UFSC na Mídia: professor de Antropologia alerta sobre risco de genocídio de povo indígena
A pesquisa do professor Márnio Teixeira-Pinto, do departamento de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina, foi tema da reportagem “É preciso reaprender a viver: a luta para reunir e salvar o povo Arara“, publicada no Correio Braziliense no dia 05 de dezembro. A matéria é a continuação de uma série de quatro reportagens que saíram antes do início da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), e se destaca por apresentar dados inéditos sobre a bacia do Xingu.
“Nesta quinta matéria, Márnio Teixeira-Pinto apresenta os resultados da expedição que empreendeu durante 30 dias, entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano nas Terras Indígenas Arara e Cachoeira Seca, que foram delimitadas em datas e modos diferentes mas abrigam o mesmo povo. Este texto é um relato sobre as diferenças culturais provocadas pela diáspora desta etnia e as recomendações que faz para a uni-los novamente”, explica a repórter Cristina Ávila.
Márnio Teixeira-Pinto acompanha o povo Arara há 40 anos, desde 1986, dois anos após os primeiros subgrupos Arara serem transferidos pelo sertanista Sydney Possuelo para a Terra Indígena (TI) Arara. Ele conduziu parcela deles para lá quando estavam há mais de uma década numa fuga constante, nas margens do rio Iriri, bacia do Xingu, área onde ainda habitam, nos municípios de Altamira e Uruará, região de florestas conhecida como Terra do Meio, no Pará.
Na reportagem, o pesquisador faz o alerta:
“Os Arara da Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca precisam reaprender o modo de vida tradicional, afetado pela invasão de seu território pela Transamazônica (BR230), nos anos 70, aprofundada pela recente Usina Hidrelétrica Belo Monte. Estamos assistindo às suas últimas chances de sobrevivência como povo indígena.” […]
“Tratores e retroescavadeiras passaram em cima de suas roças de subsistência, e destruíram caminhos tradicionais na mata. A partir daí, alguns subgrupos permaneceram em um afastamento histórico maior do que outros parentes Arara. E um deles, hoje na TI Cachoeira Seca, resultou em profundo isolamento e na enorme fragilidade em que vivem, sofrendo com as pressões regionais, com a perda quase total da sua capacidade de comunicação cotidiana na língua materna, com o esquecimento de conhecimentos sobre a floresta e com a saúde física e mental comprometidas. A perda da relação com os demais subgrupos Arara hoje aldeados na TI Arara (também nas margens do Iriri) comprometeu não só suas tradições, mas a possibilidade de casamentos e trocas naturais entre aldeias, fundamentais para manutenção de seu modo de vida.”
Segundo o texto, Márnio Teixeira-Pinto “realizou a viagem de modo voluntário, a convite da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) com a proposta de ajudar a Rede Bem Viver Arara, organizada pela instituição, para desenhar programas de articulação da população indígena. No dia 3 de novembro, entregou à Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém-Contatados (CGIIRC), da Funai (os Arara são classificados como de recente contato), um relatório de 36 páginas que inclui recomendações para evitar o que considera iminente genocídio”.
Confira a reportagem completa aqui.











