GT propõe adesão parcial e gradual da UFSC ao Sisu

O presidente do GT responsável por debater as formas de ingresso na UFSC, Julian Borba, apresenta dados coletados durante o semestre. (Foto: Wagner Behr/Agecom)
A terceira reunião aberta do Grupo de Trabalho (GT) responsável por discutir formas de ingresso na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aconteceu nesta terça-feira, dia 25, e reuniu membros do GT, da Câmara de Graduação e da comunidade universitária em geral. Durante a reunião, o GT apresentou informações reunidas ao longo do semestre, e concluiu com um posicionamento favorável à adesão parcial e gradual ao Sistema Integrado de Seleção Unificada (Sisu). A proposta será levada à Câmara de Graduação, que decidirá sobre os encaminhamentos a serem adotados em 2015.
O GT, composto por representantes da Câmara de Graduação, existe formalmente desde setembro, no entanto reuniões e debates com a comunidade universitária sobre formas de ingresso já aconteceram em julho e no início de novembro. Intitulada “A UFSC e a questão da adesão ao Sisu: subsídios para a discussão”, a apresentação desta terça-feira foi conduzida pelo presidente do GT, o pró-reitor de Graduação Julian Borba, e reuniu as principais informações coletadas, discussões sobre o Sisu, características das instituições que já aderiram ao sistema, as políticas de Assistência Estudantil e uma análise do perfil do candidato ao Vestibular da UFSC.
“A proposta é, sim, de aderir ao Sisu. Nos parece inevitável e desejável, considerando as realidades das instituições e a nossa realidade. Propomos a adesão parcial e gradual, e a continuidade do debate sobre os testes de habilidades específicas. Temos ainda que nos perguntar e definir, no âmbito dos órgãos colegiados, qual o tipo de adesão parcial que queremos e quais critérios implantar, dentre outros questionamentos”, apresentou Borba.
Dentre as principais características do Sisu, Borba ressaltou as premissas de democratização do acesso às instituições públicas de ensino superior: o aluno pode concorrer, com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a vagas em cursos de graduação em instituições públicas de todo o país, sem precisar deslocar-se e com inscrição gratuita. Além disso, o Enem conta com grande abrangência, sendo aplicado em mais de 15,5 mil locais de prova e com 93% das universidades federais brasileiras já tendo optado pela adesão total ou parcial ao sistema.
Outra premissa do Sisu destacada pelo presidente do GT é a mobilidade acadêmica. A aplicação desse sistema também é condicionada ao que definem as instituições que aderirem, as quais podem determinar quais os cursos e o número de vagas que participarão do sistema. As políticas de ações afirmativas continuam asseguradas com o Sisu, que permite tanto a reserva de vagas de acordo com a Lei de Cotas (automática) quanto ações afirmativas próprias das instituições.
A maioria das universidades federais que já aderiram ao Sisu – 44 das 55 – tem 100% das vagas destinadas a esse tipo de ingresso. As outras 11 universidades aderiram apenas parcialmente. As universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Paraná (UFPR) reservam 30% de suas vagas para adesão por meio do Sisu. Conforme informado ao GT pela Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (SESU/MEC), as instituições recebem benefícios financeiros proporcionais à porcentagem de adesão, por meio do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). “Hoje a UFSC já conta com benefício de uma adesão parcial, por usar o Enem como parte da nota do Vestibular. Se tivéssemos mais de 50% do número de vagas com ingresso pelo Sisu, seria 75% de acréscimo nos valores de assistência estudantil, e como forma única e exclusiva seria um acréscimo de 100%”, exemplificou Borba.
Necessidades não contempladas
Uma solicitação de alguns cursos da UFSC – como Artes Cênicas e Letras LIBRAS – é a avaliação de habilidades específicas do candidato, algo que o Vestibular atualmente não contempla e que não seria atendida com o Sisu. Borba apontou que será feito, junto ao encaminhamento sobre a adesão, uma proposição para que o GT continue ativo em 2015 especialmente para discutir essa questão. “Pelas características do nosso atual sistema de ingresso, não conseguimos implantar esse tipo de teste. Com o Sisu, essa limitação permanece. Portanto, propomos que este GT continue trabalhando para identificar formas de ingresso que contemplem as necessidades”, disse Borba.
Outra questão que pode não ser solucionada apenas com a adesão ao Sisu seria o preenchimento de vagas ociosas. Segundo informou o presidente do GT, a cada Vestibular, restam cerca de mil vagas não preenchidas. “Trata-se de uma nova realidade, enfrentada por muitas universidades. É reflexo do processo de expansão das universidades públicas e a tendência é que esse problema persista. As universidades terão que lidar com essa questão, estudar novas formas de atrair os alunos. Mesmo após várias chamadas, e o lançamento de edital para as vagas ociosas, essas turmas não são preenchidas. De 2012 a 2014 o número de cursos que preenchem menos de 50% das vagas subiu de 3 para 8 cursos. Atualmente na UFSC temos em torno de 25 cursos que têm dificuldade de preenchimento nas vagas”, ressaltou.
Relatos das universidades convidadas pelo GT para debater a questão – a Universidade Federal da Fronteira Sul e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – apontam que as vagas ociosas continuam, mesmo com a adesão ao Sisu, e ainda que há um aumento na procura por candidatos de outros estados, principalmente nos cursos mais concorridos.
Dentre as questões centrais em torno do debate das formas de ingresso, o GT destacou que, apesar de constar no regimento da Universidade que o processo seletivo deve ser unificado, essa não é a realidade atual na UFSC, uma vez que já existem seleções específicas para cursos a distância, curso de Educação do Campo, Licenciatura Indígena, além do preenchimento de vagas remanescentes por meio do Enem. Além disso, ressaltaram-se as crescentes dificuldades no processo de gerenciamento do Vestibular e o incentivo do Ministério da Educação à migração para a seleção unificada nacional.
Após a apresentação, abriu-se a oportunidade de debate entre os presentes. Houve manifestações de dúvidas sobre a expansão das políticas de permanência, uma vez que espera-se um aumento no número de alunos de ações afirmativas e de outros estados. Outra questão levantada foram as vagas ociosas, especialmente nos campi da UFSC no interior.
Posicionaram-se, também, a coordenação dos cursos de Artes Cênicas e Letras LIBRAS sobre a necessidade de identificar habilidades específicas nos candidatos às vagas dos cursos. Outro assunto debatido foi a qualidade do Vestibular da UFSC, considerado superior ao Enem em alguns quesitos.
Mayra Cajueiro Warren
Jornalista / Diretoria-Geral de Comunicação
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