Wolfgang Schlüter e a atualização de Max Weber no CFH

Professor Schlüter falou no miniauditório do CFH, na segunda-feira, 22 de setembro. Foto: Pipo Quint/Agecom/UFSC
O professor alemão Wolfgang Schlüter esteve na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no começo desta semana; apresentou seminário no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) na tarde de segunda-feira, 22 de setembro, e participou de colóquio com estudantes de graduação e pós-graduação na manhã de terça-feira, 23. Os encontros fazem parte das comemorações dos 150 anos de nascimento do sociólogo, filósofo e economista alemão Max Weber.
Schlüter é considerado um dos principais especialistas na obra de Weber – principal defensor da relação entre o capitalismo e o protestantismo e da importância da ética religiosa no desenvolvimento das culturas oriental e ocidental – e, consequentemente, nos diferentes sistemas econômicos. Weber é apontado também como um dos fundadores do estudo sociológico moderno
Além de estudar a fundo a obra de Weber, Schlüter é um dos responsáveis pela sua atualização nas últimas décadas. Durante a palestra de segunda-feira, ele observou que o próprio Weber já falava da elaboração de novos conceitos quando o problema a ser estudado muda. “Não tem que ser dogmático. Weber não tinha ideia da autorreprodutibilidade do mercado financeiro, que hoje é fator fundamental no sistema de produção”, disse.
Ele falou das implicações contemporâneas do capitalismo e da produção, como descritos por Weber, e das discordâncias do filósofo em relação às obras de Karl Marx, Georg Simmel, Werner Sombart e Franz Brentano. Enumerou, entre os elementos de formação do capitalismo moderno, a apropriação dos meios de produção como propriedade privada; a separação entre propriedade e gerenciamento desses meios; e a utilização de trabalho formalmente livre, também crucial para a calculabilidade dos custos da mão de obra para o processo produtivo.
Respondendo às perguntas dos presentes, disse acreditar que a desigualdade tende a crescer na Europa, e, com ela, o dilema entre sistemas nacionalizados de bem-estar social e economia europeizada. As mudanças tecnológicas e de matrizes energéticas, ressaltou, tendem a ser determinantes. “O capitalismo requer crescimento constante, e Weber dizia que, para isso, há o limite do suprimento de energia para esse sistema econômico; mas ele pensava em carvão, não tinha noção de fontes como energia atômica e energia solar – assim, o capitalismo não tem esse limite”.
Os encontros com Schlüter foram promovidos pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, e as palestras – dedicadas ao estudo e ao sesquicentenário de Weber – continuam. Na última semana de novembro, a UFSC deve receber o também sociólogo alemão Gert Albert.
Fabio Bianchini/Jornalista da Agecom/DGC/UFSC
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Claudio Borrelli / Revisor de Textos da Agecom /DGC/ UFSC