Qualidade de vida e saúde mental do trabalhador é tema de conferência realizada na UFSC
A conferência sobre “Qualidade de Vida e Saúde Mental do Trabalhador”, ministrada por Liliana Andolpho Guimarães, ocorreu na última sexta-feira, 24, no Auditório Garapuvu. A atividade fez parte da programação do V Seminário Catarinense de Prevenção ao Assédio Moral no Trabalho, em paralelo ao primeiro Congresso sobre Riscos Psicossociais e Saúde nas Organizações e no Trabalho.
Liliana apresenta o contexto que influencia a qualidade de vida e saúde mental dos trabalhadores. “Não tem como nós, hoje, deixarmos de ter uma consciência global das mudanças locais e mundiais que têm acontecido”. Mudanças climáticas e novas doenças são exemplos das transformações que marcam o cenário atual, segundo a palestrante. Liliana conta que percebeu um tom depressivo e desesperançoso nas falas das pessoas durante as palestras do evento. Ela destacou que essa situação está perpassando a vida dos trabalhadores e as “manifestações revelam sem dúvida nenhuma a insatisfação pública popular”.
A qualidade de vida, segundo Liliana, surge de necessidades e é sustentada pelo desejo de ser e de ter. A palestrante fez um alerta ao público dizendo que “não se deve perder a vida apenas tentando ganhá-la”. Sonhos, vontades, questões de nível social e organizacional, interesses individuais, cultura e sobrevivência humana são as dimensões da qualidade de vida. Sobre a importância deste aspecto no âmbito do trabalho, ela destaca a atenção e profilaxia, os cuidados com a saúde mental e a saúde psicossocial, o comprometimento com a atenção pública, a motivação e a gestão de carreira e de projeto de vida, e os custos de médio e longo prazo.
Liliana explicou que a arquitetura e o espaço influenciam a qualidade de vida, “e leva a diferentes adaptações e consequentemente a diferentes comportamentos no trabalho”. Os desenvolvimentos da tecnologia provocam diversas modificações nos comportamentos com o objetivo de conseguir assumir as inovações. Liliana acredita que não é dada a devida atenção para essa exigências do novo mundo do trabalho, pois existe a filosofia de que tudo vai se ajeitando. “E o custo muitas vezes é o sofrimento no trabalho”.
A natureza multiprofissional e interdisciplinar do gerenciamento da qualidade de vida no trabalho está sobretudo em solucionar e, segundo Liliana, só existe um modo de gerenciar: dando voz. A solução é a combinação das escolhas do bem-estar, biológica, psicológica, social e organizacional visando melhorar a percepção de bem estar pessoal, grupal e organizacional. “Todo objetivo que norteia a questão da qualidade de vida é a redução do mal-estar e o aumento do bem estar”.
Projeto para promoção de saúde mental de policiais
Liliana coordena um projeto, implementado em 2016, que tem em vista a saúde mental de Policiais Rodoviários Federais do Mato Grosso do Sul. Ele envolve estudantes de Psicologia e alunos do Mestrado e Doutorado da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
O problema que motivou a criação do projeto foi a causa dos afastamentos de policiais. Em 2015, 26% dos profissionais que tiraram licença alegaram transtornos psicológicos. Liliana explica que essa realidade é motivada pela rotina turbulenta vivida por eles, principalmente pela ligação entre o aumento da violência e o estresse e a desvalorização da profissão.
No âmbito do projeto foram realizados treinamentos com os profissionais do setor de Recursos Humanos da PRF e atendimentos individuais com os policiais. Liliana revela que em um ano de trabalho o número de afastamentos por transtornos psiquiátricos reduziu em 15%.
Texto: Diana Hilleshein/ Estagiária de Jornalismo da Agecom/ UFSC
Fotos: Henrique Almeida/Agecom/UFSC