Pesquisadores da UFSC criticam mudanças nas propostas originais de criação de duas reservas marinhas no Brasil
Professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ao lado de outros pesquisadores brasileiros, assinaram uma carta, direcionada à presidência da República, criticando as mudanças nas propostas originais de criação de duas Unidades de Conservação (UC) no país: os arquipélagos Trindade e Martim Vaz, na costa do Espírito Santo (ES); e de São Pedro e São Paulo, em Pernambuco (PE).
“Infelizmente, as UCs não foram criadas conforme apresentado e discutido nas audiências públicas realizadas em fevereiro. Há avanços, mas a maior parte das ilhas do arquipélago São Pedro e São Paulo deixou de ser Proteção Integral, conforme a proposta original, e ficou apenas como Área de Proteção Ambiental (APA). Quanto à Trindade, foi ainda pior: a maior parte do mar territorial da ilha (um raio de 12 milhas náuticas) ficou sem proteção alguma. E essa era a parte mais importante, que deveria ser preservada integralmente”, lamenta o professorAlberto Lindner, do Departamento de Ecologia e Zoologia (ECZ/CCB/UFSC).
Segundo o pesquisador, a notícia surpreendeu a todos: “Os limites das UCs no decreto são muito diferentes da proposta apresentada pelo próprio governo em fevereiro.” Lindner considera que a criação das novas unidades de conservação marinhas são em si importantes, pois já constituem um primeiro passo importante para proteger as ilhas. Entretanto, ele argumenta, “a retirada (no apagar das luzes) da proteção integral da maior parte do mar territorial da Ilha da Trindade e da maior parte do arquipélago São Pedro e São Paulo foi um duro golpe para a conservação da vida marinha dessas ilhas.”
A carta dos pesquisadores está disponível aqui.
Mais informações sobre a criação das novas unidades marinhas na notícia, que publicamos em 9 de fevereiro, e na página do ICMBio.
Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC