Administração Central faz histórico dos movimentos reivindicatórios da UFSC

29/08/2011 09:32

A Administração Central da UFSC emitiu nota oficial fazendo um histórico de suas ações e das medidas tomadas desde o início da greve dos trabalhadores técnico-administrativos, em junho. O texto reforça as posições da instituição e destaca as negociações que tentou estabelecer em Brasília em prol do diálogo do governo com os servidores. Também ressalta que sua postura sempre foi de tolerância e de busca do entendimento, inclusive com os estudantes que ocuparam o prédio da reitoria no dia 17 deste mês.

NOTA À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA

Nos últimos meses, ao mesmo tempo em que viabilizávamos os investimentos necessários à infraestrutura, à criação de novos cursos, ao aumento de vagas, à consolidação das ações afirmativas, à implantação dos Campi de Araranguá, Joinville e Curitibanos, conferíamos prioridade absoluta à política de assistência estudantil e não descuidávamos das questões políticas locais e nacionais. Tanto é que, bem antes da deflagração da greve nacional dos servidores técnico-administrativos, abrimos espaço para a categoria no encontro, em Florianópolis, no dia 18 de maio, da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES). Propusemos ações em conjunto com a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (FASUBRA), no sentido de o Governo Federal contemplar os pleitos e negociar uma solução que evitasse o movimento paredista anunciado e iniciado no dia 6 de junho deste ano.

Deflagrada a greve, desde o primeiro dia, juntamente com a ANDIFES, nos colocamos à disposição do movimento grevista e dispensamos igual atenção à mobilização liderada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). Neste sentido, mantivemos permanentemente as portas abertas para o diálogo e a construção de caminhos comuns para a busca da melhor solução para a Universidade. De imediato, após conversar com o Sindicato dos Trabalhadores (SINTUFSC) e com o Comando de Greve, obteve-se a aprovação unânime do Conselho Universitário, no dia 14 de junho, de nota considerando as reivindicações justas e cobrando respostas rápidas de Brasília. Paralelamente, mantivemos um canal de comunicação com o comando local e desenvolvemos ações articuladas através da ANDIFES.

Preocupando-nos principalmente com o agravamento da situação interna, especialmente em função do fechamento do Restaurante Universitário (RU) e da Biblioteca, intensificamos a pressão sobre o MEC e procuramos saídas para amenizar os reflexos da paralisação, assegurando alimentação para os estudantes socialmente mais vulneráveis. Simultaneamente, aceleramos os esforços para concluir a nova ala do Restaurante Universitário e a nova Moradia Estudantil.

Neste período conturbado e que dificultou o início das aulas em 8 de agosto, realizamos diversas reuniões com os 11 Diretores das Unidades Acadêmicas para discutir e definir as providências capazes de minorar os prejuízos aos estudantes com a greve dos servidores técnico-administrativos. As reuniões com os Secretários e Pró-Reitores e as sessões ordinária e extraordinária do Conselho Universitário vêm sendo, desde então, pautadas, sobretudo, pela temática da greve e do movimento discente.

Enquanto administrávamos a situação interna, prestando contas às demandas da Comunidade Universitária, não negligenciávamos o nosso papel político em Brasília, pressionando o MEC e o Ministério do Planejamento a negociar com a categoria em greve.

Desdobrando-nos para continuar gerindo uma instituição em condições de excepcionalidade e lidando, lado a lado, com a greve e o movimento estudantil, fomos surpreendidos no dia 17 de agosto com a ocupação do hall da Reitoria e o início de uma vigília para forçar o atendimento das pautas estudantis formuladas em cartas.

Interpretando o ato como arma legítima de pressão política, fomos tolerantes e, perseguindo o entendimento, abrimos as portas do Gabinete para encontrar, através do diálogo, as respostas para as exigências do Movimento. Neste contexto, emblemática foi a nossa reunião do dia 18 de agosto com a direção do DCE. Permeada pelo respeito mútuo, após debate e análise da pauta apresentada, nós nos comprometemos a responder, por escrito, às exigências colocadas à mesa de negociação. E assim foi feito, e não só uma vez, mas várias, porque a cada retorno, novas exigências eram interpostas por aquele Diretório.

Através das nossas instâncias legitimamente constituídas mantivemos o número de vagas no Curso de Economia. Adicionalmente, explicamos a questão dos concursos para docentes e servidores técnico-administrativos, demos ampla divulgação ao estágio das obras e pressionamos, publicamente, o Governo Federal em relação à crise decorrente da greve.

Não bastasse a carta ao Ministro de Estado da Educação, Fernando Haddad, cobrando o seu empenho, comparecemos no dia 25 à Assembléia Geral dos estudantes no Hall da Reitoria, esclarecendo e dando sinal verde para todas as exigências formuladas pelo movimento estudantil.

A nossa grande decepção ocorreu logo após os aplausos ao atendimento às reivindicações apresentadas. O prédio da Reitoria foi tomado e os acessos bloqueados. A invasão, ação de força inexplicável para aquele momento, no qual prevalecia o diálogo, cortou, unilateralmente, as negociações e os entendimentos já bem avançados.

Mesmo assim, mantivemos as portas abertas e condicionamos em reuniões com o DCE, a retomada das negociações à desocupação do prédio da Reitoria, uma vez que, assim, a Administração sequer poderia continuar a assegurar as necessidades da Comunidade Universitária, muito menos as demandas do movimento estudantil.

Felizmente, na segunda-feira logo pela manhã, os estudantes haviam desocupado o espaço tomado, prevalecendo o interesse maior de que a Universidade recupere a sua credibilidade junto à sociedade e que a Reitoria retome a sua legítima condição de gerir, na plenitude, a condução do principal patrimônio público de Santa Catarina.

Florianópolis, 29 de agosto de 2011.

Administração Central

Universidade Federal de Santa Catarina

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