Colóquio internacional discute Programa Bolsa Família

20/08/2013 17:53

O Colóquio contou com a presença de estudantes, professores  e profissionais que atuam no Programa Bolsa Família em Florianópolis e Fortaleza. Foto: Wagner Behr/Agecom/UFSC

Nesta terça-feira, 20 de agosto, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) recebeu o 2º Colóquio Internacional sobre Programas de Transferência Condicionada de Renda no Contexto Brasileiro, focando o Programa Bolsa Família (PBF) e os estudos realizados pela rede de pesquisa entre UFSC e a Universidade de Lausanne (Unil), na Suíça.  O encontro ocorreu no Auditório do Departamento de Serviço Social, no Centro Socioeconômico (CSE), e contou com a presença de estudantes e professores de Ciências Sociais, Psicologia, Serviço Social e Antropologia, e de profissionais que atuam no Programa em Florianópolis e Fortaleza.

A socióloga Daniele Lopes Wohnlich, da UNIL, apresentou os estudos e as dificuldades de gestão do Programa em Fortaleza, enfocando também o debate sobre as relações de gênero das famílias carentes. “Foi a primeira vez que apresentei o meu trabalho em português para um público tão grande”, comenta Wohnlich. A pró-reitora de Pós-Graduação da UFSC, Joana Maria Pedro, endossou a importância do Colóquio para a Universidade. “Há sempre uma oportunidade de aprender com esses estudos desenvolvidos”, conta ela.

No período da tarde, a socióloga deu continuidade à apresentação de seus estudos. Com “Um olhar epistemológico sobre ‘gênero’ no Programa Bolsa Família”, baseada em textos que são clássicos na área como o da antropóloga Françoise Héritier, Daniele chegou à conclusão de que há quatro níveis diferentes de gênero. No primeiro nível é estudado o papel da mulher como provedora do lar, onde a mãe é a grade responsável por manter a família financeiramente. O nível dois é o binário mãe/pai em que se questiona a desigual valorização da figura feminina como heroína, batalhadora, e a do homem visto com o estereótipo de pai sem responsabilidade com as tarefas do lar e pouco preocupado com a família. No terceiro nível é apresentado como o PBF contribui com a mulher e suas tarefas domésticas. No quarto e último nível são realizados recortes para entender as relações de poder.

Segundo Daniele, as questões da regionalidade não são levadas em consideração no Programa. Essas demandas que não estão presentes podem prejudicar os beneficiados pelo PBF. Esclarece que não há quem mereça mais ou menos uma determinada quantia, porém, o valor da cesta básica, questões climáticas, e outros pontos, seriam uma forma mais correta de formular o valor a ser recebido pelas famílias em cada região brasileira.

A dissertação de mestrado da pedagoga Joana D’Arc Vaz também foi abordada na mesa-redonda do colóquio. “Bolsa Família: reflexões sobre a particularidade da educação” trata da educação como condicional para o recebimento do beneficio. A pedagoga utilizou documentos e dados do Banco Mundial (BM), Ministério da Educação (MEC) e de outros órgãos. Para o trabalho foram levantadas algumas hipóteses que ao final do estudo foram confirmadas. Uma delas é que o PBF foi criado com o objetivo de controlar a pobreza, não diminuí-la.

Joana D’Arc explica que a escolha da educação como condicionalidade para o programa se deve ao fato de ser vista como uma forma “salvacionista” da população. Porém, mesmo a educação afetando positivamente no Bolsa Família, isso não é sinônimo de que o ensino é de qualidade e as escolas estão em boas condições.

O Colóquio contou ainda com as palestras da assistente social Selma Ramalho de Paula, do aluno do Curso de Ciências Sociais da UFSC João Matheus Acosta, e da Psicóloga Lívia Espíndola Monte.

Mais informações: João Matheus Acosta Dallmann (Comissão Executiva) – (48) 9902-7015.

Beatriz Nedel Mendes de Aguiar e Andressa Prates / Estagiárias de Jornalismo na Agecom/ UFSC
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