Mesa-redonda sobre a Academia e projetos de pesquisa e extensão em aldeias

02/07/2015 17:12

A mesa-redonda “Saberes em diálogos: a academia e os projetos extraescolares de pesquisa e extensão nas aldeias” complementaram as atividades do seminário “Universidade e Educação Intercultural Indígena: experiências em diálogo, desafios para uma inclusão de qualidade, e construção de espaços para produção e trocas de saberes diversos”, realizado entre os dias 29 de junho e 2 de julho, pelo Nepi (Núcleo de Estudos de Povos Indígenas), no auditório do CFH e no MArquE (Museu de Arqueologia e Etnologia) da UFSC.

A mesa, coordenada por Suzana Cavalheiro, iniciou-se com as falas da professora Maria Aparecida Bergamaschi e do professor guarani Eloir de Oliveira, que relataram vivências de sala de aula e explicaram o projeto que integram, chamado “Saberes indígenas na escola e a formação de professores kaigang e guarani”, em escolas do Rio Grande do Sul.

Depois, o professor Sergio Baptista da Silva  e o professor kaigang Selvino Kókáj Amaral falaram do trabalho de encontro e oficinas que realizam com professores kanhgág em escolas do Rio Grande do Sul. Esse trabalho visa auxiliar as práticas pedagógicas nas escolas indígenas kaigang, já que nelas o ensino tem muitas particularidades, se comparadas às outras. Os indígenas têm uma forte relação com plantas medicinais, danças e performances do corpo, e também várias questões políticas de territorialidade que devem ser discutidas em sala de aula, para que os mais novos não percam as raízes deixadas pelos seus antepassados.

Depois deles, a professora Ana Lúcia Vulfe Nötzold  e a mestranda kaigang em Antropologia, Adriana Belino Padilha, contaram o trabalho que desenvolvem em escolas da região de Terra Indígena Xapecó, no oeste catarinense. Ambas desenvolvem suas pesquisas associadas ao Labhin (Laboratório de História Indígena da UFSC). O projeto pretende realizar um levantamento das práticas tradicionais kaingang relacionadas à identidade étnica e cultural nos conteúdos curriculares, visando à elaboração de material didático bilíngue, específico e diferenciado para o auxílio dos métodos pedagógicos na sala de aula, na formação de professores, do currículo para o ensino fundamental, com ênfase nas séries iniciais e alfabetização.

Os graduandos da UFSC, Marcelo Finatelli (Ciências Sociais), e Ihakri Nune-Nõonro (laklãnõ/xokleng da Engenharia Química) apresentaram seu projeto “Os indígenas e o acesso ao processo de seleção e entrada na UFSC”, finalizando as apresentações da mesa. Mostraram as dificuldades encontradas por indígenas que querem ingressar na universidade, desde a sua inscrição no vestibular até a permanência na UFSC.

Por fim o espaço foi aberto para discussões e perguntas da plateia presente. Várias questões relacionadas às apresentações foram levantadas, e também foram feitas sugestões para os professores cada vez mais enriquecerem e aprimorarem suas práticas em sala de aula.

 

Débora Nazário/Estagiária de Jornalismo Agecom/DGC/UFSC

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