UFSC na mídia: Professor da UFSC comenta sobre os problemas da moradia popular em Florianópolis
O arquiteto Samuel Steiner dos Santos, coordenador do Laboratório de Urbanismo (LabURB) e professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apontou, em entrevista ao portal ND +, diversos problemas relacionados à moradia popular em Florianópolis. A reportagem destaca que nenhum projeto de moradia popular foi concretizado nos últimos quatro anos na cidade, sendo o último entregue em 2019. Além disso, revela que ao longo de 16 anos foram construídas 424 residências populares em Florianópolis. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 82 mil pessoas com direito ao benefício na cidade. Considerando que cada uma das 424 residências tenha em média 4 membros, isso equivaleria a uma população de 1.696 pessoas, apenas 2% das pessoas com direitos.
“Mesmo em bairros mais distantes como o Rio Vermelho, por exemplo, o valor médio dos imóveis é quase R$ 5.000 e tem bairros como Jurerê Internacional onde os valores chegam a R$ 15 mil o metro quadrado. Então você imagina uma população que recebe até um salário mínimo ou três salários mínimos, como é que ela consegue acessar o mercado formal da moradia?”, questiona o pesquisador na reportagem do ND +.
O professor ressalta, que a maioria da população se vê compelida a residir próximo ao local de trabalho. Levando em consideração uma família composta por quatro pessoas, em que todos trabalham, os gastos poderiam chegar a R$ 39,84 por dia. Ele também observa que cerca de 20% da população recebe apenas um salário mínimo, enquanto 66%, ou dois terços, recebem até três salários mínimos.
“Hoje, a moradia representa cerca de 80% do orçamento familiar, muitas vezes. Assim, somado com os alimentos e preço das passagens, as famílias se veem obrigadas a buscar alternativas”, explica o entrevistado.
Samuel salienta a complexidade de encontrar uma única solução para esse problema. O mercado imobiliário está cada vez mais voltado para pessoas com renda mais elevada, acentuando o distanciamento entre o poder aquisitivo das pessoas e o custo dos imóveis.
“Temos cada vez mais um mercado populacional voltado para pessoas com uma renda maior, isso não só em Florianópolis, mas em todo o Brasil. Há um distanciamento cada vez maior do poder aquisitivo das pessoas e o valor da moradia”, comenta.
O pesquisador destaca que a legislação que exige a construção de moradias populares também demanda a disponibilização de serviços gratuitos para a adaptação das residências.
“Também teria a opção de o poder público usar os imóveis públicos da cidade. O poder público não tem muita ideia de quantas construções como esta estão disponíveis, mas seria possível ocupá-los com os moradores que necessitam de uma residência. Outra opção seria fazer uma reserva fundiária, e parte do recurso arrecadado poderia ser usado para aquisição de terrenos para moradia de pessoas de baixa renda”, conclui.
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