UFSC Curitibanos prepara estruturas para semana de temperaturas abaixo de zero

UFSC Curitibanos possui projetos de pesquisa relacionados às ciências rurais e ao cultivo em baixas temperaturas. Foto: Augusto Marques
A neve caiu na madrugada entre esta quarta e quinta-feira, 28 e 29 de julho, em 28 cidades de Santa Catarina e, dentre elas, Curitibanos, município onde a UFSC tem campus. A cidade, localizada na Serra Catarinense, a uma altitude de quase mil metros, costuma ter invernos rigorosos e abriga muitos projetos de pesquisa relacionados às ciências rurais e ao cultivo em baixas temperaturas.
Enfrentar temperaturas congelantes nos meses de inverno é rotina em Curitibanos, especialmente para a equipe da Divisão de Atividades Agropecuárias, chefiada pelo engenheiro agrônomo Gustavo Rufatto Comin. A equipe de técnicos-administrativos em Educação é formada, ainda, por uma engenheira florestal, um auxiliar rural, dois operadores de máquinas, dois técnicos agrícolas e um agrimensor, e conta ainda, com sete funcionários terceirizados, auxiliares rurais.
“Alguns experimentos coincidem com época de frio e realizamos algumas práticas de cobertura de plantas. Temos casas de vegetação com sistema de aquecimento, que é programado para ligar nesses dias. Também há práticas de proteção ao frio em plantas de café na fazenda agropecuária, projeto de pesquisa do professor Samuel Fioreze, com as mudas permanecendo em estufa e sendo protegidas com aquecedores domésticos”, explica Gustavo.
A proteção das plantas geralmente é feita com cobertura das mudas com matéria vegetal. Outra alternativa é plantar espécies resistentes junto às plantas mais frágeis, para bloquear parcialmente o frio. Gustavo ainda acrescenta que a equipe costuma construir abrigos para esses momentos.
- Geadas exigiram cuidados especiais em um ano com inverno mais intenso. Foto: PhenoGlad
- Cobertura das plantas com um material de TNT é uma das medidas adotadas para proteção das plantas. Foto: PhenoGlad
O projeto PhenoGlad, coordenado pela professora Leosane Cristina Bosco, do Programa de Pós-Graduação em Ecossistemas Agrícolas e Naturais (PPGEAN), trabalha desde 2017 com agricultores buscando diversificar a propriedade rural com a floricultura. Leosane leciona agrometeorologia e explica que, mesmo as plantas adaptadas para o frio, sofrem com as baixas temperaturas.

Atividade de cobertura feita por equipe do campus Curitibanos. Os abrigos servem para proteger mudas menores de pinheiro japonês, além de uma cobertura com vegetação de bambu para as plantas maiores. No mesmo espaço também foi semeada aveia, junto das mudas, visando à proteção das menores. Foto: Captura de vídeo/Arquivo Pessoal
“Os experimentos que temos agora no campus Curitibanos envolvem a Statice – conhecida como lavanda do mar, cujo cultivo ocorre a partir de junho, quando se plantam as mudas. É uma planta que exige frio durante a fase vegetativa, em que se formam as folhinhas. Então é um frio que permite que depois ela forme flores, hastes bem bonitas, um processo necessário de vernalização”, explica a professora.
O inverno, que naturalmente é forte na Serra Catarinense, neste ano está particularmente intenso. “Há três semanas tiramos as mudas de Statice da estufa e as colocamos no campo. No dia 10 de julho, elas foram plantadas. Desde a semana passada tivemos geadas, temperaturas negativas e as plantas suportaram direitinho. Agora a temperatura chegou a -4 graus Celsius, e sabendo que a planta não tolera o frio intenso, tivemos que entrar com outras medidas para não perder essas mudas”, conta a professora.
Dentre as medidas tomadas está a cobertura das plantas com um material de TNT protegendo as plantas enquanto a temperatura está mais baixa, sendo removida quando a área passa a receber o calor do sol. “O método que usamos é clássico e muito simples: cobrir as plantas. A temperatura nas plantas cobertas foi 2 graus Celsius maior em relação à área onde não havia cobertura”, exemplifica.
Uma alternativa usada pelo projeto PhenoGlad em outras localidades é o método do fogo, que envolve a queima de materiais durante a noite, fazendo fogo e fumaça para manter o calor, criando um efeito estufa. “Mesmo para as plantas tipicamente cultivadas no inverno, nós precisamos proporcionar conforto térmico”, salienta.
Quando sabe que virá uma frente fria, a equipe de Gustavo se movimenta para garantir abrigo às plantas. Atualmente não há animais nas estruturas do campus. “É comum observarmos a previsão alguns dias antes e já realizar as práticas de proteção. Mesmo assim, ficamos de sobreaviso, pois geralmente temos problemas com os sistemas de irrigação das estufas e viveiros” explica o engenheiro agrônomo.
Mayra Cajueiro Warren / Agecom / UFSC
Foto de destaque: Augusto Marques