‘Nossos Monumentos’: relógio de sol homenageia cultura açoriana

23/09/2016 16:50

Em 2004, Eduardo de Souza, aluno de Geologia da UFSC, levou ao designer e arquiteto Vicenzo Berti o Trabalho de Conclusão de Curso que queria realizar: um monumento em homenagem aos açorianos. Os rascunhos, trabalhos das duas mentes, miravam alto – pelo menos 4,5 metros de altura. Um grande bloco de concreto, apontado num ângulo de 27° ao Equador Celeste. Assim era o conceito do Monumento Açores-Brasil, um relógio de sol a ser construído na Universidade e no Arquipélago dos Açores (ilhas Terceira, Pico, São Jorge, Faial e Gracios).

© Pipo Quint / Agecom / UFSC

Foto: Pipo Quint/Agecom

Erguida sobre uma rosa dos ventos, o Monumento Açores-Brasil é um tributo à presença da cultura açoriana em Florianópolis, que na época datavam 256 anos. O objeto mede a hora do dia, das 6h às 17h, conforme o ângulo da incidência dos raios solares no momento. A sombra, que funciona como ponteiro, é projetada por uma haste, denominada gnômon.

O monumento foi construído numa fôrma de silicone e metal chamada de “negativo”, enquanto as rodas foram feitas em argila, tudo posteriormente coberto com concreto. Com tamanho aproximado de 2,20m, a obra foi custeada totalmente pelo governo dos Açores, num gasto aproximado de 50 mil reais. O relógio no Arquipélago não foi construído devido aos seus custos elevados.

Mais do que medir horas

A figura do relógio de sol remete à ligação do ser humano com o senso de localização e codependência com a natureza. Símbolo do esforço e interesse da humanidade em saber seu lugar no mundo, esses objetos datam desde 3500 a.C., com os obeliscos egípcios. Tal relação é presente na história dos imigrantes açorianos, ligada à questão das viagens e de seu enraizamento em Florianópolis.

[Imagem: Reprodução/NEA]

Projeto inicial visava a relógio de sol com até 4,5 metros de altura. Imagem: Reprodução/NEA

As formas presentes no relógio de sol também são inspiradas em heranças culturais associadas à figura do açoriano. O círculo com dentes quadrados simboliza a roda bolandeira, peça essencial da moagem de tração animal nos antigos engenhos do litoral catarinense a figura também está presente no brasão de armas da UFSC.

Em 1748, os primeiros imigrantes do Arquipélago dos Açores chegaram à Ilha de Santa Catarina, com portugueses, incorporando seus hábitos, atividades e costumes. Dados do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) apontam que até 1756, cerca de 4.500 açorianos chegaram ao país, espalhando-se pelo litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Gabriel Daros Lourenço/Estagiário de Jornalismo/Agecom/UFSC

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