Livro da EdUFSC denuncia manipulação opressora da indústria cultural
Ao recuperar o conteúdo de uma série de conferências sobre Filosofia da Arte e Estética, a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) presta um serviço essencial à filosofia, ao conhecimento, à memória e à cultura. O livro chama-se Café Filosófico – Estética e Filosofia da Arte e foi organizado pelos professores Celso Braida, Claudia Drucker e Jair Barboza. Os autores, a exemplo dos organizadores, integram o Departamento de Filosofia da UFSC. A exceção é Rodrigo Duarte, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O livro recupera o rico e inédito conteúdo das conferências e palestras apresentadas, em 2011, na Série Café Filosófico: Estética e Filosofia da Arte, que apontam as tendências percebidas hoje no panorama da filosofia acadêmica, não só no Brasil, mas no mundo. Contudo, o desafio maior da obra é “iniciar uma reflexão de modo local”, assinalam os organizadores. Embora tenham um viés na aldeia, os sete artigos não são descolados do contexto nacional ou do cenário global.
Rodrigo Duarte, por exemplo, analisa a transformação da indústria cultural clássica com o advento da tecnologia digital. O pesquisador sublinha que o seu uso e difusão continuam submetidos às mesmas pressões que governam as regras da indústria da área. Constata ainda que na indústria cultural digitalizada a coerção não se limita à recepção, mas se estende obrigatoriamente à emissão. Conclui que estamos, então, diante da “ininterrupta colonização dos intelectos das massas pela indústria cultural, que em breve completará um século de existência”.
Na sua essência manipuladora e opressora, a indústria cultural manteve a sua performance histórica . Ou seja, a sua lógica, governada pelo lucro, não foi interrompida nem parece estar ameaçada.
Os recursos de linguagem empregados por João Guimarães Rosa, autor de Sagarana, ocupam o centro das reflexões do pesquisador Jair Barboza. Conforme lembram os organizadores, o articulista acredita que a “concepção rosiana de linguagem é, sobretudo, anticonvencionalista, isto é, “as palavras não são rótulos colados às coisas pelo arbítrio humano”. A obra do autor de Grande Sertão: Veredas está carregada de filosofia, atesta o estudioso.
O livro da editora universitária discute e aprofunda o conceito de filosofia hermenêutica da arte de Gianni Vattimo, aproxima Schopenhauer da Escola de Frankfurt e recupera um momento crucial da carreira de Heidegger. “A consciência do fim iminente da guerra e da destruição alemã é o pano de fundo das considerações do filósofo, bem como a pergunta sobre o pós-guerra”, resume o professor Luiz Alberto Hebeche no artigo “Pensar e poetizar: sobre o último curso acadêmico de M. Heidegger”.
Os organizadores, ao final da apresentação do livro, fazem um agradecimento especial à antiga Secretaria de Cultura e Arte (Secart). Os Cafés Filosóficos foram mantidos na atual gestão da UFSC pela Secretaria de Cultura da universidade (Secult).
Mais informações com a EdUFSC: www.editora.ufsc.br / (48) 3721-9408
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Moacir Loth/Jornalista da Agecom/UFSC