Pacientes com neoplasias hematológicas apresentam processo inflamatório mediado pelas células Th1
Estudo desenvolvido entre novembro de 2012 e abril de 2013 no Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) , nível de mestrado, pela nutricionista Dayanne da Silva Borges Betiati, sob a orientação do professor Erasmo Benício Santos de Moraes Trindade, mostrou que há maior proporção de células Th1 em relação às Th2 em indivíduos com neoplasias hematológicas. Além disso, encontrou-se uma menor relação CD4+/CD8+ entre os indivíduos com linfomas, e uma maior proporção de células T CD8+ nesse grupo. Foi observado ainda que os valores de proteína C reativa apresentaram-se elevados, enquanto que houve uma discreta redução na concentração de albumina.
O estudo foi realizado em 16 pacientes – de ambos os sexos e idade média de 47 anos – com leucemias e linfomas, que foram atendidos no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC). A pesquisa contou com o apoio da equipe multidisciplinar do setor de Oncohematologia do HU-UFSC, Laboratório de Investigação de Doenças Crônicas (LIDoC) do Departamento de Fisiologia da UFSC, Laboratório Multiusuário de Estudos em Biologia (LAMEB)-I/ do Departamento de Ciências Biológicas da UFSC e Laboratório de Hematologia do Setor de Análises Clínicas do HU-UFSC.
Conforme descrito na literatura científica, as neoplasias hematológicas são aquelas originárias de células da linhagem hematopoiética (leucemias) e do sistema imunitário (mielomas e linfomas). Nas leucemias agudas, há alteração maligna na fase inicial do precursor hematopoiético, com manutenção da proliferação, porém com interrupção no processo de diferenciação, o que resulta em um acúmulo das células mieloides ou linfoides imaturas que irão substituir a medula óssea normal, levando à redução de hemácias, leucócitos e plaquetas. Quando o desenvolvimento neoplásico ocorre em precursores hematopoiéticos maduros, dá-se a essa condição o nome de leucemia crônica.
Os linfomas malignos surgem de proliferações clonais descontroladas dos linfócitos T e B, constituindo um grupo altamente diversificado de neoplasias. Outra doença neoplásica hematológica, caracterizada pelo acúmulo de células B maduras na medula óssea e superprodução de imunoglobulinas anormais, é conhecida como mieloma múltiplo. O desenvolvimento dessas neoplasias desencadeia o processo inflamatório, que, por sua vez, tem ações divergentes sobre o processo neoplásico. Enquanto uma população de células T pode apresentar atividade antitumoral, outra pode influenciar positivamente a atividade pró-tumoral.
A predominância das células Th1 observada nos pacientes participantes deste estudo sugere uma resposta inflamatória favorável do indivíduo com algum tipo de neoplasia.
Esta pesquisa descritiva serviu como base de um ensaio clínico randomizado, atualmente em curso, realizada com os pacientes do serviço de Oncohematologia do Hospital Universitário/ UFSC, quando se pretende observar o curso inflamatório durante o tratamento quimioterápico e o efeito da suplementação de óleo de peixe (fonte de ácidos graxos ômega-3) na imunomodulação desta resposta.
Mais informações: Dayanne da Silva Borges Betiati: nutridaybetiati@yahoo.com.br
Edição: Alita Diana/ Jornalista da Agecom/ Diretoria-Geral de Comunicação/UFSC
alita.diana@.ufsc.br
Revisão: Claudio Borrelli / Revisor de Textos da Agecom / Diretoria-Geral de Comunicação / UFSC
claudio.borrelli@ufsc.br