Pesquisadores da UFSC desenvolvem impressão eletroquímica 3D de metais

11/09/2015 14:13

O Grupo de Estudos de Processos Eletroquímicos e Eletroanalíticos (GEPEEA) do Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveu uma impressora 3D para a impressão eletroquímica de metais. O tema é parte da tese de doutorado de Rodolfo Lucas Bortoluzzi, orientada pelo professor Almir Spinelli. O principal objetivo do projeto é contribuir para o desenvolvimento e a consolidação do uso da manufatura aditiva (impressão 3D) e a sua ampliação para a impressão eletroquímica 3D de metais. Em particular, o objetivo é desenvolver a impressão eletroquímica 3D para a obtenção controlada de filmes metálicos com diferentes espessuras e posterior confecção de peças metálicas.

Impressoras 3D possuem a capacidade de imprimir camada por camada peças com geometrias complexas, inclusive com partes móveis, diminuindo a necessidade de montagem posterior. Cimentos de secagem rápida e polímeros termoplásticos são materiais disponíveis comercialmente e de uso imediato para este fim sem a necessidade de processamento pós-impressão. Ao contrário da manufatura convencional, na impressão 3D não há geração substancial de resíduos por processos pós-conformação como corte, usinagem e polimento, permitindo uma vantajosa economia de material e mão de obra, além de diminuição dos custos energéticos e ambientais. Quando se usa a impressão de metais, as tecnologias de fundição por feixe de elétrons (electron beam melting) e a sinterização direta de metais a laser (direct metal laser sintering) são utilizadas com sucesso relativo, com a desvantagem de necessitarem de etapas pós-conformação de têmpera e sinterização, etapas estas que demandam uma estrutura de fornos e eleva o custo energético, impedindo a aplicação em escala reduzida (residencial, por exemplo). Além disso, o beneficiamento de matérias-primas, normalmente pós-metálicos com granulometria muito fina, usualmente abaixo de 400 mesh, demanda processos com altos custos energéticos, tornando a fabricação metálica via tecnologia aditiva (impressão 3D) inviável frente às tecnologias tradicionais, delimitando seu campo de aplicação à prototipagem rápida. Nesse contexto, um grande desafio técnico-científico demanda uma solução urgente: como produzir peças metálicas empregando a manufatura aditiva, sem a dependência de matérias-primas caras e o pós-processamento das peças impressas, de forma competitiva, técnica e economicamente, frente à tecnologia de fundição empregada na metalurgia tradicional? Foi com esta questão em mente que o projeto da tese de doutorado de Rodolfo Lucas Bortoluzzi foi concebido. Apenas 18 meses após o início do projeto, alguns resultados começaram a aparecer.

Uma impressora 3D convencional (modelo REP-RAP adquirida via internet) foi adequadamente modificada para imprimir filmes metálicos a partir de soluções de cátions metálicos. A cabeça de impressão foi confeccionada com uma agulha de seringa, que funciona como ânodo. A mesa de impressão em cobre funciona como cátodo, onde o metal é impresso. Um instrumento chamado potenciostato/galvanostato controla o potencial ou a corrente necessária para a impressão eletroquímica. A peça a ser impressa é desenhada num computador, que controla todo o sistema e transmite os dados para a impressora. Dessa forma, metais que necessitam de um elevado potencial para serem depositados a partir de seus cátions, foram facilmente impressos eletroquimicamente em formato 3D. Por exemplo, o acrônimo GEPEEA foi impresso em ferro sobre um substrato de cobre em escala micrométrica. A impressão eletroquímica 3D de ferro do referido acrônimo foi caracterizada por microscopia eletrônica de varredura e difração de raios X.

Impressão de ferroDifração de R-X

 

 

 

 

 

 

 

Impressão eletroquímica 3D de ferro em substrato de cobre do acrônimo GEPEEA em escala micrométrica.

A impressora eletroquímica 3D de metais também imprime em escala macrométrica. Uma torre Eiffel foi impressa eletroquimicamente no formato 3D. As dimensões tridimensionais são de 5 cm x 5 cm na base e de 12,5 cm de altura, considerando a altura da base impressa separadamente. A torre, com formato cuneiforme e com diversas figuras geométricas de tamanhos diferentes foi inteiramente impressa em alumínio a partir de uma solução de cloreto de alumínio (AlCl3).

Impressão de alumínio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Impressão eletroquímica 3D de alumínio em substrato de cobre da torre Eiffel em escala macrométrica.

Além da impressão eletroquímica 3D de ferro e alumínio, já foram obtidos peças de cobre tridimensionalmente impressas. Todas foram impressas a partir de soluções dos respectivos cátions metálicos, sem a necessidade do uso de moldes ou de fundição após a impressão eletroquímica. Embora preliminares, os resultados obtidos até o momento são bastante promissores e suscitarão novas pesquisas no âmbito da impressão eletroquímica 3D de metais.

Material divulgado por:

Professor Almir Spinelli
almir.spinelli@ufsc.br

Rodolfo Lucas Bortoluzzi
rodolfo.bortoluzzi@posgrad.ufsc.br

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