Pesquisadores da UFSC emitem nota técnica sobre efeitos ambientais do engordamento de praias

27/10/2023 10:09

Efeito “degrau” em praia de Canasvieiras, em Florianópolis evidencia aumento do processo erosivo após o aterro. (Foto: Leo Munhoz/ND)

O programa de pesquisa e extensão da UFSC Ecoando Sustentabilidade emitiu uma Nota Técnica em 23 de outubro a respeito das consequências de dragagens e aterros em praias arenosas. O relatório busca analisar os engordamentos de praia no litoral de Santa Catarina e fornece propostas de atualização de normas relacionadas a esse tipo de empreendimento.

O parecer técnico versa sobre as engordas de praia, cada vez mais frequentes no litoral catarinense e brasileiro, e analisa os projetos principalmente frente ao cenário de mudanças climáticas e erosão costeira. Apresenta informações básicas sobre o ecossistema de praia arenosa e faz uma análise sobre a realização de dragagens e de aterros assim como sobre os licenciamentos feitos pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA-SC). O Ecoando Sustentabilidade analisou as licenças ambientais dos projetos de engorda das praias entre 2018 e 2023, o que inclui obras nas praias de Jurerê (não iniciada), Canasvieiras (realizada em 2019 e 2020), Ingleses (realizada em 2023), e em Balneário Camboriú (2022).

A partir dessa análise, o programa propõe uma atualização da Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) de 2017, a qual define o porte desses empreendimentos. A definição de porte é o parâmetro que estabelece o potencial dos impactos que esses empreendimentos podem gerar e o tipo de estudo ambiental que deve ser realizado para avaliar consequências futuras e propiciar a obtenção do licenciamento da obra. O grupo defende que haja um ajuste para a definição de porte, obrigando que sejam feitos estudos de impacto mais completos.

O grupo classifica como “errônea” a concepção de que “um empreendimento de dragagem e aterro de praia é um empreendimento de impactos locais, restritos a área diretamente influenciada”. Observam que “as praias vizinhas são igualmente aterradas pelas obras, além da contaminação da água e do ar por poluentes diversos”.

“Durante a operação de dragagem e aterro uma grande parte do material é derivado até que haja a estabilização inicial da berma da praia e esse processo não cessa enquanto o sistema não entrar em balanço”. Os fenômenos descritos ocorreram nos aterros abaixo:

Figura 6. Abrangência regional das obras de aterro em praias. Praia de Canajurê (à esquerda), antes (11/2018) e após (10/2022) o aterro da Praia de Canasvieira (à direita), realizado em fevereiro de 2020. As imagens evidenciam que a Praia de Canajurê também foi aterrada, o que não foi previsto no EAS. Figura 7. Abrangência regional das obras de aterro em praias. Praia dos Ingleses, margem esquerda do Rio das Feiticeiras, antes (06/2022) e após (05/2023) o aterro que foi realizado a partir da margem direita do rio, entre março e junho de 2023. As imagens evidenciam que a porção esquerda da praia também foi aterrada, o que não foi previsto no EAS.

Comparações realizadas pelo grupo em relatório demonstram que estudos de impacto ambientais (aqueles exigidos pela legislação vigente, os Estudos Ambientais Simplificados – EAS) realizados em obras de alargamento em Florianópolis foram insuficientes. (Foto: Reprodução)

Assinam o documento as pesquisadoras Gabrielli Scussel Pereira e Alessandra Fonseca e os pesquisadores Paulo Pagliosa e Paulo Horta.

 

Acesse a Nota Técnica Nº 6/PES/2023

 

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