo HIV e outras DST isso é primordial”, defende Maria Luiza Bazzo.
Mais informações com a professora Maria Luiza Bazzo: (48) 3721-8148/ mlbazzo@yahoo.com.br
Por Gabriele Duarte / Bolsista de Jornalismo na Agecom
Fotos: Brenda Thomé/Bolsista de Jornalismo na Agecom
Saiba Mais
A Aids e seu diagnóstico
Segundo o Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, existem hoje no Brasil cerca de 630 mil pessoas vivendo com o HIV, o vírus da AIDS. Entre estas, cerca de 255 mil nunca teriam feito um teste de diagnóstico, desconhecendo sua condição sorológica.
O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito por meio de testes realizados a partir da coleta de uma amostra de sangue. No Brasil há os exames laboratoriais, como os testes imunoenzimáticos ou quimiofluorescentes anti-HIV, e os testes rápidos. Estes últimos permitem a liberação do resultado em um tempo inferior a 30 minutos. O diagnóstico é fundamental para o controle da epidemia.
Os testes rápidos
Os testes rápidos são realizados a partir da coleta de uma gota de sangue da ponta do dedo. O sangue é colocado um dispositivo de testagem e, para chegar ao resultado, o profissional que realiza o teste deve seguir um fluxo determinado por cientistas e transformado em lei. Assim, o resultado dos testes rápidos tem a mesma confiabilidade dos exames convencionais e não há necessidade de repetição em laboratório. Distribuído gratuitamente para serviços de saúde da rede pública, os testes rápidos fazem parte dos objetos do Programa de Avaliação Externa da Qualidade coordenado pela equipe da UFSC.