EdUFSC publica ensaios inéditos sobre Walter Benjamin
Walter Benjamin “é um homem de fronteira, figura instável no limiar da História”, constata o crítico e tradutor português João Barrento, nos ensaios inéditos que acabam de ser publicados pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), sob o título Limiares sobre Walter Benjamin. Fonte inesgotável para pesquisas em várias áreas do conhecimento, o pensador alemão Walter Benjamin – incompreendido e até repudiado no passado – é hoje quase uma unanimidade na academia. João Barrento busca “projetar alguma luz refractada a partir dos textos de Benjamin”.
Os leitores também são presenteados com um CD-ROM: Diário para Walter Benjamin, que contém anotações críticas, notas de tradução, desenhos e imagens.
O livro da EdUFSC, na opinião do escritor e professor Manoel Ricardo Lima, não apenas supre uma lacuna no Brasil em relação à obra de João Barrento, mas também oferece aos leitores brasileiros “o frescor e a deriva de seus textos”. O ensaísta é um dos principais estudiosos do pensador judaico-alemão. “Não só pelo rigor meticuloso das traduções que tem feito, mas também e muito por causa de seus ensaios”, sublinha Manoel Ricardo de Lima na contracapa. João Barrento está igualmente traduzindo e comentando as Obras Escolhidas do filósofo.
O autor acredita que o pensador alemão jamais perderá a atualidade para “os leitores viciados nos meandros de sua escrita e nas fulgurações do seu pensamento, em que abre e fecha pistas, sugere trilhos inesperados, espalha vestígios para uma sempre renovada e surpreendente reconstituição arqueológica da modernidade do nosso último século”.
Respaldando o título do livro publicado pela EdUFSC, João Barrento conclui que Benjamin “foi, na verdade, um pensador da fronteira ou do limite” (Grenze em alemão), “mas também, talvez ainda mais, do limiar” (Schwelle).
O clássico Origem do Drama Trágico Alemão, lembra João Barrento, é “a tese de doutoramento que a estreiteza acadêmica da Universidade de Frankfurt iria recusar”. Não escapa ao ensaísta a “dispersão de escrita, oscilação ideológica e ambiguidade política” do autor de O Anjo da História e Rua de Mão Única.
O suicídio, com uma overdose de morfina, teria sido o derradeiro equívoco da sua vida? A resposta não se encontra nos ensaios de João Barrento, que, no entanto, oferece ‘pistas’ ao afirmar que “o caráter estranho de algumas facetas do pensamento de Benjamin parece antes ser o resultado de sua consciência desesperada da incapacidade de uma esquerda dogmática sua contemporânea, espartilhada pelas contingências históricas e já a caminho de uma configuração monolítica que haveria de marcá-la durante décadas”.
Para João Barrento, Walter Benjamin “foi radical e inovador – como Brecht”.
Mais informações com a EdUFSC: www.editora.ufsc.br / (48) 3721-9408
Diretor executivo – Fábio Lopes: flopes@cce.ufsc.br / (48) 9933-8887
Moacir Loth/Jornalista da Agecom/UFSC