Iniciadas obras do novo Centro de Ciências da Educação, que terá acessibilidade e bicicletário
Obra reivindicada há vários anos pela comunidade universitária, a reforma e a adequação do Bloco A do Centro de Ciências da Educação (CED), um dos prédio mais antigos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no Campus Universitário Trindade, em Florianópolis, foi iniciada. Funcionários da Zala Engenharia Ltda estão montando o canteiro de obras no local. O valor total a ser investido está orçado em R$ 10,35 milhões e, ao final de dois anos, a UFSC deverá contar com um centro de ensino construído sob novo conceito, com maior acessibilidade e sustentabilidade, áreas comuns e espaços de convivência requalificados e integração entre os quatro blocos. A obra inclui também um bicicletário para 150 bicicletas. As aulas serão ministradas em outros prédios do campus.
Com a reforma, o prédio do Bloco A terá uma área útil de aproximadamente 3.500 metros quadrados. Em um projeto novo de climatização, os atuais aparelhos de ar condicionado, muitos deles de uso doméstico, serão substituídos. O prédio também contará com um elevador. A acessibilidade e integração entre todo o CED será completa, com a construção de uma estrutura de ligação entre os blocos A e C. Atualmente, os blocos B, C e D já são interligados entre si e dotados de dois elevadores.
O local também contará com paisagismo e um bicicletário para 150 bicicletas, em integração com a ciclofaixa projetada para a Rua Eng. Andrei Cristian Ferreira, que passa em frente ao centro. O projeto contempla ainda a construção de uma praça no quadrilátero existente entre as edificações. Também os banheiros serão acessíveis. Na segunda-feira, 6 de março, as obras tomam a parte interna das edificações, não sendo visíveis da parte de fora. Todos os sistemas – elétrico, hidráulico, de lógica, de combate a incêndio – serão atualizados, atendendo a normas vigentes de segurança e de acessibilidade. O projeto da reforma foi elaborado pelo Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia (DPAE) da Prefeitura Universitária da UFSC, que também é responsável pela fiscalização e acompanhamento técnico, por meio do Departamento de Fiscalização de Obras (DFO).
Coordenadorias orientam estudantes sobre locais de aula
O Bloco A do CED concentrava praticamente todas as salas de aula, enquanto os ambientes dos blocos B, C e D estão destinados aos setores administrativos, às coordenações, às salas de professores e aos laboratórios. Para o semestre 2023.1, que começa nesta segunda-feira, 6 de março, os cursos de graduação do CED estão oferecendo um total de 262 turmas, que estavam alocadas majoritariamente nas 23 salas de aulas e alguns laboratórios localizados no Bloco A. A maioria dessas turmas terão que ser realocadas para outros centros, especialmente o Centro Socioeconômico (CSE), o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), o Espaço Físico Integrado (EFI) e a Biblioteca Universitária.
O diretor do CED, professor Hamilton de Godoy Wielewicki, destaca a colaboração essencial das outras unidades no acolhimento às turmas que serão realocadas. De acordo com ele, as coordenações de curso estão enviando aos alunos as informações sobre as novas salas, que também serão divulgadas no site e nas redes sociais do CED. Orientações devem ser repassadas na recepção aos estudantes para reinício das aulas da graduação, na segunda-feira, 6 de março.
Serão plantadas 60 mudas de árvores como compensação
Um efeito colateral da reforma será a necessidade de retirar 31 árvores e arbustos. Para compensar esse corte, a Universidade irá plantar 60 mudas de espécies nativas em sua área, o dobro das espécimes que serão suprimidas no processo. O trabalho é acompanhado de perto pela Coordenadoria de Gestão Ambiental (CGA) da UFSC, com autorização e fiscalização da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) – Autorização n° 375/2022 – DMA . Por enquanto, uma árvore foi retirada para a construção de uma calçada de acesso ao Centro de Filosofia e Ciência Humanas (CFH), que fica ao lado do CED. O passeio tem largura também para a passagem de cadeirantes.
Toda obra da UFSC que envolve corte de árvores é acompanhada desde o início pela CGA. O órgão recebe informações sobre o motivo do corte, um croqui de localização da árvore e fotos das espécies. A equipe faz, então, uma análise para determinação da alternativa locacional. “Nesse processo, nós avaliamos quais espécimes conseguimos salvar. Se não conseguimos remover do projeto, avaliamos quais são nativas, tentando priorizá-las”, explica o biólogo Allisson Jhonatan Gomes Castro, da CGA.
As árvores e arbustos são também inventariados. “Há uma negociação sobre o que é necessário remover. Inventariamos as árvores para identificar se há espécie ameaçada, o tamanho de cada uma delas, das copas, etc”.
Feita essa primeira análise, o processo é encaminhado para o órgão ambiental – no caso do Campus Universitário Trindade, a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), que faz a vistoria técnica e de conferência, autorizando ou recusando os cortes. Essas tratativas ocorrem também com base em resolução municipal de compensação ambiental. “As tratativas para diminuir o impacto começam com os procedimentos da UFSC e a Floram faz essa nova análise antes de emitir a autorização”.
No caso das obras do CED, após as análises da CGA, a Floram autorizou o corte de 31 indivíduos arbóreos nativos e exóticos à Mata Atlântica. Há árvores e arbustos de diferentes espécies. Uma delas, a única que pode estar em risco – o Butia sp. – será transplantado, ou seja, replantada em outro lugar. “As outras nativas são espécies que não estão na lista oficial de espécies ameaçadas”, salienta o biólogo, completando que, no inventário, também há indivíduos como o hibisco e resedá, que são arbustos. No total, 11 estão tabuladas como exóticas.
Entre as árvores que serão cortadas também estão eritrinas jovens e com pouca folhagem, além de espécies invasoras como a nêspera, considerada um problema para as áreas verdes. O cinamomo é outra árvore invasora e tóxica que poderia oferecer riscos. “As grevíleas estão em ambiente inadequado para plantio, escoradas na edificação e oferecendo risco. Ou seja, esse conjunto de informação faz parte do contexto da análise para determinação da alternativa locacional”, completa Castro.
Projeto original do CED é de 1970
O Bloco A do CED é uma das edificações mais antigas do campus da Trindade – os projetos originais datam de 1970. Com o passar do tempo, o edifício começou a apresentar problemas naturais do desgaste, como goteiras e problemas hidráulicos em banheiros. O prédio também sofreu problemas sérios de alagamentos no andar térreo, inviabilizando a utilização de quase todos os ambientes. A lanchonete que existia no térreo estava fechada por falta de condições de funcionamento. O Bloco A também não tinha acessibilidade: o acesso ao primeiro e segundo andares da edificação é feito somente por escadas.